Renato Santana - Vice-governador do DF
Tem corrupção no governo? Onde?
Esses dias li em algum blog que a
escolha das agências de publicidade do Governo poderiam ser de “cartas
marcadas”. Aí pergunto a você: o que fazer com uma informação dessas que é
levada ao público em geral? Acredito que, como gestores, temos de verificar e
averiguar qualquer tipo de informação ou denúncia de eventuais irregularidades
no governo. Isso vale para qualquer área. Quando recebi de empresários essa
questão da Secretaria da Fazenda, informei imediatamente ao Governador. E vou
continuar procedendo dessa forma, doa a quem doer.
O governador Rodrigo Rollemberg é
omisso ou conivente com suspeitas de corrupção?
Se fui interpretado por desrespeito com
o governador, jamais foi minha intenção, muito pelo contrário, pois tendo
nascido em família humilde e lutado com ela para sobreviver, chegar ao cargo de
vice-governador do DF junto com o governador Rollemberg é uma bênção, uma
honra. Todo esse episódio tem sido importante para um amadurecimento sobre a
política com “P” maiúsculo e a “politicagem” com “p” minúsculo. Procuro fazer
política por meio do meu trabalho nas comunidades do DF. Nesse ano e sete meses
de governo, acumulei, sem nenhum constrangimento ou complexo de rebaixamento,
as funções de vice-governador e administrador regional de várias cidades do DF.
Trabalhar para resolver os problemas perto das pessoas lá na ponta é o que me
dá alegria e satisfação.
Sentiu-se constrangido com a divulgação
de conversas que manteve com a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues?
Imagina você ser gravado numa visita na
casa da Marli, logo depois de ela ter tido um grave problema de saúde, num
bate-papo informal. Quem me conhece sabe que sou espontâneo e trato todos de
forma igual, sem distinção, e posso até ser criticado por esse meu jeito, mas
sempre fui assim. Quando faço críticas ao governo, é óbvio que me incluo nas
críticas. Não as faço de forma pejorativa, mas até mesmo como autocrítica. Não
tenho obrigação de, caso não concorde com uma ação do governo, ficar inerte ou
calado. Cada um tem um estilo e esse é o meu. Por exemplo, quando se falou em
demissão de servidor estável, por conta da situação grave em que encontramos o
governo, fui taxativo ao dizer que o dia em que optássemos por demitir,
renunciaria um dia antes! Nossa missão é e sempre será a de buscar soluções
para os problemas.
Por que a presidente do SindSaúde
gravou tanta gente?
Marli e eu estamos e sempre estivemos
em campos opostos na política do DF. Ela sempre ligada ao PT e eu, oposição ao
PT. O que não impede que nos relacionemos institucionalmente. Por que ela
gravou? Somente ela pode responder. Eu jamais faria isso com qualquer pessoa.
Quanto aos conteúdos, não podem ser descontextualizados pela politicagem
rasteira.
Haverá constrangimentos na acareação
com ela na CPI da Saúde?
Respeito o trabalho dos deputados
distritais e o que puder fazer para colaborar na CPI farei sem nenhum
constrangimento.
Rollemberg exonerou um servidor da
vice-governadoria, o então ouvidor Valdecir Medeiros. Acha que ele agiu
corretamente?
As nomeações e exonerações são
prerrogativas exclusivas do governador. Sou amigo do Valdecir há décadas e ele
sempre foi um dedicado servidor. Quando fui abordado acerca de um processo em
apuração no Planejamento, do qual não tinha conhecimento, afirmei que, caso
fosse constatado algo que desabonasse a conduta dele, ele seria exonerado
imediatamente. O tempo e a apuração dirão.
Como está a relação com o governador?
Há chance de vocês fazerem as pazes?
Nunca briguei com o governador.
Acredito que tudo isso que está acontecendo será esclarecido. Cheguei até a
imaginar que uma parte da equipe do governador nunca me “aceitou” desde o
princípio e talvez isso tenha criado uma distância entre nós. Se ele me chamar
para uma reunião ou um simples bate-papo, estou à disposição, 24 horas por dia,
e ele sabe disso. A população sempre nos cobrará resultados. Quando enviamos
tributos aos contribuintes, não perguntamos se estão de bem ou não com o
governo. Eles pagam e podem e devem participar, sugerir, decidir, reclamar e
criticar.
Se não fizerem as pazes, como vão tocar
o governo juntos até 2018?
O mais importante não é pensar nas
próximas eleições, e sim resolver os graves e complexos problemas que temos no
DF. Sinceramente não penso nas próximas eleições. Se conseguirmos melhorar a
vida da população do DF nesse período, já será o suficiente para comemorarmos.
Fonte: Ana Maria Campos – Coluna “Eixo
Capital” – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google