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Esplendor em verde e amarelo - À falta de Sol, a floração dos Cambuís que ocorre entre dezembro e fevereiro ajuda a alegrar a paisagem das asas Sul e Norte

À falta de Sol, a floração dos cambuís que ocorre entre dezembro e fevereirajuda a alegrar a paisagem das asas Sul e Norte

Chuva que vai e vem, céu cinza e eventuais trovoadas. Não se pode contar com o Sol para alegrar as paisagens de Brasília no começo do ano. Sobra para a vegetação, que cumpre bem a tarefa, mesmo à falta dos ipês e flamboyants. Por sorte, nem só de árvores de clima seco vive a flora brasiliense. Os cambuís, cientificamente conhecidos como Peltophorum dubium, são responsáveis por colorir a cidade na época das chuvas.

Graças a eles, quem anda pelas ruas de pelo menos 30 das 127 superquadras de Brasília, nesta época do ano, se depara com um tapete de pétalas amarelas forrando as calçadas. As flores, que caem do topo de árvores enormes, voam e se instalam nos cabelos, roupas e sapatos dos pedestres. Na chuva, elas acabam grudando nos parabrisas dos carros que estacionam embaixo das árvores, em busca de sombra, caso o sol saia repentinamente — como acontece com frequência em Brasília, capital do clima instável.

“Não é ipê?”, indaga Deijanilde Falcão, 50 anos, funcionária da Escola Classe 415 Norte, enquanto observa a árvore gigante, coberta de flores, que tem chamado a atenção de alunos, pais e professores. Apesar da floração parecida, do ponto de vista científico, as duas espécies têm pouco em comum. A começar pela altura. “Os cambuís podem ultrapassar os 25 metros, sendo mais altos até que alguns prédios da cidade”, comenta o chefe do Departamento de Parques e Jardins da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), Rômulo Ervilha.

Entre dezembro e fevereiro, 884 deles florescem pelas asas Norte e Sul, de acordo com levantamento do órgão. Embora a dúvida a respeito do nome seja frequente, há consenso sobre a beleza da árvore: “É a mais bonita da região. Adoro quando as flores aparecem, porque elas embelezam a quadra e enfeitam a cidade”, comenta Deijanilde, que trabalha na escola há seis anos. “É uma das plantas que mais chamam a atenção por aqui. Quem passa sempre comenta, pega o celular e tira uma foto”, concorda Aderaldo Ferreira, 45 anos, zelador de um bloco na Asa Norte desde que tinha 25. “Sempre fez sucesso”, garante.
Júlia e Lucas, filhos de Sylvia Daltro, se divertem na época em que aparecem as flores dos cambuís: Para eles, é mágico quando caem as pétalas


Simples de cultivar
Como grande parte dos brasilienses, as mudas da árvore vieram de várias localidades do Brasil, logo no começo da construção da capital, na década de 1960. “Trouxeram mudas de Belo Horizonte, Goiânia, Anápolis”, enumera Ervilha. Desde então, o cambuí foi uma das espécies mais plantadas nas quadras, avenidas e parques da cidade. “Ele germina fácil e é simples de cultivar. Sem contar que o potencial para paisagismo é excelente, porque fica muito bonito quando floresce”, explica o engenheiro florestal Irving Silveira.

É difícil encontrar alguém que ignore a presença imponente das árvores queridinhas dos moradores das superquadras. “Os vizinhos colocam até orquídeas nos caules delas, nesta época, para crescerem juntos”, conta a administradora Sylvia Daltro, 30 anos, moradora da Asa Norte. Os filhos, os gêmeos Lucas e Júlia, de quatro anos, se divertem na época de floração. “Para eles, é mágico quando caem as pétalas. Eles se sentem no filme do Peter Pan, acham que podem voar”, brinca a mãe.

As crianças não são as únicas admiradoras da árvore. Quando percebeu uma movimentação atípica ao redor dos cambuís, a vizinha Paula Castro, 36 anos, se preocupou. “Estão pensando em derrubá-los?”, perguntou a consultora de marketing. Aliviada com a negativa, desabafou: “São essas árvores que tornam a quadra bonita. É ótimo abrir a janela e dar de cara com os cambuís florescendo”, diz. Se algum for derrubado, ela não tem dúvida: vai ter protesto.

Raio X
Nome científico
Peltophorum dubium   

Família
Fabaceae Caesalpinioidae

Nomes populares
cambuí, faveiro, sobrasil, canafístula.
Origem: Mata Atlântica.

Ocorrência
no Brasil, pode ser encontrada de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul.  Comum na caatinga e em matas secas.

Características
Árvore de médio a grande porte, 15 a 25m. Flores em cacho, normalmente voltado para cima, amarela. Fruto vagem achatada de 6 a 8 cm, marrom claro. Durante o inverno, fica completamente seca, sem
folhas ou flores.

Utilização
a madeira, bastante dura, é usada na marcenaria, na confecção de cabos de martelos e na construção civil. Os ramos costumam ser usados em paisagismo urbano, por se adaptarem bem aos climas e solos. O chá da casca é considerado contraceptivo, segundo estudos da Universidade de Brasília (UnB).



Fonte: Alessandra Azevedo - Especial para o Correio – Fotos: Breno Fortes/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


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