"Tenho convicção de que, independente de OS, a
população vai perceber melhorias na saúde em 2017"
Por: Ana Dubeux – Ana Maria Campos – Cristine Gentil
– Helena Mader
O governo descarta novos aumentos de
impostos em 2017, mas não abre mão de outra medida impopular, considerada
imprescindível para manter as contas públicas em dia: a reforma da Previdência.
Paralelamente ao projeto debatido no Congresso Nacional, o GDF vai propor uma
mudança na alíquota de contribuição dos servidores, atualmente de 11%. Alguns
estados aumentaram esse percentual para 14%. “É muito importante abrir esse
debate, senão a cidade corre o risco de não conseguir pagar os aposentados em
um prazo de cinco a 10 anos. A discussão sobre a mudança de alíquota precisa
ser feita, de forma aberta e transparente”, explicou o governador Rodrigo
Rollemberg, em entrevista ao Correio. Durante a conversa, o chefe do Executivo
fez um balanço das ações de 2016 e antecipou as medidas prioritárias para o ano
que vem.
Cobrado sobre promessas de campanha que
não devem ser entregues até o fim do mandato, como a ampliação do metrô, a
implantação da escola integral em toda a rede pública, a realização de
concursos e a construção de policlínicas, Rollemberg usou o caos financeiro
como justificativa para o descumprimento dos compromissos eleitorais. “Eu
comparo compromissos de campanha à intenção de uma família que planejou fazer
uma viagem nas férias e não contava com a crise econômica”, explicou. “Mas
conseguimos manter o salário em dia, garantimos o pagamento do 13º e de boa
parte da dívida que herdamos do governo anterior. Ainda iniciamos um conjunto
de obras e de ações muito importantes para a população de Brasília”,
acrescentou o governador. Ele ressalta que os senadores do DF poderiam
ajudar mais a cidade, em busca de recursos.
A menos de dois anos para a próxima
corrida pelo Palácio do Buriti, Rollemberg ainda evita cravar se será ou não
candidato à reeleição. “Estamos vivendo um momento de grandes desafios para a
cidade e para o Brasil. Só vou tratar de 2018 em 2018. Tenho uma
responsabilidade muito grande com Brasília, ainda que as medidas necessárias
tenham um custo político alto”, justificou.
O governador explicou ainda seu apoio
explícito ao distrital Agaciel Maia (PR) na disputa pela Presidência da Câmara
Legislativa. O parlamentar acabou derrotado por Joe Valle (PDT), apesar do
empenho de Rollemberg em prol de sua candidatura. “Sou uma pessoa muito
transparente. Para o ambiente político, tanto faz articular nos bastidores ou
explicitamente, todo mundo acaba sabendo da sua opção”. Durante a entrevista,
ele fez um mea-culpa: admitiu uma falha na interlocução com políticos que
ajudaram a elegê-lo em 2014. “Reconheço que há deficiências na articulação
política. A administração da crise econômica absorve muito e talvez a gente não
tenha dado a atenção ideal para esses aliados”.
Que balanço o senhor faz de 2016, um
ano marcado pelo embate com os servidores e pela falta de recursos?
Considero que tivemos um ano positivo,
especialmente se compararmos com a situação atual do país e de outras unidades
da Federação. Quando assumimos o governo, Brasília estava na pior situação e,
hoje, olhamos para estados ricos como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande
do Sul, que estão parcelando salários. Em Brasília, conseguimos manter o
salário em dia, garantimos o pagamento do 13º e de boa parte da dívida que
herdamos do governo anterior. Ainda iniciamos um conjunto de obras e de ações
muito importantes para a população de Brasília.
Quais foram as principais obras?
Citaria a infraestrutura de áreas como
Sol Nascente, Porto Rico, Vicente Pires, Buritizinhos e Bernardo Sayão. As
obras do Bloco 2 do Hospital da Criança estão bem adiantadas. Essa será uma
construção muito importante, que vai oferecer atendimento de média e de alta
complexidade de pediatria. No início de 2017, vamos inaugurar a estação de
tratamento de Águas Lindas, um empreendimento para garantir a qualidade da água
na Barragem do Descoberto, e estamos adiantados com a nossa parte na estação de
tratamento de água de Corumbá. Em janeiro, vamos inaugurar o aterro sanitário.
