Visita ao Começo de Tudo
Muitos brasileiros e brasilienses não sabem que o
projeto de Brasília começou a tomar forma exatamente quando os candangos e os
que dirigiam as obras de construção da cidade se instalaram, a partir de 1956,
na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante, e que, ao lado da Cidade Livre, seria
erguido o primeiro hospital do Distrito Federal, que levaria o nome de Hospital
Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO). Pois este antigo hospital de madeira
provisória como tudo que se construiu para servir de suporte ao surgimento de
Brasília, é hoje o mesmo local em que está instalado o Museu Vivo da Memória
Candanga. O MVMC é o mais completo conjunto arquitetônico todo em madeira a
lembrar aqueles anos pioneiros e, para nós todos, anos heróicos. Não bastasse
essa referência, de núcleo original do patrimônio histórico do Distrito
Federal, o MVMC tornou-se também um importante centro de referências para a
transmissão dos chamados saberes e fazeres que dão testemunho da inteligência e
da criatividade das diferentes manifestações artísticas regionais que aqui
vieram preparar uma nova síntese da cultura brasileira. Hoje, o Museu Vivo da
Memória Candanga é a menina-dos-olhos da história de Brasília e o coração onde
pulsam os ideais da educação patrimonial e da melhor convivência entre
pioneiros e as novas gerações de brasilienses.
O Primeiro Hospital
Construído em apenas 60 dias e inaugurado em 06 de
julho de 1957, o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira foi o primeiro
hospital a funcionar na cidade. Órgão de assistência médico-hospitalar do IAPI
(Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários) no Distrito Federal,
inicialmente, prestou serviços aos trabalhadores da construção civil. Seus
1.265 m² de área edificada em madeira, abrigavam ambulatório, centro cirúrgico,
serviços gerais, administração, residência para médicos e funcionários com
famílias e alojamentos para solteiros. A parte hospitalar, que funcionava 24
horas por dia, continha 50 leitos, oito enfermarias dispostas em duas alas
divididas em feminina e masculina, duas salas cirúrgicas, aparelhos de raio-x,
laboratório de análise clínica, sala de ortopedia, maternidade, berçário,
farmácia e gabinete dentário com raio-x. O primeiro diretor foi o médico goiano
Edson Porto. Localizado entre os três principais acampamentos migratórios de
pioneiros - Cidade Livre (Núcleo Bandeirante), Lonalândia (Candangolândia) e
Invasão do IAPI, o HJKO, esteve em atividade até 1968. Com a inauguração do
Hospital Distrital, no Plano Piloto, em 1960, o HJKO entrou em lento declínio.
A partir de 1968, passou a funcionar somente como posto de saúde atendendo aos
moradores do Núcleo Bandeirante e das invasões circunvizinhas ao hospital. Em
1974, o HJKO foi totalmente desativado com a implantação dos serviços de saúde
no Núcleo Bandeirante. Contudo, permaneceram habitando a área, em situação
irregular, muitos ex-funcionários do hospital e outras famílias que foram
agregando-se à população da área.
Tombamento e Restauro
Em 1983, ocorrem tentativas de desocupação e
demolição das edificações por parte do IAPAS (Instituto de Administração
Financeira da Previdência e Assistência Social), então proprietário da área. As
casas já estavam bastante deterioradas. Acontece, então, um período de intensos
protestos e organização comunitária em favor do tombamento do espaço. Em 13 de
novembro de 1985, o conjunto arquitetônico do HJKO foi tombado pelo DEPHA –
Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Estado de Cultura
do GDF, através do decreto número 9.036, sendo considerado Patrimônio Histórico
e Artístico da cidade. Os moradores foram transferidos para a Candangolândia.
Nesta perspectiva, foram projetadas intervenções no espaço físico, cujos
critérios objetivaram conciliar as novas necessidades de utilização do espaço
com a preservação dos elementos essenciais da tipologia construtiva das obras
da fase inicial da construção de Brasília. Em 1986 iniciou-se o processo de
restauração das edificações que compõem o conjunto do HJKO. Foram restauradas
sete das oito casas da alameda originalmente utilizadas como residência de
médicos, quatro dos sete galpões de alojamento e de serviços, e a edificação
que abrigava o atendimento hospitalar e ambulatorial. A partir do restauro das
edificações, inicia-se a implementação de ações com vistas à implantação do
Museu Vivo da Memória Candanga e das Oficinas do Saber Fazer, no espaço do
conjunto do HJKO.
