Mesa
Diretora foi afastada em agosto; polícia e MP apuram suposta propina. Cabe
novo recurso; decisão poderia beneficiar outros distritais afastados.
"A Justiça do
Distrito Federal negou o pedido da deputada Celina Leão (PPS) para retornar à
presidência da Câmara Legislativa do DF, de onde foi afastada em agosto por
suposto envolvimento em esquema de propina. A ação se referia especificamente à
parlamentar e ao correligionário Raimundo Ribeiro, mas também poderia
beneficiar os três ex-secretários da Mesa Diretora que também foram
"depostos".
Celina pode
recorrer novamente da decisão. Dos 20 desembargadores que votaram, 11
defenderam a manutenção do afastamento, e os outros 9, o retorno de Celina à
presidência. Até as 16h50, o presidente do Conselho Especial, desembargador
Mario Machado, ainda analisava o caso de Raimundo Ribeiro, que estava empatado
em 10 a 10.
Relator dos casos
que envolvem a operação Drácon, deflagrada em agosto pelo Ministério Público e
pela Polícia Civil, o desembargador José Divino interrompeu as férias para a
sessão desta terça e deu voto favorável a Celina. Ele se afastou no último dia
13 e, no papel, só volta oficialmente ao posto em 11 de novembro.
O voto de Divino
foi vencido pelos outros desembargadores, que entenderam como justo o
afastamento de Celina e dos outros membros da Mesa Diretora durante as
investigações da operação Drácon.
Deflagrada em
agosto, a ação da Polícia Civil e do Ministério Público apura se os
parlamentares que comandavam a Câmara receberam propina para liberar emendas e
pagar dívidas do GDF com empresas de UTIs, "furando a fila" das
faturas que estavam pendentes.
Como argumento
para o regresso de Celina, o advogado Eduardo Toledo questionava o fato de a
decisão ter vindo de um desembargador plantonista. Segundo ele, era dispensável
o MP ter pedido o afastamento dos deputados no fim de semana.
“Não havia essa
necessidade, essa urgência, sobretudo quando o principal elemento que pautou a
ação foi o depoimento de Liliane Roriz, que aconteceu em 29 de julho, quase um
mês antes de ser submetido ao plantonista”, afirmou Toledo ao G1 antes
do julgamento do recurso.
O caso foi
julgado pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF, composto por 21
desembargadores. A corte é responsável por avaliar crimes comuns e habeas
corpus de governadores, secretários e deputados distritais, entre outras
atribuições.
Celina e os então
secretários Raimundo Ribeiro (PPS), Júlio César (PRB) e Bispo Renato Andrade
(PR) foram afastados no dia 23 de agosto, quando foi deflagrada a primeira fase
da Drácon. Com a renúncia da então vice-presidente Liliane Roriz (PTB), que
denunciou o suposto esquema, a Câmara vem sendo comandada pelo novo vice,
Juarezão (PSB).
Além dos
ex-membros da Mesa Diretora, o deputado Cristiano Araújo (PSD) também é
investigado. Nesta segunda (17), mandados de busca e apreensão foram cumpridos
na casa de ex-assessores de Celina e Andrade – os alvos são suspeitos de
ocultar provas, segundo o MP.
Entenda as
denúncias
Nos áudios feitos por Liliane, Celina fala sobre mudança de finalidade de uma
emenda parlamentar que direcionou R$ 30 milhões da sobra orçamentária da Câmara
a um grupo de seis empresas que prestam serviço de UTI. Segundo as denúncias, o
repasse acabou beneficiando deputados da Mesa Diretora.
Em entrevista
exclusiva à TV Globo, Liliane detalhou parte do suposto "acordo".
Segundo ela, a negociação tratava de uma "sobra orçamentária" de R$
30 milhões, destinada originalmente à reforma de escolas e unidades de saúde.
No começo de
dezembro, os distritais aprovaram uma mudança no texto, direcionando o aporte
para pagar dívidas do Palácio do Buriti com prestadoras de serviço em UTIs. O
esquema teria sido montado pelo distrital Cristiano Araújo. Pela denúncia, o
acordo envolveria repasse aos deputados de 7% sobre o valor das emendas.
Celina negou
irregularidades e disse que Liliane mentiu porque sente "inveja"
dela. Ela também adiantou que vai encaminhar documentos ao Ministério Público
para provar que não agiu de forma ilegal na destinação de recursos de emendas
parlamentares.
"A acusação
é falha porque a emenda é da deputada. A emenda é dela, da vice-presidente. Ela
que propôs. Se existe ilegalidade, ela que remoque responder", afirmou
Celina. Segundo ela, o termo "projeto" se refere ao texto da emenda.
Liliane seria
julgada pelo Tribunal de Justiça naquela quarta em um processo que poderia
cassar a possibilidade de ela se reeleger. A audiência foi adiada por falta de
quórum. "No dia do julgamento, ela tenta criar esse circo, colocando
suspeição sobre os deputados. Se ela tinha percepcao de ilegalidade, por que
ela propôs isso? Todo o trâmite tem que ser respondido por ela."
Do G1 DF
Nos áudios feitos por Liliane, Celina fala sobre mudança de finalidade de uma emenda parlamentar que direcionou R$ 30 milhões da sobra orçamentária da Câmara a um grupo de seis empresas que prestam serviço de UTI. Segundo as denúncias, o repasse acabou beneficiando deputados da Mesa Diretora.
Acho que vc não acompanhou o julgamento até o fim. O Deputado Raimundo Ribeiro teve o agravo provido e foi reconduzido ao cargo de Primeiro Secretario da CLDF. A decisão favorável ao Deputado Raimundo foi estendida aos Deputados Júlio César e Bispo Renato.
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