Estamos fazendo as obras do trevo de triagem norte, que vai melhorar muito a
mobilidade naquela área. A partir do ano que vem, vamos universalizar a
educação infantil para crianças de quatro e cinco anos. Embora tenha sido um
ano muito difícil, acho que estamos fechando com saldo positivo.
Qual a sua expectativa para 2017? Será
um ano mais difícil?
Tenho convicção de que será um ano
difícil. O Congresso Nacional e os estados terão que enfrentar pautas difíceis.
Mas nossa esperança é de que haja uma retomada da economia, ainda que leve.
Isso já traria resultados muito positivos para o DF.
Quais são essas medidas impopulares?
Elas serão tomadas em Brasília também?
O que me preocupa como governador de
Brasília é que todas as pautas que geram conflito e tensão acabam
sobrecarregando as nossas forças de segurança. E 2017 será um ano de grandes
manifestações na cidade. O Brasil tem que enfrentar o debate da Reforma da
Previdência. Isso tem consequências nas manifestações realizadas na
cidade.
Que avaliação o senhor faz da atuação
das forças de segurança nas últimas manifestações, quando houve muita
depredação?
A polícia cumpriu seu papel. É claro
que sempre é possível aperfeiçoar. Percebemos, nas últimas manifestações, que
há um conjunto de pessoas, a maioria vinda de fora, que estava com o objetivo
específico de promover confusão e depredação. E isso nós não vamos admitir.
O governo fará uma reforma da
Previdência local, aumentando a alíquota da contribuição dos servidores?
É muito importante abrir esse debate,
senão a cidade corre o risco de não conseguir pagar os aposentados em um prazo
de cinco a 10 anos. A primeira medida, que já enviamos à Câmara Legislativa, é
o projeto de lei da previdência complementar dos servidores que ingressarem no
serviço público a partir de agora. Quanto a isso, não haverá grande
dificuldade. Já o debate sobre a mudança de alíquota também precisa ser feito,
de forma aberta e transparente.
O senhor teve de usar recursos do
Instituto de Previdência dos Servidores (Iprev) em 2015 e em 2016. O GDF vai
recorrer a essa medida novamente nos próximos anos?
Espero que não. No primeiro ano,
precisamos usar um montante muito maior mas, agora, o valor foi muito menor. O
mais importante é que fizemos isso com muita responsabilidade. Repusemos todos
os recursos usados para pagar aposentados que entraram no serviço público antes
de 2006. Fizemos essa reposição com terrenos em áreas nobres da cidade, como
Noroeste e Águas Claras, o que vai dar solidez ao pagamento de aposentadorias
futuras. Agora, repusemos os recursos com ações do BRB e o Iprev passa a ser
sócio do banco.
O uso de recursos do Iprev é um assunto
controverso e há especialistas que indicam a existência de um risco futuro à
previdência dos servidores...
Fizemos uma negociação com os
sindicatos e trocamos terrenos a pedido deles. Percebemos muita satisfação por
parte dos sindicatos. Os técnicos do governo federal apreciaram a operação e
entenderam que ela era positiva para o Iprev.
Como o senhor disse, 2017 será um
período difícil e, além disso, será um ano pré-eleitoral. O senhor deve ser
candidato à reeleição, em um momento de falta de credibilidade do mundo
político? Como lidar com esse problema?
Tenho feito as coisas que precisavam
ser feitas para o DF. Tenho sido muito responsável com o futuro de Brasília,
tomando medidas necessárias, muitas vezes com custo político elevado. Estamos
buscando equilíbrio fiscal. Jamais aceitaria ser conhecido como o governador
que quebrou Brasília. Quero ser lembrado como o governador que equilibrou as
contas públicas, até porque isso é fundamental para colocar em prática as
políticas públicas. Estamos combatendo com rigor a cultura da grilagem de
terras e democratizando o acesso às áreas públicas com a desobstrução da orla
do Lago Paranoá e com a abertura da área à população. Vou continuar fazendo o
que entendo que seja correto e necessário.
