Os Amigos do Bem, de Samambaia, estão entre as
dezenas de grupos de quadrilha que animam as festas da temporada
Começou a temporada de festas juninas. As
comemorações, que atraem pessoas de todas as idades, vão até o mês que vem, com
muito colorido, cardápio típico e serão embaladas por grupos profissionais de
quadrilha
*por Mariana Niederauer
- Ana Carolina Alves
Comidas típicas, quadrilhas, decoração alegre e
muito forró. Esses são os principais ingredientes das festas juninas. Embora
muito comemorada em Brasília e no país todo, a festa tem elementos de várias
partes do mundo: a quadrilha veio dos antigos bailes franceses, o colorido era
uma tradição espanhola, os fogos de artifício vieram da China. As comidas se
originam de algo mais antigo que o próprio cristianismo: a tradição pagã, na
Roma Antiga, realizada para comemorar a chegada do verão europeu.
Para a
estudante Gabriela Borges, 25 anos, o período de festas juninas é o melhor do
ano. Desde pequena, ela frequenta as festanças, sejam as menos conhecidas,
sejam os grandes eventos que a capital sedia. “De qualquer forma, em
todas,sempre há muita animação e comidas típicas deliciosas. O povo
brasiliense, festeiro como é, começa com as comemorações logo em maio e só
termina em agosto”, conta ela.
O
presidente da Liga de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal, Bruno Anderson,
explica que as festas de São João só ocorrem entre junho e julho, mas as
comemorações chamadas de “São João fora de época” são comuns em Brasília.
Segundo ele, o fato de as festas serem familiares e animadas atrai a atenção de
promotores de eventos. Além disso, é uma forma de mostrar as tradições
regionais na capital.
O
historiador Gláucio Almeida explica que a paixão dos brasilienses por festas
juninas veio desde a construção da capital, especialmente pelo povo nordestino.
“Se a gente observar, em Ceilândia acontecem várias festas juninas e é também
uma das regiões onde mais se encontram nordestinos no DF”, diz. Segundo a
Companhia de Planejamento do Distrito Federal, 52,15% dos imigrantes de
Brasília são do Nordeste.
Circuito Brasília Junina
Para a subsecretária de Cultura do DF, Jaqueline Fernandes, as festas
juninas são uma das manifestações culturais mais fortes no Brasil e em
Brasília. Segundo ela, tradição é muito relevante em Brasília devido à capital
ser “um mosaico de culturas de todo o país”. A subsecretária adianta que, neste
ano, o governo trará duas ações oficiais para celebrar o São João: o Circuito
Brasília Junina e a transformação desse projeto em uma política de Estado.
Com isso,
o GDF espera promover as festas juninas e suas cadeias produtivas. Este ano
será a segunda edição do Circuito Brasília Junina, que passará por seis cidades
em 19 dias de evento. Cerca de 40 quadrilhas se apresentarão durante a turnê,
sendo que as duas melhores equipes serão selecionadas para participar do
Campeonato Brasileiro de Quadrilhas Juninas. Além disso, Brasília contará com
70 festas juninas espalhadas pela cidade.
Mas há
quem prefeira celebrar em casa. É o caso da psicóloga Ananda Martins, 26 anos.
Ela realizará a quarta edição do seu próprio arraiá. “Fiquei dois anos sem
fazer a festa e muitos amigos vieram me cobrar. Alguns já me perguntaram, bem
antes, se haveria festa este ano, só para poderem se programar. Festa Junina
não tem como ser ruim ,ainda mais na sua própria casa, compartilhando só com
pessoas queridas”, conta ela.
Tradição
Para algumas pessoas, as festas juninas e suas tradições vão além do
entretenimento. O presidente da União Junina — a federação brasiliense ligada à
Confederação Nacional de Quadrilhas Juninas e Grupos Folclóricos do Brasil
(Conaqj) — Hamilton Tatu, dança quadrilha há 28 anos, e é o fundador da
Quadrilha Pau Melado, de Samambaia. O grupo é heptacampeão no Campeonato
Brasileiro de Quadrilhas Juninas.
Hamilton
conta que a família toda faz parte da quadrilha. “Essa dança corre na minha
veia. É como se o movimento junino fosse a minha segunda casa. Para muitos de
nós que moramos nas cidades, a diversão é a prática da quadrilha. Se eu tiver
que morrer um dia dançando em um tablado de quadrilha junina, pode saber que eu
vou morrer feliz”, diz, emocionado.
