Às vezes, e cada vez com mais frequência, sinto
vergonha alheia. Daquele cara que chama Cunha de Ladrão, e Dirceu de guerreiro
do povo brasileiro. São iguaizinhos: apenas um se diz de esquerda, e o outro é
de direita. Daquele cara que acha o PT o suprassumo da ética, e o PMDB um antro
de pilantras. Ora, peemedebistas são apenas sócios minoritários de petistas no
esquema. Daquele cara que, no discurso, faz a defesa enfática dos gays. Mas, na
prática, acha normal que Cuba trate a homossexualidade como desvio de conduta,
que o Irã — do nosso amigo Ahmadinejad — mande executar pessoas apenas pelo
fato de elas não serem héteros ou, como fazia Stalin, que os persiga, humilhe e
envie para campos de trabalho forçados na Sibéria.
Quando vejo o PT e o governo enfiados na lama, e o risco — ou a maldição
de ver o PMDB como substituto no Planalto —, eu me envergonho. Não há opção ou
salvação à vista para o Brasil. “Meu Deus!” — como bem disse Barroso — “Essa é
a nossa alternativa de poder?” Em qualquer lugar decente do mundo, esse governo
já teria acabado e haveria muita gente graúda na cadeia. Num gesto que exige
coragem e grandeza, Dilma já deveria ter pedido perdão pelo desastroso mandato,
proposto um pacto político — com renúncia e entrega do poder a uma
administração provisória que assumisse o compromisso de preservar as
investigações da Lava-Jato — e defendido novas eleições. Mas falta-lhe
humildade para tanto. E, talvez, já não haja tempo para isso.
É dentro desse contexto que o mal menor é o impeachment. Depois de
Dilma, viria a vez de a sociedade pedir o “Fora, Temer”. Uma coisa de cada vez.
Afinal, 99% dos mais de 3 milhões de brasileiros que foram às ruas repudiar
Dilma, Lula e o PT, na maior manifestação da história do país, também
rechaçaram Cunha e não se deixaram manipular por qualquer outro partido. Além
do impeachment, a única unanimidade era a defesa do juiz Sérgio Moro, que vão
acabar prendendo porque tem coragem de agir como deve agir um magistrado de
verdade, e as investigações da Lava-Jato.
Aí, me perguntam: “Mas por que você só bate no PT?” Eu respondo: porque
o PMDB nunca me enganou. Nunca recebeu meu voto. O PT, sim. E o troco pelos
votos que eu e milhões de brasileiros demos no partido foi o estelionato
eleitoral. Em vez da ética na política, o que se viu e se vê hoje é tentativa
de alçar corruptos à categoria de heróis. “Mas tem o Bolsa Família...”, dizem.
Tem sim. Mas também bolsa banqueiro, bolsa empreiteiro, bolsa empresário...
Nunca me esqueço do Bicudo, um dos fundadores do PT, contando estupefato o dia
em que Dirceu lhe disse qual seria a utilidade do Bolsa Família no Brasil. “São
mais de 40 milhões de votos.” O depoimento do jurista, que assina o pedido de
impeachment, pode ser visto na internet.
Por: Plácido Fernandes Vieira – Correio Braziliense
– Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google
parabéns belo texto. BRASIL um país sem ordem e sem progresso onde o maior culpado é o povo que vende seu voto ou vota no político só pq no tempo de política ajudou alguém. Um pais onde o povo vende seu voto e depois vai chamar políticos de corruptos. Quem muda um país é o povo e quem muda o povo é o dinheiro que é usado para comprar seu voto no tempo de eleição". O país muda se o povo quiser mudar ele. ESSE E MEU PAIS sem ordem e sem progresso.
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