Já resolveu se será candidato à
reeleição?
Estamos vivendo momento de grandes
desafios para a cidade e para o Brasil. Só vou tratar de 2018 em 2018. A melhor
forma é fazer o que precisa ser feito. Tenho uma responsabilidade muito grande
com essa cidade, ainda que as medidas necessárias tenham um custo político
alto.
O senhor evita antecipar o debate
eleitoral, mas seus potenciais adversários estão se preparando. Nas ruas, a
gente já vê adesivos de “Fora, Rollemberg”, assim como houve o “Fora, Temer” e
o “Fora, Dilma”. Acha que a disputa já começou?
O Brasil está passando pela maior crise
da sua história. Brasília não é uma ilha e também enfrenta esse problema,
causado pela irresponsabilidade fiscal. Estamos sendo extremamente
responsáveis. Tenho convicção de que no momento do debate político, onde há a
oportunidade de contextualizar as coisas, mostrar as medidas tomadas, e as entregas
à população, não pensando na próxima eleição, mas nas futuras gerações, grande
parte da população vai compreender o nosso esforço.
O custo político é grande
principalmente com relação aos reajustes aprovados no governo passado e não
pagos pela sua gestão. Isso pode derrotá-lo nas eleições?
Já percebo de parte dos servidores
públicos o reconhecimento da impossibilidade de darmos o aumento agora. As
pessoas preferem a garantia de ter o salário em dia, que é a segurança das
famílias, do que ter um aumento sem receber. Isso acaba com qualquer
planejamento familiar. O governo deve ser julgado ao fim da gestão. Não
adianta, especialmente em um momento de crise, em que temos que tomar medidas
duras em nome do equilíbrio fiscal, querer julgar o governo na metade do
trabalho.
O senhor tem recebido muitas críticas
de aliados que ajudaram a elegê-lo em 2014. Que avaliação o senhor faz da sua
relação com esses aliados?
Eu reconheço que há deficiências na
articulação política do governo. A administração da crise econômica absorve
muito e talvez a gente não tenha dado a atenção ideal para esses aliados. Mas
sempre é tempo de corrigir isso. Às vezes, a imprensa fala que não temos base
aliada na Câmara, mas aprovamos 95% dos projetos importantes que encaminhamos.
E graças a esses projetos, chegamos ao fim de 2016 em uma situação muito melhor
do que a maioria dos estados brasileiros.
Muitos deputados apoiam o governo
porque têm cargos, administrações regionais. Qual a mudança em relação a
gestões passadas?
Isso ocorre em uma escala muito menor
do que ocorria nos outros governos. As secretarias de Saúde, Educação,
Segurança Pública, as principais áreas, não sofrem interferência política.
Existe alguma composição política, mas é em um alcance menor. É claro que isso tem
aspectos positivos, mas amplia as dificuldades de convivência com a Câmara. Ao
longo dos últimos dois anos, tivemos uma relação com a Câmara muito
positiva.
As eleições para a Mesa Diretora do
Poder Legislativo sempre têm a influência do Executivo, mas essa articulação
normalmente ocorre nos bastidores. Desta vez, o senhor apoiou abertamente o
candidato Agaciel Maia, que acabou derrotado. Esse apoio explícito pode ter
atrapalhado?
Eu sou uma pessoa muito transparente.
Para o ambiente político, tanto faz articular nos bastidores ou explicitamente,
todo mundo acaba sabendo da sua opção. Eu fui muito franco, disse ao deputado
Joe, por quem tenho apreço e respeito, que eu precisava fazer uma opção, e que
a minha opção era pelo deputado Agaciel, que nesses dois anos foi uma pessoa
muito correta com o governo. Não tenho dificuldade nenhuma de convivência com o
deputado Joe e tenho certeza que teremos uma parceria muito positiva em defesa
dos interesses de Brasília.
Adversários declarados do senhor, como
os distritais Wellington Luiz (PMDB) e Raimundo Ribeiro (PPS), chegaram à Mesa
Diretora. Isso representa uma preocupação?
