Foto- Google - Câmara Legislativa do DF
Com a judicialização da questão do reajuste das
passagens de ônibus e do metrô, e a vitória do Executivo no embate, as
oposições ao governo Rollemberg, finalmente, encontraram o mote político que
buscavam para justificar a declaração de guerra ao Palácio do Buriti,
arrebanhando para essa empreitada todo um conjunto de siglas que praticamente
tinham desaparecido do horizonte depois do desmonte do lulopetismo.
Não se enganem nessa questão. O que interessa de fato à parte
significativa da Câmara Legilativa do Distrito Federal (CLDF) não é
exatamente o peso dos reajustes no bolso do trabalhador. PSol, Juventude
Socialista do PDT, Central Geral dos Trabalhadores e outros grupos, que sempre
orbitaram como parasitas em torno do governo populista passado, querem
desestabilizar a atual administração a todo custo.
O que move esses grupos, sob a batuta da CLDF, é a disputa nua e crua
por nacos do poder. Os trabalhadores estão, mais uma vez, sendo usados como
massa de manobra. Com o desmascaramento dos oportunistas, o tempo das ilusões
ficou para trás e não dá mais para acreditar nas boas intenções dessa gente. Na
peleja sem heróis, o GDF deveria organizar um amplo debate, ao vivo, envolvendo
o corpo técnico do governo, o Conselho de Transporte, empresários e todos os
segmentos da sociedade verdadeiramente preocupados com a questão dos
transportes públicos, para que a razão e a verdade retornassem, naturalmente,
para o lado correto. É sabido que as fraudes na utilização dos
vales-transportes vêm se multiplicando a cada dia. É por esse bueiro, cuja
profundidade se desconhece, que escoam recursos públicos preciosos.
O que é preciso é que a população veja e entenda, de forma clara e
didática, o que dizem as planilhas e quais os meios reais de ajuste dos preços
das tarifas com base principalmente nos cortes de despesas desnecessárias e no
racionamento do sistema. Em tempos de inflação alta e de forte desemprego,
falar em aumento de tarifas é comprar briga com a população. Mesmo assim é
possível chegar a um consenso aceitável, que atenda a todas as partes,
principalmente os usuários que bancam o sistema. Para isso, o primeiro passo, e
talvez o mais difícil, seja organizar um sistema eficiente de comunicação entre
o GDF e a população.
O que não é razoável é querer atender a todos de forma plenamente
satisfatória, a menos que se faça como a maioria dos políticos que, nessas
horas, prefere optar pelo caminho mais fácil, empenhando a alma e a dignidade.
O que parece ser absolutamente impossível, nestas circunstâncias, é satisfazer
o apetite pantagruélico da classe política local e muito menos o dos grupos de
aproveitadores que rondam o governo como mariposas em volta da luz.
***
A frase que não foi pronunciada
“País desenvolvido não é aquele em que o pobre anda de carro. É aquele
em que o rico anda de transporte público.”
(Pensamento urbano)
Por Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio
Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google