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#URBANISMO » Obra da discórdia em bloco da 410 N - (As obras estão em andamento na portaria do Bloco G, onde até tijolos foram quebrados: polêmica)

As obras estão em andamento na portaria do Bloco G, onde até tijolos foram quebrados: polêmica

Substituição de grades por blindex e mudanças em cobogós dividem moradores da quadra residencial. Segundo o Iphan, a intervenção é legal, pois não afeta o conjunto urbanístico

Uma obra em um bloco residencial da 410 Norte provoca discussão sobre os limites de adulteração de edifícios, que, embora não sejam individualmente tombados, fazem parte do conjunto urbanístico histórico de Brasília, patrimônio cultural da humanidade. A intervenção, que começou há aproximadamente 30 dias no Bloco G, vai retirar as grades das portarias e substituir as estruturas por blindex. Também serão instaladas vidraças no interior das entradas para dar visão a um corredor estreito do pilotis. Para isso, operários quebraram os tijolinhos característicos dos prédios do Plano Piloto.

A alteração divide os mo-radores. Sob a justificativa de segurança e estética, um grupo de proprietários aprovou o projeto. Mas outros reclamam que a proposta muda a concepção dos blocos residenciais das 400. Para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a obra não caracteriza ferimento ao projeto de Lucio Costa, porque não afeta o conjunto urbanístico, mas o órgão pode notificar o condomínio.

A reforma é feita por etapas. Moradores a favor da intervenção aprovaram a primeira fase — contratação de uma empresa — em 20 de julho. Além da mudança nas portarias, deve-se mudar os cobogós de vidro das janelas da cozinha e do banheiro. A artista plástica Janaína Cardoso, 43 anos, mora no bloco há cinco anos. Para ela, a construção representa a deformação do projeto original da quadra. “Acaba sendo uma ação das empresas de construção para criar uma demanda, e os moradores aceitam, achando que enobrecerão o bloco com a modernização. O que enobrece é a manutenção do projeto, da autenticidade”, ressalta.

A reforma, no entanto, não é novidade na quadra residencial. Alguns blocos, como o B, colocaram blindex na portaria, mas permaneceram com o cobogó das entradas viradas para o jardim do prédio. O síndico do Bloco G, Raphael Rios, alegou que, no edifício, será feita a mesma intervenção dos demais e reforçou que nunca teve cobogós no local. Além disso, segundo ele, não havia acesso gradeado originalmente. “Os cobogós nos outros prédios foram agregados, e não o contrário, assim como no Bloco G, no qual a portaria não existia antigamente. Era tudo aberto. Isso causou insegurança. O projeto atual foi aprovado na Administração de Brasília, e a justificativa é a segurança e a estética.”

Educação
A superintendente substituta do Iphan-DF, Sandra Bernardes Ribeiro, explicou que o órgão faz vistorias por iniciativa própria. “Retirar as grades não é de todo ruim, mas, no caso dos cobogós, quando originais — e há alguns muito bonitos, que são característicos —, não é recomendado. Contudo, não podemos fazer qualquer exigência específica”, disse. “Para reverter isso, a única forma é trabalhar a educação patrimonial, sensibilizar moradores. O Iphan faz fiscalização, mas essa atribuição é também do governo local”, acrescentou.

Em nota, a Agência de Fiscalização do DF (Agefis) informou que os edifícios residenciais podem ser reformados, contanto que sejam autorizados em assembleia do condomínio ou pelas administrações regionais. A Secretaria de Gestão do Território e Habitação acrescentou que “o tombamento da cidade em relação aos blocos das superquadras das 400 trata da tipologia, se refere ao número de pavimentos — no caso, pilotis e mais três pavimentos —, não se estendendo ao uso de materiais e revestimentos.”


Fonte: Isa Stacciarini – Foto: André Violatti - Esp-CB/D.A.Press - Correio Braziliense

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