A Mesa Diretora é muito
presidencialista. Do ponto de vista político, é o cargo de presidente que faz
muita diferença. Nas comissões, será importante ter uma correlação de forças
importante. Mas qualquer que seja a composição, vamos buscar colocar os
interesses da cidade acima de outros. A população está muito atenta, se ela
perceber que algum político está colocando interesses pessoais e políticos
acima do seu cargo, para prejudicar a cidade, ele que estará em prejuízo.
A contratação de organizações sociais é
a principal aposta do governo para a saúde, mas a medida suscita grande
resistência de sindicatos, servidores e do Ministério Público. O governo tem um
plano B para melhorar a rede pública?
Tenho uma convicção firme de que a
implantação das organizações sociais nas UPAs seria muito positiva para a
população de Brasília e não criaria tanto conflito com os servidores da saúde.
A gente percebe que há resistência ideológica do MP e há resistência dos
sindicatos porque eles não querem que haja nenhum modelo de comparação. Isso
poderá fragilizar a posição dos sindicatos. Visitei várias organizações sociais
que administram equipamentos de saúde em São Paulo, em Goiás, com resultados
muito positivos.
Acredita que será possível vencer essa
resistência?
Se não existisse dificuldade, já
teríamos implantado esse modelo. Vamos tentar superar os obstáculos para
implantar as OSs. Mas estamos trabalhando em outras áreas para melhorar o
atendimento da saúde. Parte dos nossos problemas da área ainda é fruto das dívidas
que herdamos do governo anterior. Ainda devemos R$ 400 milhões da gestão
passada. Muitas vezes, empresas que fazem manutenção de equipamentos se recusam
a fazer novo contrato se não pagarmos as dívidas de 2014. Só agora, conseguimos
renovar os contratos dos tomógrafos e mamógrafos, conseguimos pagar as dívidas
ao longo deste ano. Esta semana, conseguimos regularizar o estoque de
antibióticos na rede. Mas é uma dificuldade muito grande para isso, muitos
medicamentos têm fornecedores exclusivos que se recusavam a fornecer o remédio
se não recebessem a dívida de 2014. Por outro lado, a redução da jornada da
saúde criou um problema muito grande. A população não sabe, mas todo servidor
da saúde hoje tem jornada de 20 horas e isso cria uma dificuldade muito grande
para compor escalas. Mas tenho convicção de que, independente de OS, a
população vai perceber melhorias na saúde em 2017.
Brasília ainda tem qualidade de vida,
mas a gente percebe o crescimento dos índices de criminalidade, especialmente
contra o patrimônio. Como deter o avanço da violência?
Conversamos com especialistas de
segurança pública, mostramos os dados, que são muito transparentes, e eles
ficaram muito impressionados positivamente. A violência tem aumentado muito nos
outros estados, mas em Brasília ela está sob controle. No ano passado, tivemos
o menor índice de homicídios por 100 mil habitantes dos últimos 22 anos. Este
ano, vamos fechar com o menor índice dos últimos 23 anos. Estamos com 15
homicídios a menos, em comparação com o ano passado. Por outro lado, tivemos
aumento dos crimes contra o patrimônio ao longo deste ano. Se a gente comparar
o período de setembro a dezembro do ano passado, quando já haviam sido adotadas
as audiências de custódia, com os mesmos meses deste ano, a gente vai perceber
que o aumento foi muito pequeno, o índice praticamente estabilizou.
As audiências de custódia aumentaram a
criminalidade?
Elas têm o aspecto positivo de
descomprimir o sistema prisional, mas, ao mesmo tempo, isso aumenta os crimes
contra o patrimônio porque o sistema prende e solta, prende e solta, e a pessoa
acaba cometendo o delito mais de uma vez. Em segundo lugar, temos as
influências das manifestações. Tivemos um processo de impeachment em que o país
esteve muito dividido, com risco de conflitos, e concluímos esse processo sem
nenhum incidente grave. Mas, toda vez que há uma grande manifestação, a gente
acaba deslocando um contingente muito grande de policiais para a Esplanada,
deixando outras áreas descobertas. Em terceiro lugar, a crise econômica
nacional leva ao aumento do desemprego e também pressiona os índices de crimes
contra o patrimônio. Estamos fazendo pesquisas para identificar as sete manchas
maiores de violência, com definição dos dias e horários em que os crimes
ocorrem com maior intensidade, para, a partir daí, ter uma atuação mais efetiva
das forças de segurança. Também vamos concentrar projetos sociais
proritariamente nessas áreas, com foco na juventude. Grande parte dos crimes é
cometida por jovens reincidentes.
