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LAVA-JATO » Os caminhos da propina

Gim diz que pediu o indiciamento de Pessoa e alega inocência: "Nunca tratei sobre isso. Nunca recebi nada"


Pessoa: presidente da UTC também detalhou à PF o esquema

Depoimento de delação premiada do diretor financeiro da empreiteira UTC, Walmir Pinheiro Santana, prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR) no início de agosto, reforça a linha de investigação da Lava-Jato e aponta para o ex-senador Gim Argello. Walmir afirmou que, em 2014, o político, que era vice-presidente da CPMI da Petrobras, costurou um acordo para evitar que o dono da UTC, Ricardo Pessoa, fosse convocado pelo colegiado. Em troca, Gim teria recebido e distribuído R$ 5 milhões para DEM, PMN, PRTB e PR. A CPMI chegou ao seu fim sem que nenhum empreiteiro envolvido no esquema de corrupção da Petrobras tivesse sido ouvido.

Walmir contou aos procuradores da República que “os pagamentos vieram dos recursos da UTC e foram adequadamente contabilizados”. Ele detalhou que foram pagos R$ 1,7 milhão em favor do DEM; R$ 1 milhão para o PR; R$ 1,15 milhão ao PMN e a mesma quantia para o PRTB. Disse também que recebeu a totalidade dos recibos eleitorais referentes às doações.

Logo no início do depoimento, o delator explica que, “no início do mês de julho de 2014, Ricardo Pessoa se aproximou dele e afirmou ter chegado a um acordo com Gim Argello no sentido de que ele, Ricardo Pessoa, fosse blindado em relação à CPMI, que, em contrapartida, teriam que fazer doações no valor de R$ 5 milhões a pessoas que Gim Argello indicaria.

Na delação, Walmir explica que o dono da UTC disse que “seria procurado por uma pessoa de nome Paulo Roxo, que teria maiores instruções de como proceder”.

Em agosto, Ricardo Pessoa, também havia detalhado o esquema citando Gim. Ele afirmou que parte do dinheiro destinado à propina por proteção na CPMI da Petrobras teria sido paga ao político. Gim, por sua vez, teria distribuído a verba a, ao menos, seis campanhas no DF, de acordo com o depoimento de Pessoa. Pelo menos R$ 3,5 milhões, segundo o delator, foram usados por Gim para apoiar seis candidatos no DF.

A defesa
Ontem, Gim Argello voltou a alegar inocência. “Nós, da CPMI, pedimos o indiciamento de Ricardo Pessoa. Nunca tratei sobre isso. Ele doava para muita gente, sempre para quem tava em primeiro. Nunca recebi nada”, afirmou. Questionado porque os empreiteiros não prestaram depoimento no colegiado, o ex-senador afirmou que, naquele momento, ainda não estava clara a participação deles. “Depois, foram todos presos”, disse.

O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), declarou que a revelação do delator não faz o menor sentido. “Pelo que li, Gim Argello teria evitado a ida de Ricardo Pessoa. Como presidente do partido, nunca Gim teve entendimento comigo sobre este assunto. Ele era governo e nós sempre fomos oposição.” Ele salientou que o DEM tinha deputados bastante atuantes no colegiado. O diretório nacional do DEM recebeu, em 2014, R$ 1 milhão da UTC por meio de doações homologadas pelo TSE.

O PRTB afirmou que a candidata Liliane Roriz, atual deputada distrital, recebeu doações por meio do diretório da sigla no Distrito Federal. O PMN alegou que os recursos foram destinados diretamente à direção da sigla no DF. O PR não comentou o assunto.

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró conseguiram autorização da Justiça para passar o Natal e o ano-novo com a família. Os dois, que estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, saem amanhã e retornam em 2 de janeiro. Agentes da PF os acompanharão durante este período. A dupla vai usar tornozeleira eletrônica.


Fonte: João Valadares – Correio Braziliense – Fotos: Wilson Dias-Agência Brasil

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