Arthur toca violino; Damon,
violoncelo: dois meses estudando em Roma
"Professores do Instituto
Reciclando Sons, jovens vão para a Itália como bolsistas de uma das mais
renomadas academias do mundo"
Um dia antes de embarcar para São
Paulo, a ansiedade toma conta de Damon Eric Pacheco, 19 anos, e Arthur Douglas
dos Anjos, 23. Os jovens, do Instituto Reciclando Sons (IRS), seguem amanhã até
a capital paulista para receber, oficialmente, uma bolsa de estudos de música
clássica. Mas o destino final dessa viagem é Roma, capital da Itália, onde eles
vão morar por dois meses para estudar e aperfeiçoar técnicas e habilidades
instrumentais na Orquestra da Accademia Nazionale di Santa Cecilia. Fundada em
1585, a instituição é uma das mais antigas do mundo.
Arthur e Damon, hoje, são educadores sociais do IRS, mas já foram
alunos. Reconhecido nacionalmente, o instituto, sediado na Estrutural, ganhou,
em 2013, o prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, ao concorrer
com mais de mil entidades de todo o país. O envolvimento com a comunidade e a
certificação como Tecnologia Social qualificaram a organização para receber as
bolsas. Ao preencher todos os pré-requisitos, os rapazes foram escolhidos para
embarcar para a Itália.
Damon participa do instituto desde 2014 e conheceu o grupo por meio de
colegas da escola. Entrou como aluno de violino. Hoje, toca violoncelo e também
é professor na organização. O violoncelista ainda não acredita na oportunidade
que conquistou. “É uma mistura de várias emoções ao mesmo tempo. Estou feliz,
nervoso e minha ficha ainda não caiu.”
Já o violonista Arthur começou a praticar italiano por aplicativos de
celular enquanto aguarda a aula intensiva do idioma, que vai fazer um mês antes
do intercâmbio, previsto para outubro. Desde criança, o jovem foi incentivado
pelo pai, que toca violão e canta. Atualmente, a música é uma paixão e a
primeira opção para o futuro. “Estou fazendo licenciatura em música. Quero
compartilhar tudo o que eu sei e ver outros alunos evoluindo.”
Entre as atividades previstas no intercâmbio, estão cursar aulas
individuais e assistir às provas e aos concertos da orquestra sinfônica. Além
de estudar, os musicistas vão morar em casas de família, onde poderão vivenciar
a cultura da cidade. Arthur acredita que se adaptará rápido. “Não conheço muito
a cultura italiana, mas estou pronto para absorvê-la.”
O objetivo do intercâmbio é semelhante para os dois. Tanto Arthur quanto
Damon pretendem trazer o conhecimento adquirido em Roma para a Cidade
Estrutural. Damon quer usar as novas aprendizagens no dia a dia, como educador.
Já Arthur acredita que o IRS vai ganhar reconhecimento internacional. “Além de
trazer a tecnologia para cá, isso vai abrir portas para outros alunos do
instituto e, quem sabe, até uma parceria”, espera ansioso.
Reciclando sons
Criado em 2001, o Instituto Reciclando Sons nasceu
do sonho da musicista Rejane Pacheco, 38 anos, em transformar a música em
instrumento de inclusão social. A dificuldade do acesso das classes menos
favorecidas à música clássica motivou a maestrina a criar o grupo, que começou
com 22 crianças. “Eu seguia carreira profissional e notava que era uma área
muito elitista. Mas sempre acreditei que a música era um instrumento de
inclusão. E investi nisso.”
O instituto faz 15 anos em agosto e já atendeu
cerca de 2.500 crianças. O programa educacional vai desde a iniciação musical
até a formação profissionalizante. A metologia adotada se divide em três
módulos (veja quadro). “Nosso objetivo é nos tornarmos um centro de referência
na formação de educadores sociais.”
A metodologia
Dividida em três módulos, a metodologia de ensino
do instituto é adaptada à realidade dos alunos e visa, no fim, formar músicos
capacitados para o mercado de trabalho. O projeto é dividido em três formações:
cultural, educacional e profissionalizante.
1º módulo — Formação cultural
No primeiro contato com a música clássica, o aluno tem uma formação básica, teórica. Nela, são ministradas oficinas de coral, teoria musical e instrumentos de orquestra, como violino e violoncelo, num único dia da semana.
2º módulo — Formação educacional
É chamada de Projeto Notas & Canções. As oficinas ministradas são as mesmas do 1º módulo, porém cada uma delas ocorre em um dia da semana, ou seja, os alunos estudam quatro vezes por semana.
3º módulo — Formação profissionalizante
A formação final tem como objetivo graduar profissionais que sejam reconhecidos pelo mercado de trabalho como músicos empreendedores e educadores sociais. Os alunos realizam um curso preparatório para a obtenção da carteira da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). Todos os alunos dessa formação se integram à Orquestra Jovem Reciclando Sons, na qual recebem cachê nas apresentações pagas, o que possibilita aos alunos gerarem renda para as famílias.
1º módulo — Formação cultural
No primeiro contato com a música clássica, o aluno tem uma formação básica, teórica. Nela, são ministradas oficinas de coral, teoria musical e instrumentos de orquestra, como violino e violoncelo, num único dia da semana.
2º módulo — Formação educacional
É chamada de Projeto Notas & Canções. As oficinas ministradas são as mesmas do 1º módulo, porém cada uma delas ocorre em um dia da semana, ou seja, os alunos estudam quatro vezes por semana.
3º módulo — Formação profissionalizante
A formação final tem como objetivo graduar profissionais que sejam reconhecidos pelo mercado de trabalho como músicos empreendedores e educadores sociais. Os alunos realizam um curso preparatório para a obtenção da carteira da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). Todos os alunos dessa formação se integram à Orquestra Jovem Reciclando Sons, na qual recebem cachê nas apresentações pagas, o que possibilita aos alunos gerarem renda para as famílias.
Fonte: Correio Braziliense – Foto: Carlos
Vieira/CB/D.A.Press