Na área de educação, algumas das
principais promessas de campanha foram resolver a falta de creches, a entrega
de um tablet por aluno do ensino médio e a garantia da escola integral em todas
as escolas. Alguma dessas promessas vai sair do papel?
Eu comparo compromissos de campanha à
intenção de uma família que planejou fazer uma viagem nas férias e não contava
com a crise econômica. Muitas das coisas que prometemos na campanha, não vamos
conseguir cumprir na integralidade, ou não vamos conseguir cumprir no prazo que
gostaríamos. Como uma família atingida pela crise econômica replaneja uma
viagem, ou a festa de 15 anos da filha. O fato concreto é que muitos desses
compromissos estão sendo cumpridos, apesar da crise.
Para a área de educação, qual será seu
maior legado?
Em fevereiro, teremos universalizado a
educação infantil para crianças de quatro e cinco anos. Isso é um feito
extraordinário. Não podemos construir creches para atender essas crianças, mas
credenciamos 135 entidades e o governo vai pagar para essas crianças estudarem.
Conseguimos que todos os alunos do 3º ano fizessem o simulado para o Enem, e
fizemos o Bora Vencer, que é um programa de cursos para estudantes que vão
fazer o PAS e o Enem. Para implantar a escola em tempo integral, estamos
aguardando a conclusão da escola técnica do Guará, que ficará pronta no ano que
vem. Nessa escola, vamos desenvolver um projeto-piloto, e tenho convicção de
que vamos transformá-lo em um modelo de educação integral para o país. Vamos
integrar a rede de ensino à escola técnica, para garantir, a partir do segundo
semestre do ano que vem, o ensino integral para todos os alunos do Guará.
Depois, vamos ampliar para todas as regiões.
Como está sua relação com o
vice-governador (Renato Santana), depois de vários atritos públicos. Esses
episódios estão superados?
Combinei de conversarmos mais neste fim
de ano. O episódio está completamente superado. Tenho muito apreço pelo Renato
Santana, pelo Rogério Rosso e pelo Arthur Bernardes, que fazem parte do
governo.
E com o Reguffe? Ele fez críticas duras
ao seu governo em entrevista ao CB.Poder...
Mandei uma mensagem para o Reguffe,
quando deu aquela declaração. “Pau que bate em Chico bate em Francisco”, eu
disse. Ele ficou todo preocupado...
O que o senhor quis dizer com isso?
Da mesma forma como ele tem uma
avaliação do governo, eu tenho uma avaliação do mandato do Reguffe. Eu gostaria
de ver um senador de Brasília ajudando mais a cidade do que o senador Reguffe
ajuda. Eu reconheço que o governo tem muitas deficiências e muitas são de
desarticulação política. Gostaria de estar mais próximo do Reguffe, gosto dele,
e aquelas declarações em nada me afastam do senador. Mas aquilo pode servir
também para um alerta, para que eu possa me aproximar mais dele, mas para que
ele possa também se aproximar mais de Brasília.
Outra crítica que se ouve com
frequência é que o projeto para fazer eleição direta para administrador não
teve avanço. Foi criado um grupo de trabalho e ficou nisso. O senhor fará a
eleição?
