No primeiro semestre, os oito deputados do DF destinaram R$
1,3 milhão a gastos como consultorias, divulgação de mandato, locação de
automóveis e combustível
*Por Ana Viriato
O deputado Alberto Fraga (DEM/DF) encabeça a lista dos mais
gastadores, Em
anos pré-eleitorais, a massiva divulgação sobre feitos políticos e o incremento
da comunicação com o eleitorado são essenciais aos deputados — afinal, é hora
de preparar o campo para disputar a reeleição ou cargos majoritários. Pensando
nisso, os parlamentares têm investido pesado na própria imagem.
Apesar de serem apenas oito os representantes do Distrito
Federal na Câmara dos Deputados, o gasto da verba indenizatória é alto. No
primeiro semestre do ano, os parlamentares gastaram R$ 1.303.587,03 — a cifra
subiu cerca de R$ 200 mil, em relação aos gastos durante os seis primeiros
meses de 2016. Representa um acréscimo de 18% no total. As maiores despesas
referem-se à divulgação das atividades (R$ 596.497,98); à contratação de
consultorias (R$ 372.355,06); à locação de automóveis (R$ 135,7 mil); e à
compra de combustível (R$ 80,8 mil).
Izalci aparece
como o segundo no ranking. Na disputa pelo GDF, ele destinou mais verba para
consultorias.
O deputado Alberto Fraga (DEM/DF) encabeça a lista dos mais
gastadores. As despesas dele atingiram R$ 218,2 mil; média de R$ 36,3 mil ao
mês. A maior rubrica do democrata deu-se com a autopromoção, em um total de R$
176,6 mil. Houve investimentos na manutenção do site, na criação de peças
publicitárias, na finalização de materiais informativos e na publicação de
vídeos em redes sociais. O parlamentar também teve à disposição, por quatro
meses, um carro Elantra, pelo custo mensal de R$ 4,8 mil.
Por meio de vídeos, divulgados nas redes sociais, Fraga, por
exemplo, rebateu notícias relacionadas à denúncia que ele responde no Supremo
Tribunal Federal, por supostamente ter cobrado propina de cooperativas de
transporte quando era secretário da área. “Meus amigos, como vocês sabem, meu
nome não está na JBS, na Odebrecht e em nenhum escândalo político nacional.
Agora, meus adversários que sabem que meu nome está competitivo para disputar a
legenda do Buriti ficam requentando notícias de 15 anos atrás”, afirmou.
Fraga também usou as redes sociais para comemorar a
condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses
de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá,
decretada pelo juiz Sérgio Moro. Líder da bancada da bala, Fraga se coloca como
provável candidato ao Palácio do Buriti ao Senado.
Segundo no ranking, Izalci Lucas (PSDB/DF) destinou a maior
parte dos recursos — R$ 123,1 mil — à contratação de consultorias jurídicas,
para a elaboração de projetos, e de marketing e publicidade. A segunda maior
despesa do pré-candidato ao Palácio do Buriti foi com divulgação da atividade
parlamentar, em um total de R$ 68.996,80. Todos os gastos do tucano atingem R$
215,5 mil.
Entre os temas que ele mais tratou, está a participação como
presidente da comissão mista que discutiu a MP 759/16, relacionada à
regularização fundiária em todo o país, com impacto na questão dos condomínios
do Distrito Federal. Izalci trabalha muito para se consolidar como o candidato
tucano ao GDF. Nas redes sociais, ele tem divulgado também o contato com
políticos do PSDB que podem ajudá-lo nesse objetivo, como o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria.
O deputado Laerte Bessa (PR) é o terceiro da lista, com R$
208,9 mil. Do montante, R$ 77 mil destinaram-se à divulgação do cotidiano
parlamentar em veículos de comunicação e em mídias sociais. O deputado ainda
gastou R$ 60 mil na locação de dois veículos — um Voyage e uma Land Rover.
Laerte Bessa é o que mais gasta com aluguéis de
carros. Ele locou neste ano um voyage e uma Land Rover
No primeiro semestre do ano passado, como agora, Laerte Bessa
foi quem mais registrou despesas com aluguel de carro. À época, ele gastou R$
46,7 mil. De janeiro a maio, ele alugou dois veículos todos os meses. Além de
pagar pelo uso de uma caminhonete Amarok, ele alugou ainda um Land Rover
Discovery, um Jetta, um Voyage e um Fiat Línea alternadamente.
Entre os temas mais abordados por Bessa no mandato, está a
defesa das reivindicações salariais de policiais civis, sua base eleitoral, e
os gastos do Fundo Constitucional do DF.
O deputado Roney Nemer (PP) aparece em quarto lugar, na lista
dos maiores gastos (R$ 167.351,92). Em seguida, está Augusto Carvalho (SD), com
R$ 148.713,46. Ronaldo Fonseca (Pros) destinou R$ 128.562,60. Rogério Rosso
(PSD) é o penúltimo do ranking, com R$ 126.516,30.
Dos oito deputados que integram a bancada do DF, Érika Kokay
(PT) foi a que menos usou recursos da cota parlamentar. A petista destinou R$
89.707,98, principalmente a consultorias (R$ 42.160,00), divulgação de mandato
(R$ 26.838,10) e combustível (R$ 14.208,03). Ela é atuante nas redes sociais,
principalmente em temas como direitos humanos e ataques ao presidente Michel
Temer.
As bancadas das 27 unidades da Federação têm valores
diferenciados para o teto da cota, principalmente por conta dos preços das
passagens aéreas. Os deputados do Distrito Federal podem gastar mensalmente R$
30.788,66. Com esse valor, eles podem comprar bilhetes aéreos, pagar contas de
telefone e de restaurantes, serviços postais, gasolina e serviço de segurança.
Os parlamentares ainda podem usar esses recursos para alugar escritórios de
apoio, contratar consultorias e participar de cursos e palestras.
Contraponto - Primeiro no ranking de gastos, Alberto Fraga declarou que o
subsídio é gasto “com a prestação de contas para a sociedade”. “Faço a
divulgação de nossos feitos, da agenda, do que está em trâmite. É importante
que exista essa comunicação entre deputado e eleitor. Além disso, gastei apenas
o valor previsto em lei”, apontou.
O tucano Izalci Lucas justificou os gastos com a produção na
Câmara Federal — o parlamentar participa de cinco comissões permanentes e
integrou outras duas especiais. “Quem trabalha muito gasta muito. Ser
vice-líder do PSDB na Câmara e estar presente em variados colegiados demanda
uma assessoria técnica especializada. É preciso medir o custo-benefício”,
argumentou.
Laerte Bessa destacou que o uso da verba indenizatória está
dentro dos parâmetros legais. “Os maiores gastos são com o aluguel de carros
que garantem a atividade parlamentar e com a divulgação do cotidiano da Câmara
dos Deputados, algo necessário ao eleitorado”, pontuou.