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Gim Argello fica mais 15 dias preso

Ex-senador pelo Distrito Federal é acusado de receber propina para proteger empreiteiras

Para fontes de Curitiba, ao permanecer outras duas semanas atrás das grades, Gim Argello estará sob forte pressão para fechar um acordo de colaboração premiada. Advogado do ex-senador, porém, nega que a delação venha sendo negociada

A juíza substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba, Gabriela Hardt, determinou que a Polícia Federal conclua em até 15 dias o inquérito contra o ex-senador Gim Argello (PTB-DF), suspeito de obter doações eleitorais em contrapartida à blindagem de empreiteiros em duas CPIs da Petrobras. Ontem, a magistrada que substitui Sérgio Moro, em viagem aos Estados Unidos, atendeu pedido da corporação para obter mais tempo a fim de concluir tarefas na investigação. Nesta quarta-feira, Gim completa 15 dias de prisão.

“Notório que o caso, integrante da assim denominada Operação Lava-Jato, reveste-se de certa complexidade”, justificou Gabriela ao determinar a continuidade do inquérito, sigiloso. “Foram cumpridos, ainda, por ordem do Juízo Titular, e a pedido da PF e do MPF, dezenas de mandados de busca e apreensão, na data de 12 de abril de 2016, data da deflagração desta operação. Razoável, então, não ter havido tempo hábil para a análise de todo o material apreendido.”

Para fontes de Curitiba, ao permanecer mais 15 dias preso, Gim fica ainda mais sob pressão para fechar um acordo de colaboração premiada. Porém, ontem, seu advogado, Marcelo Bessa, negou que o ex-senador venha negociando isso. Advogados no Paraná, porém, afirmam que Gim deseja tentar um acordo, apesar da resistência de seu defensor. Não está certo se o Ministério Público tem interesse ou deve aceitar essa iniciativa de delação.

Apesar de negar que o ex-senador tenha cometido qualquer crime, Bessa mencionou, em habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que seu cliente não poderia ter blindado, sozinho, a convocação de empreiteiros, como Ricardo Pessoa, da UTC, e Leo Pinheiro, da OAS. “Não seria minimamente razoável que Gim Argello tivesse de fato poder de obstar requerimentos de convocação de Ricardo Pessoa ou de qualquer outro dirigente de empreiteiras, pois apenas era um integrante das CPIs, formadas por inúmeros outros parlamentares, de sorte que representante de um único voto, insuficiente, por óbvio, para impedir ou mesmo dificultar fosse este ou aquele convocado a depor”, disse ele em petição de 19 de abril, que ainda será julgada pelo tribunal. Gim era vice-presidente da CPI mista da Petrobras criada em 2014 e membro da CPI do Senado que apurava o mesmo tema à época.

Em uma petição a Sérgio Moro, Bessa destaca que o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) afirmou que quatro parlamentares chantageavam empreiteiros: Gim, o relator da CPI mista, deputado Marco Maia (PT-RS), o presidente do colegiado, o então senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o deputado Fernando Francishini (SD-PR). “Em sua delação, quanto à pessoa de Gim Argello, o delator faz menção ao mesmo fato outrora descrito pelos demais delatores, embora não seja verdadeiro, e, vai além, inclui também como partícipes do suposto ato 2 (dois) deputados federais e um atual ministro do Tribunal de Contas da União”, disse ele em de 4 de abril.

Bessa afirmou ontem, em entrevista ao Correio, que não estava passando “recado” para ninguém. E voltou a dizer que não existe sequer o desejo, dele e de Gim, de fazer colaboração premiada.

"Notório que o caso, integrante da Operação Lava-Jato, reveste-se de certa complexidade. Razoável, então, não ter havido tempo hábil para a análise de todo o material apreendido”
(Gabriela Hardt, juíza substituta)


Fonte: Eduardo Militão – Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense

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