Bart Simpson procurou um viés diferente no documentário: depoimentos
atuais
"Coprodução internacional assinada por Bart Simpson mostra o cotidiano
dos moradores do Distrito Federal"
Brasília, vida depois do design é um documentário dirigido pelo cineasta
Bart Simpson. O longa-metragem é uma coprodução entre Brasil, Canadá e Escócia
e mostra a vida de moradores do Distrito Federal e os conflitos que Brasília,
planejada para 500 mil habitantes, enfrenta. Entre os moradores que têm as
vidas retratadas estão anônimos e personalidades, como a cantora Ellen Oléria,
o poeta Nicolas Behr, a designer Gabriela Bilá e o vendedor ambulante Willians
Palma.
O
primeiro contato de Simpson com a capital federal foi em 2004, quando The
corporation, filme que produziu, participou do Festival Internacional de Cinema
de Brasília (FicBrasília). “Era a minha primeira vez no Brasil. Fiquei
fascinado pela natureza do plano urbanístico de Brasília. Muitos e muitos
filmes foram produzidos sobre o tema”, conta o cineasta. Antes de começar as
filmagens, Bart pesquisou outros documentários que retratassem a história da
cidade e procurou fugir da abordagem que a maioria tinha.
“Em 2010
descobri que a maioria eram documentários baseados em entrevistas ocorridas há
muitos anos. Como estrangeiro, estava interessado em descobrir como é se sentir
vivendo em Brasília nos dias atuais”, revela Simpson. O modelo adotado por ele
foi o do cinema direto, no qual os envolvidos com as gravações não interferem
na realidade que estão registrando. “Esse é um modo mais íntimo de se fazer
cinema”, afirma.
Miscigenação
Os
personagens que fazem parte de Brasília, vida depois do design ajudam a contar
um pouco sobre a miscigenação cultural que forma a capital federal. Uma delas é
a designer e arquiteta Gabriela Bilá, autora do livro O novo guia de Brasília,
que reúne fotos e textos sobre a cidade. No documentário, ela fala sobre as
curvas da cidade, que têm relação direta com a profissão de Gabriela.
“Bart me
procurou por conta do guia que eu fiz. Estava fazendo a catalogação das cores
de Brasília”, conta Gabriela. A arquiteta revela que a paixão pelo design da
capital a influenciou na escolha da carreira. “Brasília é uma cidade que
influencia completamente. Toda cidade tem isso, mas aqui é mais forte”,
comenta.
O
produtor conta que a escolha dos personagens representa o jeito como a cidade
foi dividida desde o principio: os setores de trabalho, setores habitacionais e
setores destinados ao lazer. “É impossível fazer um filme que represente todas
as facetas da cidade, mas acredito que reunimos um grupo de pessoas que podem
mostrar algumas das questões contemporâneas de Brasília versus as intenções
originais com que ela foi construída”, ressalta.
Para
realizar o projeto o cineasta morou por quatro meses em Brasília, período em
que começou a receber as pequenas nuances das relações na cidade. Bart afirma
que o documentário é diferente de tudo que já fez na vida e que representa uma
grande guinada em sua carreira.
“Sempre
trabalhei em filmes onde a entrevista era a principal forma de guiar a
narrativa. Desta vez optei por trabalhar com o cinema direto. Os personagens
guiam a narrativa em meio e esse é um caminho que me parece mais interessante
até o momento” completa.
A
produtora Olho de Gato Filmes também ajudou a realizar as filmagens. Esta é a
segunda vez que a empresa se dedica à produção de um filme sobre a capital. A
primeiro foi no longa Plano B, dirigido por Getsemane Silva, considerado o
melhor longa da Mostra Brasília do 46º Festival de Brasília do Cinema
Brasileiro. Silva foi convidado por Bart para ser produtor executivo do filme
no Brasil.
“É
interessante porque Brasília é uma cidade muito desenhada e vira quase um mito.
As pessoas imaginam como ela seria e os personagens dizem que é uma cidade como
outra qualquer”, conta o produtor executivo local. A previsão é de que o filme
seja lançado entre setembro e dezembro deste ano. A produção também deve ser
transmitida pelo canal canadense Documentary Channel.
Fonte: Correio
Braziliense – Foto: Cícero Bezerra-Divulgação