Clip introduzido em coração para corrigir falha em válvula, que deixa de
'conter' sangue (Foto: Reprodução)
Espécie de
grampo introduzido por cateter evita ter de abrir tórax e pausar coração e
pulmão. Idosa foi primeira a passar por procedimento em Brasília.
Uma
idosa de Brasília foi a primeira paciente do Centro-Oeste a corrigir um
problema de insuficiência cardíaca com uma nova técnica que dispensa a
necessidade de “pausar” o coração e abrir o tórax, de forma não invasiva. O
procedimento foi feito em poucas horas e Idalia Calza pôde voltar para casa em
menos de três dias – contra oito dias em cirurgias convencionais.
Para
resolver um quadro de insuficiência mitral (quando há refluxo porque uma das
válvulas do coração deixa o sangue “voltar”), uma equipe de médicos instalou
uma espécie de grampo – o MitraClip – no local. Ele foi colocado com a ajuda de
um longo cateter pela virilha.
“Com esse
procedimento, você evita uma cirurgia a peito aberto, que obriga a parar o
coração e o pulmão, ligando tudo artificialmente. Isso tem consequência
principalmente para quem tem pulmão ruim, insuficiência renal ou quem é muito
idoso”, disse o cirurgião cardiovascular Marcus Vinícius dos Santos, que
conduziu a cirurgia.
Segundo o
médico, de 50 anos, o tempo de trabalho na sala de operação encurtou de cinco
horas para uma hora e meia. Ele afirma que mais da metade dos pacientes que têm
esse tipo de insuficiência cardíaca são desaconselhados a fazer a cirurgia
convencional porque sofrem de outros problemas, que podem se agravar com o
pós-operatório. Para ele, a nova técnica traz uma forma de contornar a
situação.
Cirurgião cardiovascular Marcus
Vinícius dos Santos, que conduziu procedimento no DF (Foto: Arquivo Pesssoal)
Aos 81 anos,
a pensionista Idalia Calza comemora em casa o resultado da cirurgia. “Graças a
Deus foi muito bem-sucedida. Estou muito bem. Achei espetacular. Não senti uma
dor de nada. Passei bem o resto do dia. Como a cirurgia foi no dia 23 de
dezembro, ainda deu tempo de comer a ceia em casa.”
O quadro
dela hoje é bem diferente daquele de antes da operação. “Era muito, muito
cansaço. Agora, só me lembro de quando acordei da anestesia e os médicos
estavam lá todos contentes porque deu tudo certo."
Não há
estudos que indiquem a quantidade de pacientes com insuficiência mitral no
Brasil. Nos Estados Unidos, são diagnosticados cerca de 500 mil casos por ano.
O problema é diagnosticado principalmente em exames de rotina. Em alguns casos,
são sentidos sintomas de anemia ou infecção.
Por Gabriel Luiz, G1 DF