A proposta está pronta e será
encaminhada para a Câmara Legislativa no ano que vem. Se não encaminhamos ainda
foi porque fizemos consulta pública, foram muitas sugestões, e tivemos que
fazer uma triagem, ver o que cabia e o que não cabia no projeto. E não tinha
ambiente político para encaminhar neste semestre. Quando a gente firma um
compromisso de campanha não quer dizer que faremos tudo no primeiro ou no
segundo ano de governo. E com toda a franqueza, ninguém imaginava que
viveríamos no Brasil dois anos de depressão econômica. É claro que isso mudou
os planos e dificultou as coisas. Reguffe fala em dar isenção de imposto para
remédios, num ambiente em que é preciso priorizar o aumento de arrecadação. Foi
o que disse a ele: não há a menor possibilidade agora. Lá na frente, quando as
coisas melhorarem, certamente vamos fazer.
Em relação aos dois outros senadores,
Cristovam Buarque e Hélio José, qual a avaliação que o senhor faz?
O Cristovam tem uma atuação política
muito focada no plano nacional. Sinto falta de ter senadores mais focados nos
temas do DF e na busca de recursos para a cidade. Temos R$ 750 milhões de
recursos de compensação previdenciária. Em dois anos, eu não vi nenhum
movimento dos senadores Cristovam ou Reguffe para ir ao Ministério da Fazenda
para ajudar a liberar esses recursos para o Distrito Federal. Isso não depende
do governador e o dinheiro não será para o governador, isso é para a cidade. Se
a gente tivesse conseguido esse recurso, talvez nem precisasse usar o dinheiro
do Iprev. E o senador Hélio também acho que pode e será bem-vindo se quiser a
ajudar a economia do DF.
O senhor começou o mandato aliado da
então presidente da Câmara, Celina Leão. Houve um rompimento e, agora, o senhor
apoiou a candidatura de Agaciel Maia. A Operação Drácon acabou ajudando o
senhor? Como será essa relação com a Câmara Legislativa a partir de agora?
No primeiro ano, tivemos um conjunto de
propostas aprovadas pela Câmara Legislativa que foram muito importantes para o
DF. A utilização do Iprev, o Refis, foram indispensáveis para que chegássemos
no fim do ano com o pagamento dos servidores em dia. Só tenho uma única queixa
com relação à Câmara Legislativa: ela fez uma CPI com o propósito desleal de
tentar associar a mim ou a minha família condutas irregulares, que jamais
tivemos ao longo da gestão. E o destino mostrou que algumas dessas pessoas que
estavam se utilizando da CPI para tentar impor ao governo um desgaste acabaram
expostas pela própria investigação do Ministério Público. E que não houve
envolvimento algum do governo nesse processo.
O fato de a deputada Celina Leão ter
ajudado a eleição do Joe Valle, na sua opinião, vai influenciar a Câmara contra
o seu governo?
Creio que não. Eu disse ao Joe que
tenho uma identidade de propósitos muito grande com ele, uma relação pessoal de
muitos anos. Ele é de um partido aliado do PSB desde o primeiro momento. Tenho
convicção de que não haverá dificuldade nenhuma nessa convivência entre governo
e Câmara Legislativa.
Esses pedidos de impeachment que
tramitam na Câmara o preocupam?
Não preocupam porque não há nenhuma
base jurídica nem política para isso.
Existe uma expectativa com relação à
reforma do secretariado que o senhor fará no primeiro escalão. A mudança será
feita para abrigar melhor os aliados?
Estamos chegando à metade do governo. É
momento de dar uma sacolejada e fazer com que o governo seja mais ágil em
algumas áreas. É também momento de fazer uma avaliação política, secretaria por
secretaria, para imprimir as mudanças necessárias para que o governo possa
entregar mais à população de Brasília. É claro que temos que fazer isso levando
em conta as forças políticas que estão na Câmara Legislativa e que estão
representadas na cidade. Mas as mudanças serão pontuais.
Na sua análise desses seis meses de
governo Temer, o Brasil está no caminho certo?
Temer assumiu num momento de grande
complexidade e dificuldade. Nesse sentido, temos de ser compreensivos. Entendo
que, para o bem do país, nós devemos buscar colaborar para que o governo supere
esse momento difícil e para que o país retome o desenvolvimento. Qualquer
disputa política deve ser deixada de lado.
Com Temer a relação é melhor do que era
com a Dilma?
