Músicos e cantores da Escola de Música ensaiam a ópera Gianni Schicchi,
do compositor Giacomo Puccini. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
"Obra italiana Gianni Schicchi adaptada ao sertão nordestino será
apresentada gratuitamente neste fim de semana (23 e 24). Projeto é uma das
iniciativas conjuntas que ocorrem na instituição desde abril"
Há 20 dias, músicos e cantores da Escola de Música de Brasília
Maestro Levino de Alcântara tomam os palcos do teatro da instituição para
ensaiar a ópera Gianni
Schicchi, do
compositor Giacomo Puccini. São cerca de cem envolvidos no projeto encabeçado
pela nova gestão e produzido com ajuda de alunos, ex-alunos e professores do
centro de ensino. Neste fim de semana (23 e 24), eles se apresentam
gratuitamente em sessões que começam às 19 horas. O teatro fica na 602 Sul e
tem capacidade para 560 lugares.
A peça é
a primeira de uma série de inciativas conjuntas na escola de música.
“Escolhemos a ópera por ser uma obra que reúne vários elementos musicais:
palco, iluminação, orquestra, canto”, explica o vice-diretor da instituição,
Davson de Souza. A ideia é que a cada fim de semestre, na formatura, haja uma
ópera com formandos no elenco, principalmente no caso dos cantores. “Queremos
que cada vez mais alunos estejam envolvidos como parte do processo da
aprendizagem”, reforça o educador.
São 14
cantores e cerca de 50 músicos na orquestra regida pelo maestro Deyvison
Miranda, além de diretores, produtores, assistentes técnicos e figurinistas.
Originalmente, a ópera escrita pelo italiano Giacomo Puccini se passa em
Florença, mas foi adaptada para o sertão da Paraíba, com direito a cantoria em
português, sotaque e expressões típica do Nordeste brasileiro. A direção de
arte e a produção são de Clara Figueiroa, ex-aluna de canto lírico da Escola de
Música de Brasília. “Saí da escola em 2006, mas foi um prazer aceitar o convite
e voltar a esse palco.”
A obra
adaptada por Clara já foi apresentada em Brasília em 2014, com recursos
do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Em 2015, ela foi selecionada pelo FAC
para circular em seis escolas públicas e aguarda liberação da verba. À época, o
espetáculo teve até programa e sinopse em formato de xilogravura e cordel,
característicos da região retratada.
De acordo
com a diretora da peça, a nova fase nos centros de ensino dialoga com a
proposta de inclusão inerente ao trabalho dela. “Costumo distribuir os
programas em braile e apresentar com legendas para que surdos ou pessoas com
problemas de audição possam acompanhar”, explica.
Mudanças na Escola de Música de
Brasília
A
temporada de óperas na Escola de Música de Brasília é apenas uma das
mudanças propostas pela gestão atual. No início do segundo semestre,
que começa em 15 de agosto, haverá um show com a turma de arranjo para
comemorar os cinco anos de existência do curso. Em 22 de agosto, a Torre de TV
recebe a terceira edição do projeto Hoje a Aula é Aqui, por meio do qual,
alunos da instituição se apresentam em espaços públicos da cidade, como
o Parque da Cidade e a Rodoviária do Plano Piloto.
Para a diretora
da escola, Edilene Abreu, a interação com o público por meio do projeto foi um
dos fatores que contribuíram para o grande interesse nos cursos. A demanda por
essas turmas neste semestre foi de 10.567 alunos, que disputaram 1.798 vagas em
30 modalidades — em 2015, foram 5,8 mil candidatos para 900 vagas. “É uma forma
de as pessoas conhecerem instrumentos e entenderem como funciona o trabalho na
escola”, explica a diretora.
Maranhense
em Brasília desde 1995, a educadora, que trabalhava na regional de São
Sebastião, aceitou o convite da Secretaria de Educação em abril de
2016 para assumir a direção da Escola de Música de Brasília. “É
encantador e desafiador lidar com tantos artistas”, confessa. Assim que chegou
ao local, a Edilene reuniu alunos, professores e ex-alunos colaboradores para
atuar de forma conjunta. “Tem alunos trabalhando na nossa logomarca, outros
reformando instrumentos, é bonito de se ver.”
Desde
então, têm sido feitos levantamentos de pontos que devem ser resolvidos com
urgência, como a mudança nos currículos e reformas. Para Edilene, o maior
desafio é aumentar a autoestima da instituição como um todo.
As
medidas de reestruturação da Escola de Música de Brasília tiveram
início em meados de abril, depois do afastamento por 60 dias do diretor, Ayrton
Pisco, por um processo administrativo disciplinar. A nova gestão ficou
incumbida pelaSecretaria de Educação a estreitar as relações com o corpo
docente e investir em melhorias imediatas para o espaço.
Prestes a
se formar, a harpista Verônica Mamede, de 28 anos, e aluna da escola desde
2004, percebeu as mudanças de forma positiva. “Os currículos foram atualizados,
mas o que sentimos mesmo foram as reformas nos banheiros e na iluminação”,
destaca a moradora de Ceilândia. Os reparos nos banheiros e o investimento na
iluminação foram feitos com recursos do Programa de Descentralização
Administrativa e Financeira (Pdaf) e executados pela Companhia Urbanizadora
da Nova Capital do Brasil (Novacap).
Verônica
é um dos 2.340 estudantes matriculados na instituição e em breve apresentará
seu recital, no qual dedilhará uma harpa orquestral de 47 cordas. Para alunos
como ela, a diretora ainda adianta que há planos de incentivar a colação de
grau em grupo. “É uma forma de valorizá-los além do fazer artístico, formalmente,
e juntos, como uma escola deve funcionar”, conclui. A próxima seleção de alunos
para a Escola de Música de Brasília ocorrerá em novembro. A data e o
número de vagas ainda não estão definidos.
Gianni Schicchi — Ópera de Giacomo Puccini
23 e 24 de julho (sábado e domingo) - Às 19 horas - No teatro da Escola de Música de Brasília (L2 Sul, Quadra 602, Módulo D) - Classificação livre - Entrada franca
23 e 24 de julho (sábado e domingo) - Às 19 horas - No teatro da Escola de Música de Brasília (L2 Sul, Quadra 602, Módulo D) - Classificação livre - Entrada franca
Galeria de fotos: ( https://goo.gl/pizrA9 )
Agência Brasília