Tempestade à vista
As manifestações em Brasília têm sido até agora um mar calmo, com ondas,
mas sem grandes estragos. Mas a correnteza vai mudar e há risco de tempestade.
Na quinta-feira, 31 de março, os dois lados da crise política prometem ir às
ruas, numa data emblemática, o aniversário do golpe militar de 1964. Para
tentar reduzir o risco de confrontos, a Secretaria de Segurança Pública e Paz
Social tem reuniões com líderes dos dois movimentos nesta segunda-feira, para
abrir o diálogo e organizar o campo de guerra.
Interlocução
federal
O tsunami
maior, no entanto, na Esplanada dos Ministérios deve ocorrer em meados de
abril, no dia em que a Câmara dos Deputados votar o afastamento da presidente
Dilma Rousseff. A tendência hoje é que a cassação seja aprovada em plenário.
Petistas não vão aceitar passivamente. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB)
está bem preocupado com o que está por vir. Para conter possíveis bombas, ele
busca um diálogo maior com a área de inteligência do governo federal.
Na porta
de Barroso
O
presidente da comissão do impeachment na Câmara dos Deputados, Rogério Rosso
(PSD), vai amanhã ao Supremo Tribunal Federal (STF) para audiência no gabinete
de Luís Roberto Barroso. O ministro deu o voto vencedor no julgamento sobre o
rito do processo que pode levar à cassação do mandato da presidente Dilma
Rousseff. Trata-se de uma visita agora, para evitar problemas depois. A maior
preocupação de Rosso é impedir a judicialização do debate político com
paralisações determinadas pelo STF, a pedido da defesa. Por isso, ele quer ajustar
o trâmite às regras constitucionais. Rosso vai ao Supremo acompanhado do
relator da comissão do impeachment, Jovair Arantes (PTB-GO).
Caminhos
separados
Justamente
para evitar a recontagem dos prazos, o novo pedido de impeachment que chega
amanhã ao Congresso, protocolado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), não
deve ser juntado ao processo, já em andamento, que trata das pedaladas fiscais
da presidente da República. Foi o que aconteceu na semana passada quando
Rogério Rosso voltou atrás na intenção de juntar a delação premiada do senador
Delcídio do Amaral ao caso atual em discussão.
Presidência
A
depender da condução dos trabalhos na comissão de impeachment, o deputado
Rogério Rosso (PSD-DF) pode se tornar nome de consenso para a presidência da
Câmara dos Deputados no biênio 2017/2018.
Sem
lançamento oficial
As quatro
referências a pagamentos ao ex-governador Agnelo Queiroz (PT) na superplanilha
da Odebrecht, que vazou da Operação Lava-Jato, não constam da prestação de
contas do petista das campanhas de 2010 e de 2014. O advogado do petista, Paulo
Guimarães, diz que não haverá nenhum comentário sobre o assunto até ter acesso
a todas as informações sobre a investigação.
Número do
PMDB
Na
planilha da Odebrecht que lista R$ 240 mil em pagamentos a Agnelo, aparece,
para depósito, uma conta do Banco do Brasil com o sugestivo número 1515-6.
Marca registrada do PMDB.
Fonte:
Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Correio Braziliense –
Foto/Ilustração: Blog - Google