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Ana Dubeux: Tributo a Moro, Janot & Cia

Por: Ana Dubeux

Foi difícil pra mim, pra você e pro Brasil. 2015 abriu feridas profundas, jogou nossa autoestima no ralo, sepultou de vez a inocência e deixou mais distante a ideia de que o país está evoluindo e não em franco retrocesso.

Apesar disso, reforçamos algumas teses: instituições sólidas e independentes são o caminho para o fortalecimento da democracia. Se há pouco o que comemorar por estarmos vivendo a mais profunda crise política, econômica e ética da nossa história, temos pessoas e setores importantes aos quais devemos dar o devido crédito.

O Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça — a tríade que congrega o grupo de trabalho responsável pelas investigações da Operação Lava-Jato e das outras que, ao longo dos últimos meses, apreenderam documentos, quebraram sigilos e prenderam empresários e políticos — nos deram motivos reais para comemorar. Nomes como o juiz Sérgio Moro e o procurador Rodrigo Janot e suas equipes não devem ser esquecidos. O fato de toda a lama podre da corrupção emergir é a primeira chance de começar a limpar a sujeira, salvar empresas públicas, depurar a classe política, conhecer de verdade o tamanho do rombo e reconhecer quão sério é o nosso problema. Portanto, sem essas instituições, estaríamos às escuras, ainda ignorantes sobre o peso da corrupção no país.

As investigações, as quebras de sigilo, as autorizações para vasculhar casas de figurões, as prisões por obstrução do trabalho da Justiça e as multas são mecanismos importantíssimos para garantir que crimes contra o país não caiam na vala comum da impunidade. Mas, além disso, há medidas preventivas. Uma delas é o investimento em educação. Desde a escola, deve-se aprender o respeito ao que é público, ao dinheiro arrecadado do contribuinte, às riquezas de um país que só não cresce porque há séculos tem o seu patrimônio surrupiado.

As 10 medidas contra a corrupção que compõem a campanha de iniciativa do Ministério Público Federal, citadas hoje em reportagem na editoria de Política, deveriam funcionar como uma cartilha para todos os cidadãos. O pacote inclui criminalizar os agentes públicos acusados de enriquecimento ilícito, aumentar as penas e considerar crime hediondo a corrupção de altos valores, além de acelerar as ações de improbidade, entre outros itens. Começar o ano assinando embaixo dessas medidas é se comprometer por um país melhor. Que 2016 chegue com ainda mais certeza de que tudo o que é imoral e ilegal venha à tona, doa em quem doer.



(*)Ana Dubeux  - Editora Chefe do Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google


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