Rodrigo Rollemberg afirmou que
restaurantes perderam 47% da clientela
Governo revê valores cobrados nos
refeitórios de baixo custo para aumentar o movimento nas unidades, que chegou a
diminuir pela metade. Os pratos valerão R$ 1, para os beneficiados com
programas sociais, e R$ 2
Nem sempre o aumento de taxas para a
população significa crescimento de arrecadação para um governo. A afirmação
parece estranha, mas foi o que ocorreu no caso dos restaurantes comunitários do
Distrito Federal. Em setembro do ano passado, os valores subiram como forma de
estancar a crise financeira vivida pela capital do país. Entretanto, a queda na
movimentação dos refeitórios tornou-se tão grande que o GDF resolveu diminuir
os preços novamente. A alteração começa a valer amanhã, na unidade do Sol
Nascente, e vai valer para as outras localidades de forma escalonada.
Assim, o prato, que custa R$ 3, passará
a valer R$ 2 e R$ 1. Os preços são diferenciados em relação aos beneficiados de
programas sociais do governo. Para ter direito à tarifa de R$ 1, é necessário
apresentar, no guichê do restaurante, documento de identificação com foto e
constar do Cadastro Único do GDF, por meio de sistema da Secretaria do
Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos
Humanos.
De acordo com o governador Rodrigo
Rollemberg (PSB), a redução dos valores das refeições não causará grandes
impactos nos cofres públicos, uma vez que, desde o reajuste do ano passado, a
frequência de usuários nos restaurantes populares diminuiu. “Vamos reduzir o
preço para toda a população. Nós tivemos a redução de 47% no número de pessoas
diariamente no restaurante (passou de 32 mil usuários para 17 mil). Isso fez
com que as empresas responsáveis repactuassem o preço e aumentassem o valor do
subsídio pago pelo governo. Com a redução, a nossa expectativa é aumentar a frequência
de usuários e atender a população mais carente”, detalhou o governador. Com os
valores antigos, os custos estimados aos cofres públicos estavam em R$ 21,2
milhões. Agora, os gastos subirão para R$ 22,3 milhões.
O número apontado pelo governador
chegou a ser maior. Entre outubro e dezembro de 2015, as unidades venderam
841.594 refeições. No mesmo período de 2014, a marca foi de 2.079.357. A queda
de 60% demonstrou que a população sentiu no bolso o aumento de R$ 1 para R$ 3,
um dos itens do pacote de medidas anunciado pelo Buriti em setembro do ano
passado. À época, o próprio governo confirmou a preocupação com o problema, mas
membros do Executivo apontaram outros fatores, como o desemprego e o aumento na
passagem de ônibus.
Anunciado
No fim do ano, a movimentação para que
os preços recuassem tomou fôlego dentro do Buriti, pressionado pela Câmara
Legislativa. Chegou-se à conclusão de que valia a pena gastar um pouco mais
para não afetar o dia a dia dos trabalhadores e das famílias que usam o benefício,
além das perdas políticas. No programa CB.Poder, da TV Brasília, em novembro do
ano passado, o secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos
Humanos, Joe Valle, confirmou a intenção do governo de rever os valores dos
restaurantes comunitários — informação atestada pouco depois pelo próprio
governador.
O restaurante do Sol Nascente será o
primeiro com a cobrar o valor de R$ 1. Em 30 dias, será estendido às outras
localidades de forma escalonada. O DF conta com 12 restaurantes comunitários em
funcionamento — a unidade do Itapoã está em fase de licitação para reforma e a
do Sol Nascente será inaugurada na segunda-feira. Situado na QNR 1, o
refeitório terá a capacidade de servir 3 mil refeições por dia.
Responsabilidade fiscal
A crise também tem como reflexo o
adiamento da posse de concursados. Na sexta-feira, por exemplo, houve a
prorrogação até 2018 de oito concursos públicos de 2013 e 2014. São 12.491
aprovados para ocupar vagas nas secretarias de Educação e de Cultura, e no
Metrô. Eles não podem assumir agora porque o GDF ainda está acima do limite
prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Memória - Primeiro ano conturbado
Ao assumir o governo do DF, Rodrigo
Rollemberg já acenava que tomaria medidas impopulares para fazer com que as
finanças fossem regularizadas. Segundo a equipe econômica do socialista, a
gestão anterior, do petista Agnelo Queiroz, havia deixado uma dívida de cerca
de R$ 3 bilhões. Pequenos pacotes, promessas de cortes em benefícios, como a
licença-prêmio, atrasos de salários, entre outras medidas, começaram a ser
tomadas desde o início de 2015. Com isso, o governo recém-empossado enfrentou
greves de várias categorias.
O pior momento veio em 15 de setembro,
quando Rollemberg anunciou medidas realmente duras e que afetavam diretamente o
bolso do brasiliense, como aumentos da tarifa de ônibus e metrô, dos
restaurantes comunitários, e até da entrada do Zoológico de Brasília — que foi
de R$ 2 para até R$ 10. O socialista prometeu que atrasos e reajustes em
salários e benefícios seriam revistos em janeiro seguinte, situação
condicionada à aprovação pela Câmara Legislativa de projetos que atingem o
cidadão, como aumento de IPTU, ICMS, Contribuição de Iluminação Pública (CIP),
Taxa de Limpeza Pública (TLP) e outros impostos.
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Fonte: Thiago Soares – Foto: Dênio Simões – Agência
Brasília – Correio Braziliense