Projeções
de como deve ficar o MAB após a reforma, segundo a Secretaria de Cultura
- Orçada
em cerca de R$ 9 milhões, a obra vai recuperar o prédio que está abandonado, e
fechado desde 2007
*Por Nahima Maciel
Os últimos passos para o início da reforma do Museu de Arte
de Brasília (MAB) foram dados durante a semana, quando o secretário de Cultura,
Guilherme Reis, assinou a ordem de serviço que permite o início das obras.
Agora, o órgão aguarda a liberação de um financiamento do Banco do Brasil (BB)
para começar a mexer no prédio, que fica no Setor de Hotéis e Turismo Norte
(SHTN), ao lado da Concha Acústica.
Orçada em cerca de R$ 9
milhões, a obra vai recuperar o prédio que está abandonado, e fechado desde
2007, em consequência de uma recomendação do Ministério Público. Segundo Reis,
a licitação foi feita e a empresa responsável pela obra será a Engemil
Engenharia, com sede em Brasília. “Foi dada para essa empresa uma ordem de
serviço, mas falta o financiamento da obra. Para que haja aderência a esse
financiamento, estou trabalhando feito doido hoje para entregar a documentação
necessária. E ainda está faltando um alvará para começar a obra”, destaca o
secretário.
Inicialmente, a obra seria financiada
pela Terracap, mas, temendo uma eventual suspensão dos trabalhos por conta de
sucessivas crises financeiras, o Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu
financiar a reforma. “Se verificou que haveria dificuldade e poderia ter
descontinuidade. E não dá mais para parar nada. Indo para o BB, esse dinheiro é
depositado integralmente e garante a continuidade da obra no tempo certo e no
andamento contínuo sem interrupção”, garante o secretário de Cultura. A
intenção é, caso o financiamento seja liberado, fazer um ato com os artistas da
cidade para marcar o início da obra ainda na próxima semana.
Atualmente, o prédio que abrigou o MAB
durante mais de duas décadas está completamente abandonado. A reforma, além de
recuperar a estrutura do edifício, vai criar um espaço adequado às normas
técnicas exigidas pela museologia, com direito à reserva técnica e climatização
abastecida com energia fornecida por painéis solares que serão instalados no
teto.
Imagem de 2016 denunciava o abandono do museu
Climatização - A saga do MAB é antiga. O museu foi alvo
de algumas licitações e projetos de reforma que prometiam instalações à altura
de um acervo que inclui Tarsila do Amaral e Iberê Camargo, mas, na maioria das
vezes, se tratava apenas de uma maquiagem. Infiltrações, reserva técnica que
ficava em um porão e não comportava a quantidade de obras nem a climatização
adequada, sol que batia diretamente nas obras eram alguns dos problemas do
prédio. As condições eram tão ruins que obras como uma pintura de Tomie Ohtake
foram danificadas.
No ano passado, o MAB chegou a ganhar um
projeto básico e licitação, que acabou suspensa por conta da crise financeira
enfrentada pelo GDF. Na época, a obra estava orçada em R$ 3. 245.985,92, valor
considerado insuficiente para completar a reforma necessária ao prédio. Foi
então feito outro projeto e outra licitação, dessa vez incluindo o valor total
da obra, três vezes maior que o projeto do ano passado.
O MAB foi criado em 1985 e, desde então,
ocupou o prédio ao lado do Hotel Brasília Palace. No local, funcionaram uma
casa de baile e uma churrascaria. O acervo do museu é formado por 1.360 obras e
tem alguns dos melhores nomes da arte brasileira. Desenhos de Tarsila do
Amaral, pinturas de Tomie Ohtake, Beatriz Milhazes e Nuno Ramos, esculturas de
Amilcar de Castro e Franz Weisman estão na coleção, hoje guardada na reserva
técnica do Museu Nacional da República. Eventualmente, o diretor dessa
instituição, Wagner Barja, monta exposições temporárias para que o acervo não
fique longe dos olhos do público.