O complexo da Feira da Torre de TV fica um pouco à frente da própria
torre
Feirantes esperam repetir sucesso de público da Copa nas Olimpíadas e
preparam equipes para atender turistas e brasilienses. Ponto de encontro
durante os jogos de 2014, o local deve receber grande fluxo de pessoas nos dias
dos torneios de futebol, que começam nesta semana
Durante a Copa do Mundo de 2014, a Feira da Torre
de TV foi o principal ponto de encontro de torcedores e turistas que
acompanharam partidas na capital federal. Mesmo com a derrota da Seleção
Brasileira nos campos, os feirantes só tiveram motivos para comemorar. No
período do torneio, as vendas subiram 1.000%. Com a chegada dos Jogos Olímpicos
de 2016, comerciantes sonham em repetir o feito de dois anos atrás. Armada a
poucos metros do estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha — que receberá 10
partidas de futebol durante as Olimpíadas, as duas primeiras na próxima
quinta-feira (4) — e entre os principais hotéis da cidade, a feira se posiciona
em um ponto privilegiado.
Pensando nisso, artesãos e outros produtores
preparam equipes e enchem estoques para receber turistas e brasilienses que
querem fazer um aquecimento antes de assistir às competições ou continuar a
festa no local. Durante a Copa, Natália Soares, 40 anos, sócia de uma loja que
vende lembranças de Brasília e do Brasil, contou com cinco funcionários. Hoje,
atende o público sozinha em grande parte da semana, mas reforçará o time para
as Olimpíadas. “Trabalharemos em uma equipe de quatro pessoas nos dias de jogos
no Estádio. Aumentamos o estoque de produtos verde e amarelo e estamos muito
animados com a possibilidade de repetir o sucesso de 2014”, projeta.
“Camisetas e bonés do Brasil são os produtos mais
comprados por turistas”, conta Carla Martins, 41, empregada de uma loja de
recordações aberta há 30 anos que passou pelas várias fases desse mercado
aberto da capital federal. “Hoje, o movimento não está dos melhores.
Conseguimos mais clientes em dias de eventos no estádio”, revela. Comerciante
antiga na feira, Esmeralda Reis, 63, é filha da dona de um dos mais
tradicionais restaurantes do local, o Acarajé e Tapioca da Vó Evilásia. A
cozinheira marcou na agenda as datas dos jogos no DF e espera que a população
volte a usar a feira como ponto de concentração nessas ocasiões. “No estádio,
bebidas e comidas são bem mais caras. Aqui, oferecemos comidas típicas e
gostosas por um preço muito mais atraente. Por isso, nos tornamos um local de
festa na Copa e esperamos repetir o feito agora”, relata Esmeralda.
O letreiro renovado em homenagem à cidade é uma das atrações da Torre de
TV
Expectativa moderada
A Associação dos Artesãos, Artistas Plásticos e
Manipuladores de Alimentos da Feira da Torre de Televisão (AFTTV) acredita que
o aumento nas vendas será sutil em comparação à época do torneio mundial de
futebol. “Sabemos que o número de visitantes será inferior ao de 2014, mas
esperamos crescimento de até 50% durante os jogos”, relata Adonai Ferreira,
presidente da associação. A Secretaria Adjunta de Esporte e Lazer do Distrito
Federal informou que não serão instalados telões para que a população assista
às partidas na Feira da Torre de TV ou em outros lugares do DF.
Entretanto, isso não deve atrapalhar a animação.
“Estaremos pintados de verde e amarelo para receber os visitantes e faremos uma
festa própria”, explica o presidente da AFTTV. Para atrair compradores, a
associação planeja uma série de eventos culturais. “Aproveitaremos a presença
de turistas para mostrar a cultura brasileira com apresentações de capoeira e
shows”, explica Adonai Ferreira.
"No estádio, bebidas e comidas são bem mais caras. Aqui, oferecemos
comidas típicas e gostosas por um preço muito mais atraente. Por isso, nos
tornamos um local de festa na Copa e esperamos repetir o feito agora"
Esmeralda Reis, de uma barraca baiana
"Trabalharemos em uma equipe de quatro pessoas nos dias de jogos no
estádio. Aumentamos o estoque de produtos verde e amarelo e estamos muito
animados com a possibilidade de repetir o sucesso de 2014" Natália Soares,
de uma loja de lembranças
"Camisetas e bonés do Brasil são os produtos mais comprados por
turistas" Carla Martins, vendedora de recordações
Jogos no DF
Nas partidas, não será possível estacionar nos
arredores do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. A orientação do
Comitê Olímpico é para que as pessoas usem transporte público. Saiba mais em
rio2016.com. Confira o calendário de partidas de futebol por aqui:
Masculino
4 de agosto
Às 13h: Iraque x Dinamarca
Às 16h: Brasil x África do Sul
7 de agosto
Às 19h: Dinamarca x África do Sul
Às 22h: Brasil x Iraque
10 de agosto
Às 13h: Argentina x Honduras
Às 16h: Coreia do Sul x México
13 de agosto
Às 13h: Quarta de final
Feminino
9 de agosto
Às 16h: Alemanha x Canadá
Às 22h: China x Suécia
12 de agosto
Às 13h: Quarta de final
Para saber mais - Mercado de artesanato
Muitas das bancas da Feira da Torre de TV são
formadas por famílias, e a ocupação passa de pai para filho. O comércio aberto
surgiu nos anos 1970, com pequenos produtores vendendo mercadorias aos fins de
semana. Diferentemente de outros pontos de venda da capital federal, nunca se
propôs a comercializar produtos importados: o principal artigo era o
artesanato. No local, o público pode encontrar móveis, bijuterias, roupas e
comidas típicas de diversas regiões brasileiras. Várias das vestimentas
apresentam mistura de tecidos leves e coloridos, com acessórios feitos a partir
de pedras, madeiras e sementes, o que ajudou a fixar o estilo hippie da feira.
Em 2011, após anos de conflitos entre feirantes e o
Governo do Distrito Federal, a feira saiu dos pés da Torre de TV e foi movida
para um local próximo. A decisão até hoje traz revolta. “Desde que foi retirada
da plataforma e veio aqui para baixo, as vendas da feira despencaram. Nosso
maior movimento é em épocas de jogos no estádio”, percebe a feirante Esmeralda
Reis. Atualmente, para atrair a população de volta ao local, semanalmente são
promovidos eventos no local. Às terças-feiras, por exemplo, os visitantes podem
acompanhar o Brasília sobre Rodas, que reúne exposição de carros e encontro de
motociclistas. “É um local do povo e para o povo, então estamos sugerindo um
novo espaço para ocupação artística e cultural”, relata Adonai Ferreira,
presidente da AFTTV.
Fonte: Correio Braziliense - Fotos: Breno
Fortes/CB/D.A.Press