Alexandre Guerra - Empresário, herdeiro
da rede Giraffas, que será lançado hoje pelo Partido Novo como pré-candidato ao
Palácio do Buriti
“Não existe nada de novo na
política. É tudo uma farsa”
Você gosta de política?
Sempre me envolvi bastante na política
associativa. Agora, acho que nós empresários, nós brasileiros nos afastamos um
pouco da política nos últimos anos e deu no que deu. Acho que a gente precisa
se envolver mais. Eu decidi me envolver mais de uns anos para cá. Mas nunca fui
filiado a nenhum partido político.
Quando você fala em “deu no que
deu”, quer dizer o quê?
Corrupção e má gestão. Os políticos e
algumas pessoas vinculadas a eles vivem do Estado, em vez de o Estado viver
para a população em geral. No fundo, isso resume muito. O Estado tem que ser
grande e participativo nas funções básicas que o cidadão precisa: saúde,
educação e segurança pública. Tem que promover a igualdade social, as
oportunidades. Mas não faz isso hoje. Não esperamos um Estado menor, mas mais
eficiente.
Você tem medo de pegar essa batata
quente que é um Estado com uma folha de pagamentos que consome 80% do
orçamento?
É duro. A renúncia é grande. Mas
recursos há muitos. Mas há um grupo que se apropriou do Estado e age como se
fosse dono.
Os sindicatos?
Eu me refiro à população que vive do
Estado e não deixa o Estado viver para a população. O corporativismo. O
sindicato é um dos agentes. É difícil realmente. Haverá muita renúncia pessoal,
financeira. Eu brinco no Novo que, a cada minuto na política, deixo de ganhar
dinheiro nos negócios. Há renúncia pessoal, de tempo com a família. Mas o que
me motiva é a capacidade de transformação, de efetivamente gerar um benefício
na vida das pessoas na cidade em que nasci. Adoraria fazer parte disso. E estou
envolvido num movimento. Não é um projeto pessoal. É um projeto de um grupo que
propõe uma mudança efetiva. Então, não tenho de renunciar a princípios que
muitas vezes alguns políticos renunciam.
Quem são suas referências
políticas?
Pergunta difícil. A gente tem, por
exemplo, o Mácron, que executou na França o que o Novo se propõe. Foi um
partido novo, concorreu sem tempo de televisão, sem fundo partidário, sem
grandes coligações. Então, ele conseguiu fazer uma revolução contra regras da
velha política que estavam inseridas lá havia muito tempo.
No Brasil e no DF, tem alguém que
deu certo?
Temos o Reguffe. Ele foi num caminho
totalmente diferente da velha política. Ele concorreu sem grandes fortunas e
recursos empenhados e propôs algo novo para o cidadão. Ele tem a minha
admiração.
Você vai fazer uma campanha como o
outsider?
A gente é o outsider. Somos Novo. Não
usamos dinheiro público, coisa que todos os outros partidos usam. A gente
acredita que não tem lógica o dinheiro do cidadão ser usado para financiar
partidos. Não vamos nos viciar nesse dinheiro. Temos um processo seletivo. 105
pessoas passaram por esse processo, de meritocracia.
Como avalia o governo Rollemberg?
Falta ação. Olha a saúde. Falta gestão.
Não tem gestão, e isso gera uma ineficiência grande.
Como você vai lidar com a Câmara
Legislativa? Os deputados exigem cargos, emendas...
Tem gente que me pergunta se consigo
governar sem os acordos. Eu digo que ninguém está conseguindo governar com os
acordos. Existe um acordo de permanência do status quo entre os agentes. Mas,
em termos de gestão pública, esses acordos não geram governabilidade. A gente
vai por um caminho diferente.
Como?
A gente precisa de um apoio popular
desde a origem. Se a gente for eleito sem participar desses acordos espúrios
antes, será um sinal de que a sociedade está pedindo mudanças na forma de fazer
política. Nós vamos fazer acordos, mas sob novas regras.
Você votou em quem? Rollemberg ou
Frejat?
Vou manter o segredo do meu voto.
Aécio ou Dilma?
Nossa Senhora…
Você tem vergonha em ter votado em
algum deles?
Acho que temos de fazer uma escolha.
Sou contra deixar de votar, votar nulo ou branco. Você tem de se posicionar. O
que o Novo está dando agora é uma oportunidade diferente para os insatisfeitos,
coisa que eu não tive nas últimas eleições.
Sempre se falou que surgiria um
outsider na campanha. O ex-presidente da OAB/DF Ibaneis Rocha também vai
trabalhar esse perfil…
Como? Com a coligação em que ele está
envolvido? Com os partidos com que ele está envolvido? É impossível. Não existe
mudança de DNA das pessoas e dos partidos. Tem partido que está tentando mudar
de nome para se comunicar. Mas não existe nada de novo na política. É tudo uma
farsa.
Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Barbara
Cabral/CB/D.A.Press – Correio Braziliense