Por: Igor Silveira,
O movimento de ocupação de espaços públicos em Brasília é uma das iniciativas mais positivas nesses 56 anos da capital federal. Especialmente quando se percebe que essas ações são propostas pela sociedade civil. É espontâneo, orgânico e nasce de uma carência criada e relegada pelos governos que passaram pelo Palácio do Buriti.
O Eixão, o Setor
de Diversões Sul — com destaque para a beleza de trabalho feito no Conic, na
região do Teatro Dulcina — e, mais recentemente, o Setor Comercial Sul (SCS)
são alguns exemplos de que, sim, é possível revitalizar esses locais com
criatividade, pouco dinheiro e muito, muito trabalho.
Tenho um
carinho especial, no entanto, pelo SCS. A Rodoviária do Plano Piloto e uma
estação do metrô logo ao lado garantem o acesso das pessoas de todas as regiões
do DF. O Parque da Cidade, também pertinho, é uma excelente opção de lazer. O
Setor Hoteleiro Sul, logo ali.
O tráfico
e o consumo de drogas, a prostituição e a insegurança que, há anos, são marcas
registradas do Setor Comercial Sul, aos poucos, vão dando lugar à cultura e à
economia criativa. “À medida que o fluxo de pessoas aumenta durante o dia e a
noite, maior a demanda por produtos e serviços, criando oportunidade para todos.
Nosso grupo tem desenvolvido projetos que fazem com que os brasilienses queiram
estar nesse lugar e, dessa forma, enxerguem com outros olhos o local, odiado
por muitos e amado por poucos”, comenta Caio Dutra, um dos responsáveis pelo
Coletivo Labirinto.
Desde o
início do ano, foram realizados eventos de todos os tipos e tamanhos. Festas
para milhares de pessoas e encontros para meia-dúzia de voluntários.
“Preocupamos-nos também com o processo de gentrificação, que é quando a
comunidade originária do local não consegue acompanhar as mudanças que ocorrem
ali. Por isso, a cada movimentação, nós criamos alguma atividade de integração
das pessoas do SCS. Entre essas atividades, construímos o varal social que fica
em frente à Agência do Trabalhador, na Quadra 6, e revitalizamos a passarela
entre o Edifício Oscar Alvarenga e o Edifício Planalto OK. Acreditamos que o
centro é o primeiro passo para que outras transformações aconteçam por toda
Brasília”, completa Dutra. E é mesmo. Vida longa ao SCS!
Por:
Igor Silveira – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google