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Centro de Convenções Ulysses Guimarães - "A queixa da vez..."

A queixa da vez...

*Por Jane Godoy

Daqui deste espaço, que transformamos, ao longo dos anos, numa verdadeira tribuna, mesmo sabendo que não adianta muito protestar, pois parece que muita gente tem “ouvidos mocos” nesta cidade.

Mas, levando em consideração as dezenas de vezes em que fomos atendidos e tivemos a alegria de ver os problemas solucionados, para felicidade geral, a gente vai insistindo, falando, falando, apontando, mostrando, comentando, às vezes esbravejando, sempre na esperança de encontrar, um dia, alguém que pense no caso e decida dedicar mais atenção à situação apontada e, por que não? Resolvê-la.

A”bola da vez” é a carência de estacionamentos nos pontos mais cruciais da cidade, resultado da falta de planejamento prévio, quando foram feitos os projetos dos teatros e demais edificações que, a princípio, deveriam imaginar o consquente e intenso fluxo de pessoas em seus carros que, é óbvio, precisam de parques de estacionamento de portes médios e grandes, conforme a demanda do local.

Se formos enumerar, esta página ou até mesmo este caderno não daria para que todos fossem apontados e discutidos.

Atendendo a constantes pedidos e sugestões de pauta, hoje vamos citar apenas um dos dramáticos pontos onde praticamente não existe estacionamento, embora seja uma edificação que julgamos de uma arquitetura inigualável e imponente: o Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Como gosto muito de fazer citações por analogia, sempre usando figuras do mundo feminino, comparo aquela maravilha arquitetônica, onde grandes salas de espetáculo e salões de exposições para todo tipo de público e de tema, recebem incontável número de pessoas que, é claro, vivendo numa cidade em que os moradores têm  “cabeça, tronco e rodas”, não encontram ali estacionamento suficiente nunca! É como se um estilista famoso, vestisse uma linda mulher para uma festa de gala e, distraído e sem planejar quais acessórios usar, deixasse que ela fosse de chinelos de dedo  ao elegante compromisso.

Pensando apenas sob o ponto de vista racional e prático é isso que acontecesse por lá e por outros lugares acometidos de falta de planejamento.

Os grandes espetáculos precisam e lutam para ter a “casa cheia”. Certo. Mas quem vai ou deve chegar muito antes da hora para “pescar” uma das poucas vagas que existem por lá ou se submetem a atravessar a pista perigosa do Eixo Monumental e, tarde da noite, atravessá-la aos sobressaltos e sobre saltos, correr o risco de ser atropelado, de cair no asfalto ou, pior, de ser abordado por assaltantes que, sabendo como a “coisa” funciona por lá, ficam à espreita.

Ou então, para quem não quer se arriscar na perigosa travessia, se submete à busca de uma vaga nos fundos do prédio. Olho no relógio, espetáculo prestes a começar e, de repente, a simpática e solícita observação dos inúmeros guardadores de carros, que se aproximam prometendo proteção e garantindo que “não tem problema não, dona. O home nem olha (sic) pra esse lado aqui”. Estipulam o preço, a gente aceita, mais pelo adiantado da hora do que por qualquer outra coisa e vamos curtir nossos ídolos no palco daquele teatro lotado.

Uma coisa é irrefutável: o brasiliense gosta de teatro, de shows, de arte e de grandes espetáculos. Gosta, curte, prestigia, em massa. E merece!

Só não merece a chegada, algum tempo depois, das multas do Detran, que tem nessa carência de estacionamentos, um “prato cheio” para gastar bloquinhos e bloquinhos de multas. Cumprindo o dever deles. É claro. Lei é lei. Não importa quem está lá dentro exibindo a sua performance e recebendo estrondosos aplausos, assobios e gritinhos frenéticos. Lei é lei.

E, mais uma vez, o nosso lamento triste: Brasília não precisaria disso se cabeças pensantes tivessem imaginado as consequências da falta de planejamento e, por que não, a falta de carinho para com os usuários daquela área. Pensar no futuro nunca fez mal a ninguém.

O futuro aí está e, pelo que sentimos, sem solução. Ou melhor, com uma solução que demandaria mais e mais estudo e até uma revisão na lei do tombamento da cidade, sob o forte argumento de que os tempos mudaram, a cidade cresceu, tanto em população quando em número de veículos.

Algo precisa ser repensado e refeito. Senão ficaremos “como antes, no quartel de Abrantes”. No caos! Uma pena. Pelo menos se houvesse um sistema de transporte decente e bem planejado, que incentivasse as pessoas a deixar o carro em casa…

O povo de Brasília não merece uma casa tão desarrumada e insegura como esta.


(*) Jane Godoy – Foto: Breno Fortes/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


Nota da redação do Blog: Quando da construção do Mané Garrincha, havia no projeto "túnel de ligação" para o Centro de Convenções, seria a solução de estacionamento? Nada foi feito, nada construído, ficou por isso mesmo!!!

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