Cercas de
construções na QL 2 do Lago Norte: a área, assim como a QL 12 do Lago Sul,
aparece como alvo prioritário no plano de remoção do Executivo local
Até agora, foram desobstruídos 39,2 mil m² de área pública, nas QLs 10 e
12, conhecidas como Península dos Ministros
A liberação da orla do Lago Paranoá continuará
nesta semana e, de acordo com cronograma da Agência de Fiscalização do Distrito
Federal (Agefis), o próximo alvo será a QL 2 do Lago Norte. A previsão é de que
a desobstrução por lá comece até quinta-feira. Até agora, foram desobstruídos
39,2 mil m² de área pública, nas QLs 10 e 12, conhecidas como Península dos
Ministros, onde seis terrenos de mansões — sem contar as que estão em terras da
União e das embaixadas — ainda passarão pelo processo de desobstrução. Na QL 2,
algumas mansões terão de recuar entre 10 e 12 metros, para que fiquem, no
mínimo, a 30m do Lago Paranoá.
Segundo a presidente-diretora da Agefis, Bruna Pinheiro, a próxima etapa
começará assim que a primeira área derrubada, a QL 12, for totalmente limpa. Na
manhã de ontem, equipes da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), da
Administração do Lago Sul e da Agefis foram até o local para começar o serviço.
Na última semana, na primeira fase de derrubadas, a Agefis removeu 1.549m de
cercas e alambrados, 150m de grade, 120m de balaústres (pequenas colunas
decorativas) de concreto, 40m de chapas metálicas e 15m de arrimo. A maior
parte do entulho foi retirada durante a semana passada e carregou 61 caminhões.
O restante, pedaços de cercas, de restos de entulho e muita vegetação, foi
retirado ontem. Vinte e dois homens participaram do mutirão, com dois tratores
e pelo menos cinco caminhões.
Ocupação
“O governo está determinado a proteger as áreas públicas. Nós esperamos que a
população entenda, pois estavam acostumados a invadir, mas não vamos mais
permitir”, analisou Bruna Pinheiro. De acordo com a diretora, as áreas serão
ocupadas aos poucos, conforme as etapas necessárias sejam vencidas. Bruna
afirmou que ficou com “medo” do que poderia acontecer no fim de semana, com as
programações anunciadas pela população para o local. “No caso do isoporzinho,
fiquei assustada quando vi que 13 mil pessoas tinham confirmado. Tivemos que
discutir como seria a melhor foram de administrar, e o Ibram optou pela visita
guiada, que foi bacana. As pessoas respeitaram e não entraram onde não podia”,
afirmou.
A liberação das áreas públicas só será feita após inventário ambiental do local
— e a população poderá participar. A primeira consulta à sociedade foi na
última quinta-feira. O Diálogos da Orla ocorreu na Administração do Lago Norte,
com representantes da população e do governo para discutir quais benfeitorias
públicas a margem do lago poderá receber. O próximo encontro está previsto para
3 de setembro, na Administração Regional do Lago Sul, a partir das 19h.
Pelo meio ambiente
Um
dos principais objetivos da desocupação da orla do Lago Paranoá é preservar o
meio ambiente da região ocupada irregularmente pelos moradores. A preocupação
junta-se à questão jurídica e urbanística. A região que circunda o espelho
d’água é ponto de refúgio de animais nativos e de espécies vegetais, que
precisam ser protegidos, mas estão sob constante ameaça da ação humana
desordenada. Após o encerramento das derrubadas, será a vez de mapear o que
está na área pública. Um inventário ambiental decidirá o que será mantido às
margens da Orla e deixado para uso da população. Qualquer dano que as
construções na região possam ter causado à flora e à fauna será recuperado.
Por: Camila Costa – Correio Braziliense – Foto: Edilson
Rodrigues/CB/D.A. Press