Calçadas serão reformadas: administração oferece mão de obra, cimento e
brita, e a comunidade, a areia
*Por Pedro Grigori
Espaço de lazer próximo à Ponte JK começa a ser
reformado graças à parceria entre a administração regional e empresários.
Violência, falta de manutenção de equipamentos públicos e atuação irregular de
ambulantes afastam investidores
A praça que dá as boas-vindas aos visitantes de um
dos principais cartões-postais de Brasília, a Ponte JK, começou a ser
revitalizada. Os equipamentos públicos quebrados e sujos, além dos casos de
violência destoavam da imagem do ponto turístico. Assaltos, sequestros e até
estupros colocaram a orla no mapa da violência da Secretaria de Segurança
Pública e da Paz Social. Agora, graças à parceria do governo com um grupo de 43
empresários donos de terrenos na região, a restauração do espaço saiu do papel.
O cenário encontrado é diferente do de meses atrás,
mas ainda traz preocupação. A fonte da praça está desativada. As lâmpadas e
tubulações foram roubadas, na parte interna do tanque, muita sujeira. Os
brinquedos de madeira foram pichados e o ferro enferrujado afasta as crianças
do local. Agora, as primeiras mudanças se desenham. No começo deste mês, a
Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) retirou todo o comércio
informal da área. Placas de trânsito foram instaladas e toda a sinalização
horizontal recebeu nova pintura. A calçada começa a ser adaptada para
cadeirantes e, segundo o administrador regional do Plano Piloto, Marcos Pacco,
dentro de um ano uma nova praça será entregue à população.
Há 10 anos, a Companhia Imobiliária de Brasília
(Terracap) dividiu a área próxima à Ponte JK e a vendeu para 45 empresários.
Restaurantes e bares foram instalados em uma das regiões mais nobres da
capital, porém nem mesmo a vista privilegiada conseguiu impedir que grande
parte acabasse falindo. Hoje, apenas sete empreendimentos permanecem abertos.
“A área foi invadida pelo comércio informal. Em fins de semana, até 60
vendedores dividiam lugar na orla, muitos lucravam até R$ 40 mil por mês.
Quando eles não queriam mais trabalhar, chegavam a vender o ponto, em uma área
que não é deles, por até R$ 50 mil”, explica o representante da Associação
Empresarial do Centro de Lazer Beira Lago (Aebl), Igor Soares.
Agefis intensificou fiscalização para coibir comércio sem autorização
Gerente do restaurante Otro Parrilla, Jailson Alves
viu a clientela diminuir diariamente devido ao clima de insegurança do local.
“Assaltos constantes, carros de luxo dos nossos clientes eram arrombados, sem
contar que o nosso estacionamento virou um motel, casais faziam sexo dentro dos
carros à luz do dia”, conta. A Agefis confirma a ação de ambulantes na região
no último ano e informa que a vigilância na área continuará a ser intensificada
para garantir que o comércio irregular não retorne.
Um dos empresários da associação, Ricardo Pina conta
que perdeu a locação de empresas multinacionais devido à bagunça na Orla. “Teve
um caso em que já estávamos com a negociação adiantada, só que, dias antes de
fechar o acordo, os representantes da empresa vieram ao local e, justo no dia,
havia um Funk Truck, um carro tocando música na maior altura, com várias
pessoas bebendo ao redor. No mesmo dia, eles cancelaram o negócio, dizendo que
a empresa deles não condizia com o local”, relembra Ricardo. Igor Soares
reafirma o desejo de restaurar a praça, e acrescenta que isso também trará
vantagens aos empresários e investidores. “Desejamos que essa revitalização
traga de volta o público dos nossos empreendimentos”, explica.
Trabalho conjunto
A parceria dos empresários com a Administração do
Plano Piloto começou há quase um ano. O administrador Marcos Pacco destaca a
importância da colaboração para tornar a obra viável. “É de conhecimento da
população os problemas de caixa do governo, por isso, a parceria com a
comunidade é importantíssima. O grupo de empresários do Beira Lago decidiu
apadrinhar a praça e nós estamos trabalhando juntos. Hoje, por exemplo, fizemos
a obra das calçadas, a administração entrou com a mão de obra, cimento e brita,
e a comunidade, com a areia”, explica.
Os planos do grupo e da administração são
grandiosos, entre eles, estão a construção de um viaduto que facilite o acesso
à orla, a fomentação de eventos esportivos e culturais e até uma roda gigante
com vista para o lago. “É importante deixar claro que não se trata de uma
privatização. A orla é do povo, em nenhum momento ela será fechada nem
cobraremos entrada”, garante o administrador do Plano Piloto.
Entre os moradores da região, a revitalização da
praça é aprovada. “Parei de frequentar a praça por culpa da violência, sem
contar toda a bagunça na região. Acho muito bom o projeto de revitalização,
acredito que deveria ser algo feito apenas pelo governo, mas, como está sem
condições, vejo com bons olhos a parceria com a comunidade”, conta a servidora
pública Rosa Sousa, moradora do Lago Sul.
Melhorias
Ações programadas para revitalizar a Orla do Lago Paranoá próxima à Ponte JK
» Limpeza
Melhorias
Ações programadas para revitalizar a Orla do Lago Paranoá próxima à Ponte JK
» Limpeza
» Acessibilidade para cadeirantes
» Retorno para facilitar o acesso à Orla
» Instalação de banheiros
» Revitalização da fonte d’água
» Restauração do parque infantil
(*)Pedro
Grigori* - * Estagiário sob supervisão de
Mariana Niederauer - Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Correio Braziliense