Carlos Fernando Dal Sasso
Quais são os aspectos mais avaliados
quando o governo vai qualificar uma instituição?
Verificamos experiências, como áreas
que já atuou, o tipo de contrato que teve, se fechou contrato com metas, se tem
atestado de capacidade técnica. E, quando é uma instituição criada
recentemente, fazemos o mesmo, mas com os gestores do conselho administrativo.
Temos critérios objetivos de oportunidade e conveniência. Normalmente, as
instituições que não são qualificadas têm problemas com entrega de
documentação. A nossa assessoria jurídica determina que, para a instituição ser
qualificada, a gente atenda certos critérios.
O processo de qualificação está parado
porque o governo não tem condições financeiras de realizar as visitas técnicas.
O que será feito para resolver essa situação?
Isso ainda não está definido. O
Conselho de Gestão das Organizações Sociais (CGOS) fez uma manifestação à
Procuradoria-Geral do DF. Eles já retornaram, e estamos aguardando uma
manifestação do Conselho, que se reúne uma vez por mês. Está parado por uma
indefinição objetiva do Conselho e por estarmos restritos com contingência
orçamentária. Temos de atender a regulamentação da assessoria jurídica.
Tem algum problema mais recorrente na
qualificação das instituições?
Não temos essa avaliação. Para a gente
conseguir comprovar uma situação dessas durante a qualificação, temos de
realizar a visita técnica. Por exemplo, uma instituição diz que tem experiência
e que faz a gestão de saúde de uma unidade. Nós vamos lá para avaliar a
prestação de serviço. Até agora não teve nenhuma obstrução, mas porque não
ocorreram visitas in loco.
O governo já sinalizou quando será
possível realizar essas diligências?
Não. Estamos com a perspectiva de sair
uma resolução do conselho que possa nos dar condições objetivas de fazer essa
qualificação sem ir in loco. Ela poderia estabelecer critérios objetivos com um
grupo de exigências, que pode suprir essa obrigação da visita. Por exemplo, a
apresentação de um contrato de gestão de uma unidade e de relatórios que
comprovem a prestação desses serviços.
A avaliação das instituições
interessadas em participar do processo no DF é boa?
Isso vai depender no edital de
contratação. Existe um longo espaço entre a qualificação e o fechamento do
contrato. São coisas diferentes. No momento em que eu publicar o edital
determinado o serviço que a instituição terá de fazer, ela terá de comprovar
que tem capacidade para atender aquele objeto. Não temos isso definido ainda.
Posso ter 10 instituições qualificadas, mas que, para um determinado serviço,
apenas uma sirva. Essa medição será feita com mais profundidade e detalhes na
publicação do edital. Não me preocupo com quantidade, mas com qualidade. Às
vezes, eu não tenho uma entidade que conseguirá cumprir um edital de gestão de
uma unidade com atendimentos primário, secundário e terciário (assistência
básica, ambulatorial e especializada).
Os servidores são contra a gestão das
OSs. A relação está menos conflituosa?
Está porque está se tornando mais
clara. Não é nosso objetivo transformar serviços de saúde públicos em serviços
de gestão por organização social. Está melhor entendido o que será feito.
O Tribunal de Contas da União disse que
os gastos com OSs não devem ser incluídos na Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF). A Câmara Legislativa aprovou uma lei que diz o contrário. O governador
Rodrigo Rollemberg vetou, mas a decisão foi derrubada pelos parlamentares. É um
retrocesso?
A lei vai deixar o modelo engessado
como a administração direta, com problema de compra e pessoal. O Supremo
Tribunal Federal e o Tribunal de Contas da União não entendem assim. Isso é um
retrocesso. É uma atitude que prejudica a intenção do governo de melhorar os
serviços de saúde.
Falha na qualificação de organizações sociais
Exigência de visitas técnicas para certificar OSs que assumam a
administração de unidades de saúde do Distrito Federal é um dos principais
entraves ao modelo de gestão. Para superá-lo, o governo quer acabar com essa
regra e, assim, acelerar o processo
O principal projeto do Executivo local
para restabelecer os serviços de saúde da capital federal está estagnado por
falta de dinheiro. Para dar início à administração das organizações sociais
(OSs), o governo precisa qualificar as instituições e, entre os requisitos
básicos, está a realização de visita técnica ao local onde elas desempenham
atividades. Com a escassez de recursos, a Secretaria de Saúde não consegue
enviar comissões — em média, de seis servidores — aos endereços. São Paulo e
Goiás são as unidades da Federação que mais pleiteiam espaço na gestão do DF,
com oito e quatro instituições, respetivamente. Pará, Aracaju, Minas Gerais,
Bahia e Maranhão têm um concorrente cada. Pelo menos 44 nomes participam da
proposta.
