Júlio César Reis, presidente da Terracap
Na semana passada, o balanço da Terracap indicou
que a construção do Estádio Mané Garrincha provocou um prejuízo de R$ 1,3
bilhão à empresa. É possível reverter esse quadro?
A Terracap está se reestruturando para dar a volta
por cima. A construção do estádio gerou um rombo bilionário. A empresa sempre
alavancou seus empreendimentos com recursos próprios. Atualmente, estamos indo
ao mercado financeiro para buscar recursos e honrar com a infraestrutura de
empreendimentos lançados e vendidos em gestões passadas, quando vivíamos o auge
do mercado imobiliário. Esses recursos foram utilizados no estádio. Os
empréstimos servirão também para alavancar novos empreendimentos da companhia.
Estamos ainda reduzindo em 30% o quadro de servidores por meio de um PDI.
Quais empreendimentos são as apostas da empresa?
A venda direta, principalmente de lotes dos
condomínios da Etapa 2 do Setor Jardim Botânico, e a segunda etapa do Setor
Noroeste, além do Trecho 2 do Taquari. No caso do Noroeste, essa etapa foi
lançada pela Terracap no fim de 2013, mas a infraestrutura não foi feita. Vamos
concluir essa pendência para comercializar as demais unidades das quadras 103 a
107. Parte da segunda etapa já chegou a ser vendida, mas não foi totalmente
ocupada porque houve as licitações sem obras de infraestrutura. A Terracap vai honrar
esse compromisso, que deveria ter sido cumprido até 2014.
A transferência dos índios que ainda vivem no bairro está concluída?
Temos acordo com duas das três etnias, mas estamos
perto de fechar um acerto com a terceira etnia. Parte deles será transferida
para a área ao lado do viveiro de mudas da Novacap, no SOF Norte, e outros
pretendem voltar para o seu local de origem.
A Terracap vai investir em parcerias para melhorar
os resultados?
A Terracap lançou recentemente o edital para a
Granja do Torto. A licitação foi suspensa pelo Tribunal de Contas, mas
esperamos em breve reverter isso. Temos total segurança de que os procedimentos
adotados pela empresa foram adequados. Temos ainda o Biotic, que é um parque de
tecnologia da informação e biotecnologia, estamos em processo de contratação do
agente financeiro que vai estruturar o fundo de investimentos e distribuir os
títulos.
E a PPP do estádio? O Mané Garrincha vai deixar de
ser um elefante branco?
O projeto chamado Arenaplex engloba, além do estádio,
o ginásio Nilson Nelson e o complexo aquático Cláudio Coutinho. Já recebemos o
modelo de negócios da empresa que foi habilitada e estamos analisando essa
documentação, para submetê-la ao Tribunal de Contas até maio. A expectativa é
lançar o edital de licitação em julho. Com isso, será possível que o Mané
Garrincha sirva de palco para uma maior quantidade de ventos esportivos e
culturais, de maneira mais adequada.
O que muda na gestão daqui para a frente?
A atual gestão da Terracap e o governo estão focados
na governança e na transparência. Existem diversos desafios a serem enfrentados
e resolver o balanço era um deles. As contas da Terracap devem retratar a real
situação da empresa, para que ela possa ser compreendida e acreditada. Com
aprovação do balanço, demos um passo importante nesse sentido.
Por:
Helena Mader – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Breno Fortes/CB/D.A.Press –
Correio Braziliense