Leany Lemos, secretária de Planejamento
O que muda com a fusão das áreas de planejamento e gestão administrativa?
O que muda com a fusão das áreas de planejamento e gestão administrativa?
Teremos um enorme desafio de gerenciar
o cotidiano e, ao mesmo tempo, não perder o foco no longo prazo. Gerenciar ao
mesmo tempo contratos, pessoas, o orçamento, a captação de recursos e,
especialmente, a estratégia. Teremos uma estrutura mais enxuta, mas não
perderemos qualidade do trabalho. Há uma equipe valorosa na Secretaria. Será um
bom desafio, e fico feliz com a confiança do governador.
A junção das áreas vai transformá-la
em um dos nomes mais poderosos do governo. É preocupante virar um alvo de
pressão dentro do Buriti?
No meu entender, supersecretarias são a
de Educação, Saúde, Segurança Pública, Mobilidade, Infraestrutura. Elas cuidam
do que é o fim mesmo do Estado, ao servir diretamente à cidade e à população.
Os adjetivos podem variar, mas isso é o olhar do interlocutor, não o meu
pessoal ou o do governo. É subjetivo. Quanto à pressão, posso dizer o mesmo:
todo secretário é alvo de pressões, de diversas fontes ou intensidade. Há a
pressão interna que todos temos, de bem servir; há a pressão da rua; há a
pressão de interesses; há a pressão da mídia. Faz parte.
O corte de 20% dos comissionados
passará a ser responsabilidade da sua pasta. Vai ser possível cumprir a meta?
É preciso lembrar que o corte de 20%
nas despesas com cargos comissionados e funções de confiança é uma determinação
da Constituição Federal para os entes públicos que ultrapassarem os limites
estabelecidos pela LRF. O corte é, assim, responsabilidade de governo. Cada
Secretaria o fará dentro das possibilidades que permitirão seu bom
funcionamento e, ao mesmo tempo, dar-lhe mais eficiência. O papel da nossa
pasta é apontar diretrizes e, de certa forma, operacionalizar.
Teme virar alvo dos servidores
grevistas?
Entendo que as greves não são contra as
pessoas, mas representam a defesa de uma pauta específica, como em qualquer
democracia. E pautas podem ser conflitantes em alguns momentos, seja por
divergência de princípio, seja por impossibilidade de atender a demandas. No
momento, vivemos o segundo caso. Integro um governo que entende o papel de
movimentos sociais,de grupos organizados, dos sindicatos. E estamos abertos ao
diálogo, inclusive com a participação direta do próprio governador. Isso não é
a norma.
Acha que o governo vai conseguir
pagar os reajustes? Quando?
Colocar uma data, neste momento, seria
complicado — significaria fazer promessas sem condições efetivas de cumpri-las.
Quando houver recursos, os aumentos serão, certamente, concedidos. Não há dúvida
disso.
É possível cortar mais, ou o governo
já chegou ao limite?
O governo reduziu 49% de cargos de
livre provimento em janeiro, um total de 4.500 cargos. Economizamos mais
de 800 milhões em despesas discricionárias: reduzimos 90% do gasto com
publicidade, passagens, diárias. Devolvemos 654 veículos alugados,
reduzimos1,04 milhão de litros de combustível e 22,7 milhões em aluguéis. À
medida que seguimos, vai ficando mais difícil.
Quando o governo deve sair do limite
da LRF e voltar a contratar?
Por lei, nós temos dois quadrimestres
para baixar os gastos com pessoal e sair da LRF. Será o momento de avaliar. Mas
terá de ser uma das ações do governo, num ambiente equilibrado. Grande parte
dos servidores do quadro se aposentam nos próximos anos, e será preciso repor a
força de trabalho.
As perspectivas orçamentárias para
2016 são sombrias?
Sou uma pessoa otimista, embora saiba
que o contexto nacional não é favorável e o local sofrerá. Mas teremos uma casa
mais arrumada. Como diz o ditado — o único lugar onde sucesso vem antes do
trabalho é no dicionário. É continuar trabalhando duro. Vai dar tudo certo.
Fonte: Ana Maria Campos – Coluna “Eixo
Capital” – Correio Braziliense – Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press