Servidores mapeiam problemas e fazem a ponte com
órgãos públicos para buscar solução. Na DF-140, faixa de pedestres próximo a
uma escola ganhou pintura nova. Foto: Tony Winston/Agência Brasília
Servidores mapeiam problemas e fazem a ponte da
comunidade com órgãos públicos para buscar solução. Na DF-140, faixa de
pedestres próximo a uma escola ganhou pintura nova
Por onde José Raimundo Pinto, de 60 anos, passa no
Núcleo Rural Tororó, em Santa Maria, os moradores o reconhecem. Desde o início
do ano, Bigode, como o chamam, é articulador territorial da região.
Ele e outros 29 servidores do governo de Brasília são responsáveis,
entre outras coisas, por mapear problemas locais e levá-los ao conhecimento
dos órgãos públicos.
Lotados na Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, eles
são responsáveis pelo território do Distrito Federal. Todos foram nomeados por
já exercerem algum tipo de liderança comunitária.
“Essas pessoas foram escolhidas exatamente por terem um conhecimento da
região. É a comunidade ganhando força para cobrar a solução dos problemas”,
resume o subsecretário de Gestão da Informação da pasta, Marcelo Durante.
"É a comunidade ganhando força para
cobrar a solução dos problemas" -(Marcelo Durante, subsecretário de Gestão
da Informação, da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social)
José Raimundo, por exemplo, foi presidente do Conselho Comunitário de
Segurança (Conseg) do Núcleo Rural Tororó duas vezes antes de se tornar um
articulador territorial. Agora, ele integra o colegiado como um representante
do governo.
Os pontos identificados com problema são georreferenciados e destacados
em um mapa na internet com fotografia e data de visita.
Cada reclamação é acompanhada mensalmente, até que esteja completamente
solucionada. Pinos vermelhos simbolizam as demandas que ainda não começaram a
ser resolvidas; verdes, as que estão sendo solucionadas; e amarelos, as
entregues.
As queixas chegam principalmente por meio das reuniões do conselho,
levadas pela própria população.
Demandas mapeadas por
código
Cada pedido feito pela comunidade é colocado no mapa pelos articuladores
por meio de um código, acompanhado pela Secretaria da Segurança Pública. São 31
itens que variam de lugares ou carros abandonados a via pública sem iluminação
ou com lixo ou entulho.
Para o subsecretário Durante, esse cadastro de desordens funciona como
uma forma de controle de ações ligadas à segurança pública, mas que não
necessariamente são responsabilidade de órgãos da área, como a Companhia
Energética de Brasília (CEB), a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb)
ou o Serviço de Limpeza Urbana (SLU). “É uma rede para controlar a situação de
criminalidade e de medo”, avalia.
Para o morador do Tororó Elvis Cardoso, de 35 anos, Bigode é a ponte de
que a comunidade precisava para chegar até o governo. O porteiro é um dos mais
de 200 habitantes que integram o grupo de WhatsApp administrado pelo
articulador e aprova o trabalho. “Ele aproxima o povo do policiamento”, elogia.
Na DF-140, a faixa de pedestres em frente ao Centro de Ensino
Fundamental Jataí foi um dos mais recentes pontos amarelos que o articulador
territorial Bigode inseriu no mapa, há cerca de três semanas. A passagem estava
apagada e causava preocupação em quem transitava por lá.
O cadastro alimentado pelos
articuladores mapeia pontos de criminalidade, como locais para consumo de
drogas e com barulho de tiro
Além da pintura da faixa, o local ganhou sinalização ao longo da pista
para facilitar a visibilidade dos motoristas. “Isso foi muito importante para a
gente. Aqui já teve acidentes por falta dessa sinalização”, conta o supervisor
administrativo da escola, Cláudio Sérgio de Araújo.
Retorno das demandas
aos moradores é prioridade
André Luiz de Lima Lopes, de 34 anos, nasceu na Asa Sul, onde mora até
hoje. Membro do Conseg do Plano Piloto, ele também é articulador territorial,
responsável ainda por áreas como a Vila Telebrasília, a Granja do Torto e o
Varjão.
A principal demanda local, segundo ele, é a manutenção de calçadas
quebradas, além de roçagem e retirada de entulho. André considera gratificante
acompanhar de perto as reivindicações apresentadas pelos moradores e lhes dar
retorno. “Nem que a gente só diga o porquê de não fazer agora já é importante.
As pessoas veem que estamos trabalhando para o bem delas.”
Trabalho ainda é novo
O trabalho dos articuladores territoriais começou em março e é parte
importante do principal programa de governo para a área de segurança pública,
o Viva Brasília — Nosso Pacto pela Vida.
“Existia essa participação de outros órgãos além dos de segurança, mas não se
falava a eles o que se esperava que fizessem”, destaca Marcelo Durante.
Além de áreas críticas que contribuem para o medo da população, o
cadastro alimentado pelos articuladores territoriais mapeia pontos de
criminalidade, como locais para consumo de drogas ilegais, lugares com barulho
de tiro e com pessoas que andam armadas.
Combate ao medo é
novo pilar do Viva Brasília
O combate ao medo é uma das novas prioridades do Viva Brasília, repactuado em 24 de
agosto. Isso porque, mesmo com a queda dos índices de violência no
DF, a sensação de insegurança na sociedade tem aumentado.
De acordo com Durante, um bom exemplo para o contraste é o Recanto das
Emas, onde a sensação de medo é mais presente segundo levantamento da
secretaria. A região, por outro lado, é a com a maior queda no número de
homicídios no acumulado do primeiro semestre.
Galeria de Fotos: - ( goo.gl/2pYsp8 )
Agência Brasília