A lista de 23 instituições, a qual o
Correio teve acesso, mostra que quatro estão qualificadas, ou seja, podem
assumir unidades de saúde no DF, e oito passam por análise. Onze não tiveram o
pedido avaliado. Não há sinalização de quando o reconhecimento técnico possa
voltar a ocorrer. A movimentação depende dos cofres públicos. O objetivo do
Palácio do Buriti é que as OSs comecem a funcionar sob um custo inicial de até
R$ 250 milhões no primeiro ano de operação. O GDF fez chamamento público em 11
de julho para que os interessados apresentem propostas.
A intenção do governador Rodrigo
Rollemberg é aumentar a oferta da atenção básica de Ceilândia, de 30,7% para
62% até 2018. Além disso, quer melhorar a qualidade dos serviços das seis
unidades de pronto atendimento (UPAs) do DF. Hoje, Rollemberg e o secretário de
Saúde, Humberto Fonseca, participam de um debate sobre o tema no Instituto
Brasiliense de Direito Público (IDP), na Asa Sul.
O órgão responsável pela qualificação
das OSs é a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, que realiza 98% do
processo. Lá, são organizados os chamamentos públicos e a análise dos
documentos das instituições pelo Conselho de Gestão das Organizações Sociais
(CGOS) — o grupo se reúne uma vez por mês. À Secretaria de Saúde, cabe a
análise técnica dos interessados. A qualificação é uma espécie de certificação
ou selo dada a instituições que comprovarem estarem aptas a atuar no terceiro
setor como organização social. Ao todo, 21 instituições foram reprovadas em
2016.
Demora
O Executivo local quer alterar as
regras — por meio de uma resolução do CGOS — para dar celeridade. O
governo não tem estimativa dos impactos financeiros das visitas técnicas, mas,
como não há opções para encorpar os recursos, o coordenador de Planejamento,
Orçamento e Desenvolvimento Institucional da Secretaria de Saúde, Carlos
Fernando Dal Sasso, explica que a regra pode deixar de existir e a avaliação de
documentos bastar para qualificar as OSs. “Não temos como afirmar se, a partir
do próximo mês, terá edital de contratação publicado para instituições
assumirem unidades. Talvez, se houver suplementação, isso seja possível”,
afirma.
Até o momento, o GDF só visitou
Goiânia, ainda na época do ex-secretário João Batista de Souza e, depois, na
avaliação do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech), que
aguarda análise para a qualificação. Em média, o tempo normal desse processo
seria de quatro meses. Pelo atual, houve situações com 15 meses. “Muitas vezes,
a demora se dá também por as empresas não cumprirem determinados aspectos. A
instituição é que deve apresentar a documentação. Se levasse logo na
manifestação prévia, não demoraria”, diz Carlos Fernando
Linha do tempo
2008
» Janeiro
É vedada a contratação de OSs de outras
unidades da Federação para participarem de modelos de gestão. Para elas atuarem
no DF, teriam de abandonar os serviços nessas localidades.
2015
» 29 de setembro
Após a renovação do Decreto de Estado
de Emergência, depois de nove meses de gestão, o governador Rodrigo Rollemberg
admite que a gestão poderia sanar a severa crise no setor, instalada em
dezembro de 2014.
2016
» 28 de junho
O Executivo local apresenta projeto de
lei que regulamenta a gestão das OSs na capital federal. A modificação amplia a
nível nacional o leque de instituições aptas a participar de contratos com o
governo. Além disso, cria mecanismos de fiscalização do processo. O texto foi
enviado ontem à Câmara Legislativa.
» 11 de julho
O GDF publica chamamento público no
Diário Oficial do Distrito Federal a fim de qualificar instituições. Essa é a
primeira solicitação do governo.
» 18 de julho
O Executivo local realiza diligência em
Goiás para conhecer o modelo do estado vizinho. Dessa vez, o governador Rodrigo
Rollemberg (PSB) comanda os trabalhos.Ele visita dois hospitais.
» 21 de setembro
O Tribunal de Contas da União (TCU)
desconsidera, por unanimidade, a obrigatoriedade de incluir os gastos com as
OSs na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Além disso, a Corte alega que o
modelo de gestão não pode ser considerado como terceirização.
Fonte: Otávio Augusto
– Fotos: Gustavo Moreno/CB/D.A.Press – Otávio Augusto/CB/D.A.Press Correio
Braziliense
O pior é que tudo é feito na maior cara dura, apesar de todo subliminarismo!
ResponderExcluirEsse é o amigo e financiador de campanha do Governador Rollemberg... Esse é o modelo que ele quer trazer para salvar a Saúde do DF... O povo morrendo e esses ladrões canalhas esbanjando!
Como acreditar no Brasil, como confiar nos órgãos de controle?
Terceirizações, gestão através de empresas ditas sociais na saúde pública do Estado, nada mais são do que grandes esquemas de corrupção!
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http://www.metropoles.com/brasil/saude-br/mouhamad-moustafa-o-barao-das-oss-faz-revelacoes-em-audios