Colocado em meio ao fogo cruzado entre o Executivo,
Legislativo e sindicatos, os brasilienses assistem aturdidos à queda de braço
entre as instituições enquanto penam por atendimento digno em portas de
hospitais, polícia, Detran, escolas e outras repartições públicas. Contrariadas
com a decisão do governo em não pagar os reajustes salariais, aprovados ainda
na gestão passada, diversas categorias do funcionalismo local vêm prometendo
acirrar o movimento de greves e até já deram um prazo para o GDF responder às
reivindicações: 26 de outubro. Em resposta o governo baixou, em edição extra do
Diário Oficial do DF, o Decreto nº 37.692, que, entre outras medidas, endurece
com os servidores grevistas. Assim que foi publicado, o decreto foi prontamente
submetido à Câmara Legislativa que, por 17 votos favoráveis e nenhum
contrário, derrubou a normapara o aplauso dos presentes nas
galerias.
Em meio à crise sem precedentes, com os cofres vazios e uma dívida
astronômica, o GDF está literalmente de mãos atadas. Mesmo as negociações
pretendidas com cada categoria individualmente ficaram prejudicadas ante a
perspectiva da falta crônica de recursos. Cientes dessa fragilidade momentânea
do GDF, os sindicatos armaram a estratégia de organizar o Movimento Unificado
de Defesa do Serviço Público para somar forças e pressionar o Executivo.
Olhando de longe, tudo parece dentro da normalidade de um Estado democrático de
direito.
O governo defende o orçamento curto, os sindicatos pressionam e a CL faz
o habitual jogo político, que consiste em atender a quem mais pressiona. Só
que, nessas disputas, o principal elemento que deveria ser observado, que é o
contribuinte, foi deixado de lado. Fosse submetido à apreciação da população,
que rala muito para pagar os altos impostos e tributos na capital, o Decreto nº
37.692, que nada mais faz do que obedecer ao que diz a Lei Geral de Greves,
acordada inclusive pelo próprio Supremo Tribunal Federal, (STF), seria
amplamente aprovado.
É bom que se diga ainda que todos aqueles distritais que estão sob
investigação da Justiça e que votaram contra o decreto, já perderam, perante a
opinião pública, qualquer possibilidade de representá-los. É bom ainda que o
governador seja firme em sua posição, exerça sua autoridade, num momento tão
delicado, e não se deixe intimidar por parlamentares oportunistas e
boquirrotos, grevistas irresponsáveis, sindicatos pelegos e toda uma esquerda
fajuta que a população já demonstrou, nas últimas eleições, que quer ver bem
longe.
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A frase que foi pronunciada
"No exercício do poder, sou um cidadão
multinacional. Multi-ideológico."
(Luiz Inácio Lula da Silva)
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio
Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google