Seca faz parte das características do cerrado. No
entanto, baixa umidade provoca desconforto e afeta a saúde - Estiagem seguirá até a segunda quinzena de setembro, diz Inmet.
Temperaturas altas e umidade do ar baixa continuam
Não há muitas sombras na capital
federal. E como faz falta um refresco nesta época do ano. Com temperaturas
acima de 30ºC e a umidade relativa do ar com picos de 20%, o brasiliense tem
sofrido com o clima semiárido. Não é só impressão que o tempo está cada dia
mais quente e seco — ontem, tivemos a segunda temperatura mais alta do ano.
Para acentuar a secura, o DF está há três meses sem chuva. O alento ainda está
longe, segundo meteorologistas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Não há previsão de pancadas para a cidade.
Durante três dias seguidos, na última
semana, a umidade do ar ficou em valores abaixo de 20%. O índice ideal é de
60%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Defesa Civil decretou
estado de alerta na última semana. Pelo menos até a segunda quinzena de
setembro, o clima desértico deve se manter, como destaca o serviço
meteorológico. A situação está realmente mais difícil. Com a crise hídrica, a
celeuma fica ainda mais grave.
O domingo teve índices extremos. A
temperatura ficou próxima do recorde do ano. Ontem, os termômetros marcaram
32,1ºC, logo após o almoço. Em 9 de janeiro, dia mais quente de 2017, o Inmet
registrou 32,2ºC. A umidade do ar ficou em 16%. “Tem uma massa de ar seco
atuando fortemente no DF. Hoje, a umidade vai aumentar um pouco, mas depois
volta a ficar extremamente seco”, destaca a meteorologista do Inmet, Maria das
Dores.
Para aliviar a sensação, é preciso
tomar muita água e evitar exposição ao calor (leia Para preservar a saúde).
Além dos problemas respiratórios, o tempo seco pode causar dores de cabeça,
irritações nos olhos, nariz, garganta e pele. “O essencial é manter a
hidratação, que pode ser feita também com os sucos de fruta naturais, água de
coco, verduras e frutas suculentas”, alerta o infectologista Eduardo Espíndola,
especialista em doenças respiratórias.
Ontem, o comerciante Anselmo Arruda
Alencar, 54 anos, levou a família para almoçar em uma churrascaria na Asa Sul.
O calor e as árvores não passaram batidos durante o passeio. “Quando saímos do
restaurante, levamos um susto! Como estávamos num ambiente climatizado,
sentimos muito a diferença”, conta o morador do Guará.
Brasília é a casa dos Alencar há mais
de três décadas, mas o clima ainda surpreende. “A cidade é feita de extremos:
ou está muito frio ou o calor é de esmorecer. Constante mesmo é só a seca”,
brinca. A meteorologista Maria das Dores concorda. “Climaticamente, não tem
nada de novo. Às vezes, a sensibilidade de alguns moradores é maior que a de
outros. Há também dias que se destacam, mas atualmente está tudo dentro do
esperado para o período”, explica.
O tempo impõe seu ritmo próprio na
capital federal. Se enfrentar o clima nos últimos dias está complicado, a
cidade já teve momentos ainda mais quentes. O menor índice de umidade relativa
do ar foi 10%, nos anos de 2002 e 2004. O maior período sem chuvas já
registrado no Distrito Federal foi em 1963, com 164 dias de seca na cidade. No
ano passado, foram 114 dias sem uma gota d’água cair do céu.
Sem chuva, a situação do abastecimento
na cidade fica ainda mais delicada. Ontem, os reservatórios estavam com níveis
preocupantes. A bacia de Santo Antônio do Descoberto — responsável pelo
fornecimento de água para 60% do DF — registrava 33,6% da capacidade total. A
reserva de Santa Maria estava com 39,96%. “Ainda não sabemos se vai chover
dentro da média esperada ou se a haverá estiagem”, alerta Maria das Dores. A
chuva esperada para os próximos meses é de 200mm. No ano passado, por exemplo,
esse índice foi ainda menor.
Para preservar a saúde
Saiba como driblar a seca e aumentar o
bem-estar: Aumentar
a ingestão diária de líquidos e beber, pelo menos, dois litros de água por
dia.- Evitar os banhos prolongados com água quente, bem como o uso
excessivo de sabonete para não ressecar a pele.- Evitar manter ligado, por
muitas horas, aparelhos de ar-condicionado -Colocar toalhas molhadas e bacias
com água nos quartos e usar umidificadores de ar.- Escolher roupas leves, como
camisetas e shorts, se possível, de algodão.- Evitar exercícios físicos no
período entre as 10h as 17h. - Usar cremes hidratantes e protetor solar em
abundância.- As crianças e os idosos, suscetíveis a problemas respiratórios,
exigem atenção redobrada.
Fonte: Defesa Civil - 32,1ºC - Temperatura
registrada ontem. Essa é a segunda mais alta este ano no DF
Por Otávio Augusto - Foto: Luis Nova/CB/D.A.Press
- Correio Braziliense