O Museu Vivo da Memória Candanga
Topograficamente situado num platô privilegiado da
região administrativa do Núcleo Bandeirante, o Museu Vivo da Memória Candanga é
formado por 18 edificações originais do conjunto HJKO. Em 26 de abril de 1990,
o Museu foi inaugurado, depois de minucioso trabalho de restauro feito por
arquitetos, engenheiros, antropólogos e técnicos. Espaço de registro,
preservação e difusão da história e da cultura candanga, o Museu Vivo da
Memória Candanga, no cumprimento de seu papel social, propõe e realiza ações,
participando da educação e da formação de crianças, jovens e adultos em
diferentes programas. A instituição Museu é, portanto, compreendida como um
espaço de transformação social e de desenvolvimento educacional e cultural da
sociedade, com a função de resguardar identidades, estabelecer vínculos com o passado,
fazer conhecer o presente. Duas vertentes norteiam os rumos do MVMC: a do
patrimônio histórico-cultural, com o resgate do processo histórico e da memória
sócio-cultural e a vertente da cultura em processo, incentivando a troca entre
os diversos saberes e o desenvolvimento e aprimoramento do fazer. O MVMC é
formado por espaço para oficinas, restaurante, administração, reserva técnica,
auditório, sala de exposições temporárias e de longa duração, exposição de arte
popular e artesanato, espaço para apresentações artísticas e eventos,
Biblioteca, Telecentro, além do amplo bosque reservado como área de lazer.
O cruzamento dos eixos norte-sul, leste–oeste,
expresso no risco original de Brasília, marcou não somente uma nova etapa de
desbravamento do território nacional como fez desta cidade o nó que atou
politicamente o Brasil, integrando suas múltiplas manifestações culturais.
Para cá afluíram nordestinos, nortistas, mineiros,
cariocas, enfim, brasileiros que trouxeram consigo, além da esperança de um
futuro promissor, a bagagem cultural fruto de sua vivência de origem.
A instalação provisória desses migrantes determinou
o início de um fenômeno de congraçamento nacional, fazendo dos próprios
acampamentos pioneiros os focos primeiros da construção de um futuro
multicultural. O maior e mais importante desses assentamentos, embrião da nova
capital, foi a Cidade Livre - ou Núcleo Bandeirante. E, nas proximidades deste
núcleo, instalou-se o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO),
posteriormente transformado no Museu Vivo da Memória Candanga (MVMC), com sua
Alameda de casas de madeiras coloridas, feitio de cidade do interior, e um
bosque de árvores frutíferas que aconchega o visitante protegendo-o do sol, do
descampado e do concreto da cidade.
O acervo do Museu é composto pelas edificações
históricas, peças, objetos e fotos da época da construção da nova capital,
distribuído pela exposição permanente “Poeira, Lona e Concreto”, que narra a
história de Brasília desde os primórdios de sua construção até sua inauguração
em 1960. São fotos de Mário Moreira Fontenelle (primeiro fotógrafo oficial de
Brasília), Peter Scheir e Joaquim Paiva; ambientações do Brasília Palace Hotel
e do HJKO. Fazem parte do acervo também, peças de artesanato e arte popular,
integrantes da “Casa do Mestre Popular” e da exposição
“Renovação e Tradição –
Novos Caminhos”.
O Museu conta ainda, com as “Oficinas do Saber
Fazer”, que, com a incumbência de registrar, difundir e recriar os saberes e
modos de vidas diversos dos que aqui se encontraram para construir a cidade
oferece oficinas de artesanato e arte popular a comunidade em geral. Todo
semestre, o Museu realiza oficinas gratuitas nas Oficinas do Saber Fazer, como
forma de tornar mais vivo suas ações.
Museu Vivo da Memória Candanga
Via EPIA Sul, SPMS, Lote D - Núcleo Bandeirante -
DF CEP: 71.735-000
Horário de visitação: De segunda feira a sábado,
das 9h às 17h
Telefone/ FAX: (61) 3301-3590
E-mail: mvmc1990@gmail.com
Telefone/ FAX: (61) 3301-3590
E-mail: mvmc1990@gmail.com