Saiba mais -Origem medieval
A tradição começou na Europa medieval, e a princípio era chamava de
festa joanina, em homenagem a São João. Depois de alguns anos a igreja
acrescentou mais dois novos santos, São Pedro e Santo Antônio, e por causa
disso a festividade passou a ser chamada de festa junina. A cerimônia só chegou
no Brasil no final do século 16, por volta de 1580.
Programação
9/6
» Arraiá da Acadimia
Estádio Nacional Mané Garrincha (Eixo Monumental). Às 18h. Com Felipe
Araújo, Igor Galdino e mais, a festa é a raiz das festas juninas com muitos
shows. Ingressos: R$ 50, pista, e R$ 100, camarote. Classificação indicativa
livre.
» Arraiá Legis
Ascade (SCS; 3226-4506). Às 19h. Com uma boa dose de forró do bom, o
Clube Ascade comemora sua própria festa junina. Ingresso: R$ 30. Classificação
indicativa de 16 anos.
» Arraiá Mariano
Paróquia Nossa Senhora de Nazaré (SHIS QI 1, Lago Sul; 99136-1818). Às
19h. Com quadrilha e Santo Afonso, a festa ainda promete atraçõs musicais como
com Vitor & Rian, Trio Bala e Thiago Barros. Entrada franca. Classificação
indicativa livre.
» Arraiá da Paróquia Verbo Divino
Paróquia Verbo Divino (609 Norte; 3349-5101). Às 19h. Com a banda Forró
de Três Marias, a festa terá muita comida típica e diversão. Ingresso: R$ 3
(fixo). Classificação indicativa livre.
» Arraiá da Paz
Paróquia São Judas Tadeu (908 Sul; 98557-8580). Às 20h. A tradicional
festa da cidade — organizada pela comunidade Shalom — retorna a todo
vapor para mais uma edição de muita tradição, com o melhor das comidas típicas
e atrações como Raízes do Sertão, Trio Balançado e mais. Ingressos: entre R$ 10
e 35. Classificação indicativa livre.
» Festa Joanina
Minas Tênis Clube (SCEN). Às 19h. Com o grupo Trio Parada Dura, o duo
Danilo & Daniel e Henrique & Ruan, a festa promete muita música.
Ingressos: entre R$ 30 e 100 (referente a meia).
» Festa Junina do Colégio Santo Antônio
Colégio Santo Antônio (911 Sul). Às 12h. A abertura da festa terá um
almoço (porque comida é, sim, uma prioridade), e continuará com missa sertaneja
e show de Roni e Ricardo. Ingresso: R$ 8. Classificação indicativa livre.
» Festa junina da São Pedro de Alcântara
Paróquia São Pedro de Alcântara (SHIS QI 7). Às 18h30. Apelidado de
Arraiá da amizade, a festa é um prato cheio para comida boa, e convivência em
comunidade. Entrada franca. Classificação indicativa livre
» Festa junina do “M”
415 Norte. Às 19h. O bloco “M” convida todos para a 15° edição da festa.
Vai ter comida vegana e toda a tradição de uma boa festa junina. Entrada
franca. Consulte classificação indicativa.
» Festa junina da Paróquia São Pedro de Alcântara
Paróquia São Pedro de Alcântara (QI 7, Lago Sul). Às 18h. Comida típica
e muita música ao vivo. Um encontro com a máxima das festas juninas. Entrada
franca. Classificação indicativa livre.Samambaia Sul
» Festa da Paróquia Santo Inácio de Loyola
Paróquia Santo Inácio de Loyola (QN 311 cj C, lt 1, Samambaia Sul;
4102-8924). Às 18h. Promessa de festa junina completa: música, comida,
quadrilhas. Saindo da dieta? Destaque para a canjica e o creme de frango.
Entrada franca. Classificação indicativa livre.
10/6
» 3° Arraiá Med UCB
Estância Gaúcha do Planalto (Ship Tr 3, próximo ao ParkShopping). Às
19h. Com o grupo Raízes do Sertão, a festa dos universitários dá novo tom à
tradicional festa junina. Entrada por R$ 15 (meia). Classificação indicativa
livre.
» Arraiá da Acadimia
Estádio Nacional Mané Garrincha (Eixo Monumental). Às 18h. Com
Falamansa, Só Pra Xamegar e mais, a festa é a raiz das festas juninas com
muitos shows. Ingressos: R$ 50, pista, e R$ 100, camarote.
(*) Mariana Niederauer
- Ana Carolina Alves – Foto: Luis Nova/CB/D.A.Press – Correio
Braziliense