Tenho uma facilidade de diálogo muito
grande com o presidente Temer e com o ministro (Henrique) Meireles. Acho que
com esse papel que acabei desempenhando de articular o fórum de governadores,
tenho convicção e digo isso com humildade, cumpri um papel muito importante de
construir uma agenda política positiva e produtiva para o país. Hoje, alguns
estados tiveram uma melhora significativa na sua situação em função da
articulação desse fórum de governadores. Abri um espaço de interlocução muito
grande.
O fato de o presidente Temer ter entre
seus principais assessores Tadeu Filippelli, um potencial rival político do
senhor, atrapalha ou já atrapalhou essa relação?
Não vejo como possa atrapalhar. A
presença de uma pessoa de Brasília só pode ajudar. Eu espero que todos os
políticos de Brasília ajudem a cidade neste momento. A disputa política vai se
dar em 2018 com toda a naturalidade.
O deputado Chico Vigilante, do PT,
apoia mais o seu governo do que muitos aliados diretos. Essa aproximação com o
PT numa eleição é provável?
A questão de 2018 será tratada em 2018.
Tenho que reconhecer que o deputado Chico Vigilante, embora seja muitas vezes
um crítico do governo, tem colaborado com temas de interesse da cidade.
Tem tido uma postura positiva em relação à cidade.
Desde o ano passado, havia o risco de
uma crise hídrica, o que acabou se confirmando. Os especialistas têm alertado
sobre a demora em tomar medidas de mais impacto, tanto da tarifa de
contingência quanto do racionamento. O senhor está certo de que as medidas
adotadas serão suficientes? Não teme chegar ao fim do mandato e ter de tomar
medidas mais impopulares ainda?
Todas as decisões em relação à questão
da água foram tomadas do ponto de vista eminentemente técnico. Não houve
nenhuma influência política. Hoje, cabe à Adasa e à Caesb definir o que deve
ser feito para garantir o abastecimento agora e futuro. Acompanho diariamente o
nível da barragem e estou realmente preocupado, mas tenho deixado essas
decisões serem tomados do ponto de vista técnico. Inclusive, quanto ao anúncio
de um possível racionamento, muitos me aconselharam, dizendo que haveria
desgaste político. Mas se essa for a decisão técnica, tem que haver esse alerta
à população. Agora, é importante registrar duas coisas: nunca um governo na
história de Brasília combateu a ocupação irregular do solo e a grilagem como
nós estamos combatendo, que é uma das causas da falta de água. E há 16 anos não
se fazia um investimento na ampliação da capacidade hídrica do Distrito
Federal.
O senhor acha que o governador Geraldo
Alckmin, do PSDB, com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, chega a 2018
como candidato do PSDB com apoio do PSB?
Alckmin é uma pessoa de grande
envergadura, que administra muito bem o estado de São Paulo e que tem muito boa
relação com o PSB. Quem serão os candidatos em 2018? É cedo para dizer. Até
porque há uma disputa política dentro do PSDB. Ele será candidato? Será pelo
PSDB? Se não for, será por outro partido? São definições que só teremos em
2018.
“Temer assumiu num momento de grande
complexidade e dificuldade. Nesse sentido, temos de ser compreensivos. Entendo
que, para o bem do país, nós devemos buscar colaborar para que o governo supere
esse momento difícil e para que o país retome o desenvolvimento"
"Não tenho dificuldade
nenhuma de convivência com o deputado Joe e tenho certeza de que teremos uma
parceria muito positiva em defesa dos interesses de Brasília"
"Da mesma forma como ele tem
uma avaliação do governo, eu tenho uma avaliação do mandato do Reguffe. Eu
gostaria de ver um senador de Brasília ajudando mais a cidade do que o senador
Reguffe”
“Cristovam tem uma atuação
política muito focada no plano nacional. Sinto falta de ter senadores mais
focados nos temas do DF e na busca de recursos para a cidade”
Por: Ana Dubeux – Ana Maria Campos – Cristine
Gentil – Helena Mader Fotos: Minervino Junior/CB/D.A.Press - Correio Braziliense
Avante Governador!
ResponderExcluirMedo do que?
Fé em Deus e bola para frente, sempre!