O governador acionou a Controladoria-geral e a
Polícia Civil para apurar suposto esquema
O chefe do Buriti explicou aos distritais da base
as medidas em resposta às suspeitas de propina e extorsão de servidores. Câmara
tem reunião extraordinária hoje
As denúncias de um suposto esquema de
cobrança de propina e extorsão envolvendo integrantes do governo provocaram um
clima de instabilidade política preocupante para o Palácio do Buriti. Para
tentar controlar a repercussão negativa do caso, o governador Rodrigo
Rollemberg (PSB) se reuniu ontem com assessores e deputados da base aliada.
Além de dar explicações, o governador analisou os possíveis efeitos das
denúncias no cenário político, especialmente diante de uma convocação
extraordinária da Câmara Legislativa para tratar do assunto em pleno recesso
parlamentar. A Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública (Decap)
investiga as denúncias, mas, de acordo com o chefe da unidade, ainda não há
materialidade de crimes.
As especulações acerca da suposta
cobrança de propina por servidores públicos surgiram depois da divulgação de
conversas gravadas pela presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde
(SindSaude), Marli Rodrigues, com interlocutores do governo. Em um dos áudios,
o vice-governador do DF, Renato Santana (PSD), admite saber da existência de um
repasse de propina no valor de 10% dos contratos de serviços da Secretaria de
Fazenda. Na gravação, a sindicalista diz ter conhecimento de um esquema similar
na Secretaria de Saúde, que chegaria a 30%.
Participaram do encontro, realizado na
residência oficial de Águas Claras, os deputados Telma Rufino (sem partido),
Roosevelt Vilela (PSB), Rodrigo Delmasso (PTN), Chico Leite (Rede), Juarezão
(PSB) e Sandra Faraj (SD). O secretário de Saúde, Humberto Fonseca, e o
secretário-adjunto de Relações Institucionais, José Flávio, também acompanharam
o encontro.
Para Fonseca, as denúncias da
sindicalista são “bravatas para desestabilizar o governo”. “Todas as
explicações foram apresentadas aos deputados. O governo está tranquilo porque
sabe que essas acusações não passam de factóides”, afirmou o secretário de
Saúde. Para ele, a tentativa de criar um escândalo seria uma forma de impedir a
contratação de organizações sociais para a gestão do sistema público.
Na conversa com os aliados, Rollemberg
contou já ter determinado à Controladoria-Geral do DF a apuração do caso e
garantiu que a Polícia Civil abriu investigação. O governador revelou que
entrará com uma queixa-crime contra a presidente do SindSaúde. Rollemberg
acionou a base aliada para tentar controlar os efeitos negativos do caso na
CLDF. Apesar do recesso parlamentar, a presidente da Casa, Celina Leão (PPS),
convocou uma reunião extraordinária da Mesa Diretora para a manhã de hoje, a
fim de discutir o assunto. A oposição quer aproveitar o episódio para desgastar
o Executivo.
A Decap investiga a suposta extorsão.
Marli fez uma denúncia formal à Casa Civil, em novembro, sobre uma ameaça que
teria sofrido de funcionários do Executivo. A Polícia Civil também apura as
especulações em torno da cobrança de propina em pastas como a Saúde e a
Fazenda. “Já ouvimos a senhora Marli e solicitamos a entrega dos áudios
originais para serem submetidos à perícia, mas ela alegou que o material foi
enviado ao Ministério Público e não trouxe elementos de prova. Até agora, as
denúncias estão no campo da especulação”, comentou o delegado-chefe da Decap,
Alexandre Linhares. Segundo ele, empresários também foram ouvidos, mas não
acrescentaram informações à investigação.
Em nota, o partido do vice-governador
manifestou “confiança e convicção quanto à observância dos princípios éticos e
da conduta ilibada de Renato Santana e do governador Rodrigo Rollemberg”. O
Palácio do Buriti se manifestou oficialmente sobre o caso no sábado. Em nota, o
governador afirmou ter confiança de que “o Ministério Público apurará os fatos
e tomará as medidas exigidas nesse caso. O governo de Brasília não compactua
com nenhum desvio”.
Fonte: Helena Mader – Foto: Carlos Moura/CB/D.A.Press – Correio Braziliense