Randolfe
levanta uma importante questão ética
Preocupado com eventuais influências
políticas na escolha do novo ministro do Supremo, o senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP) quer que o Congresso abra uma comissão para acompanhar as
investigações da morte do ministro Teori. “É uma coincidência e fatalidade
grande esse acidente ocorrer com o relator da Lava Jato. Há uma necessidade de
esclarecimento urgente do ocorrido, porque o próximo ministro será indicado por
alguns investigados da operação”, afirmou.
Randolfe fará um requerimento para
que a Comissão Representativa do Congresso Nacional (grupo de parlamentares que
atuam durante o recesso parlamentar) abra uma comissão de investigação externa
sobre a morte do ministro Teori. Pretende que a comissão seja instalada e possa
trabalhar ainda antes do retorno das atividades legislativas e das eleições
para a presidência do Senado, agendadas para 1º de fevereiro. Em seguida, a CCJ
receberá novos membros, presidente e vice.
APROVAÇÃO – Com a morte do ministro, a
CCJ do Senado fica sob os holofotes. A indicação do novo ministro que ocupará a
vaga no STF será feita pelo presidente Michel Temer, mas precisa ser aprovada
pela comissão e, em seguida, pelo plenário do Senado, em ambos os casos em
votação secreta.
Onze dos 81 senadores são
investigados na Lava Jato e estão entre os principais articuladores do Senado.
São nomes do porte de Romero Jucá (PMDB-RR), aliado de Temer, Ciro Nogueira
(PI), presidente do PP – partido com maior número de investigados -, Gleisi
Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, e o próprio presidente da Casa,
Renan Calheiros, recordista de inquéritos.
RENAN É COTADO – A expectativa é que um
senador do PMDB, partido com a maior bancada, assuma a presidência da CCJ.
Atualmente, o colegiado é presidido pelo senador José Maranhão (PMDB-PB), aliado
de Renan Calheiros. Apesar de deixar a presidência da Casa em fevereiro, Renan
deve continuar fazendo indicações para os principais cargos do Senado. Seu nome
é inclusive cogitado para assumir a CCJ.
Um senador
envolvido nas negociações para os principais cargos do Senado avalia que a Casa
não vai atuar para garantir uma rápida votação do novo ministro do STF, logo
após a indicação de Temer. No último caso de ministro da Corte morto no
exercício do cargo – Carlos Alberto Direito, em 2009 – passaram-se quase 45
dias entre a indicação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a posse
de seu sucessor no Supremo.
Fernanda
Guimarães, Ricardo Brito e Isabela Bonfim - Estadão