Quem se deu ao prazer de ler As
quatro revoluções que abalaram o mundo: a das 13 colônias da América do Norte,
instituidora da federação presidencialista; a francesa que se lhe seguiu,
substituindo a monarquia pela república; a russa de 1917, instituindo o
primeiro estado socialista e abolindo a propriedade privada dos meios de
produção; a chinesa, finda em 1950, com a doutrina do campesinato
revolucionário de Mao Tsé-Tung e ademais, examinar a história das duas guerras
mundiais (1914-1918 e 1939-1945) terá diante de si as digitais do mundo do
século 21.
No século atual, a grande novidade foi o resultado do abandono do
comunismo pela Rússia, países do Leste Europeu e China, nos fins do século
anterior, restando o capitalismo como modo de produzir bens e serviços e a
democracia como forma de convivência política. Mas não foi a única, na América
Latina, em cinco países uma estridente e tardia ideologia sectária, de cunho
populista, tomou corpo, fez o foro de São Paulo, e agora está nas vascas da
agonia em toda a região. No Brasil, o PT, o PC do B e parte do PDT, além do
PSol (francamente comunista), representam essa tendência tardia.
Durante o processo de impeachment na Câmara dos Deputados, ficamos
profundamente revoltados com a carga de ódio e preconceito dos votantes
contrários ao impeachment, menos alguns, entre eles o deputado Gabriel
Guimarães. Os apelos à luta nas ruas foram repetidos várias vezes. Esses
movimentos, por alguns chamados de bolivarianos, têm três características. São
a favor dos mais humildes; possuem programas sociais (Fies, Pronatec, Bolsa
Família, Minha Casa Minha Vida, Prouni etc.), sempre nos esquadros de uma
economia de mercado, característica dos partidos sociais-democratas europeus e,
finalmente, se acham os únicos capazes de implementá-los e, por isso, são
populistas e demagógicos. Assim, estupidamente, seus opositores são
contra-revolucionários. Não admitem críticas e adoram o poder.
Acontece que nenhum partido é contra os programas sociais, enquanto o PT
faz deles a sua razão de ser. Para eles, sempre haverá os sem-terra, os
sem-casa, os sem-transporte, os sem-educação, os sem-saúde e assim por diante.
O seu oxigênio é a desigualdade, nunca os programas sérios de sua extinção
definitiva. Por isso, é um partido encharcado de autoengano e com péssimas
lideranças. Não tem futuro. A derrota acachapante de Dilma e do mago Lula, bem
demonstra que o povo brasileiro acordou, que a realidade mudou, que o país quer
novas configurações políticas. Nada mais patético do que uma presidente da
República dizer que se ela fosse indiciada na Câmara – e foi – os programas
sociais acabariam. Nunca, jamais, nosso país foi governado por pessoa tão
arrogante e mentirosa, seu cariz básico.
Melhor faria Michel Temer, se encaminhasse uma emenda proibindo a
reeleição e se dedicasse a recuperar a credibilidade econômica e ética do
Brasil, livrando-nos do fisiologismo intrínseco ao tal presidencialismo de
coalizão, com o governo comprando com cargos e dinheiro os mais de 20 partidos
existentes no Congresso Nacional, uma total irracionalidade. O caminho são as
cláusulas de barreira. Não precisamos de mais de quatro ou cinco partidos
programáticos e diferenciados. O PT, de propósito incentivou a criação de
dezenas de partido (dividir para reinar).
As palavras de ordem agora, e já vistas na votação da autorização do
impeachment, são de que destituir Dilma é golpe. Jô Moraes, comunista
histórica, por exemplo, votou contra, em nome “dos que tombaram lutando pela
democracia”. Mentira pura: morreram lutando pela implantação do comunismo no
Brasil. Ela e Dilma que era militante da Polop (Política Operária), em 1969, se
fez guerrilheira em prol do comunismo de MAO, jamais da democracia! Contra a
ditadura lutamos todos. Elas roubaram e sequestraram pelo comunismo. Que se
reponha a verdade.
São tempos idos e vividos; o que interessa é o porvir. De relembrar
Montesquieu: “Quando os poderes Legislativo e Executivo estão numa só mão, não
pode haver liberdade”. E, “A deterioração de um governo quase sempre começa
pela decadência de seus princípios” (1689-1755). Os deputados autorizaram o
impeachment, mas Dilma insiste em conspiração. Nove ministérios estão vagos.
Ninguém quer um governo falido que destruiu o Brasil. Se o Congresso golpista
não aprovar um deficit primário de R$ 106 bilhões para este ano, o governo não
poderá pagar fornecedores e funcionários. Depois de quebrar o país, ela devia
ao menos reconhecer sua incompetência. Ao revés agarra-se ao poder. É a Dilma
cabeça de carrapato, vive do nosso sangue, não quer parar de sugá-lo. Fico a me
perguntar sobre a serventia de um vice-presidente senão a de substituir o
presidente que viaja ou morre física ou politicamente. Não tem conspiração, tem
é Constituição.
Por: Sacha Calmon – Advogado –
Fonte: Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog – Google