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Mais de 10% das leis editadas pela Câmara Legislativa são questionadas - Um ano de ilegalidades

Mais de 10% das leis editadas pela Câmara são questionadas

Um estudo da Procuradoria-Geral da Câmara Legislativa, que acaba de ser finalizado, mostra que, desde a criação da Casa, mais de 10% de todas as leis editadas foram alvos de ações diretas de inconstitucionalidade. De 1991 até 2017, os distritais aprovaram 9.399 leis que entraram efetivamente em vigor. Dessas, 953 tiveram a legalidade questionada na Justiça. Ao todo, 623 foram derrubadas pelo TJDFT ou pelo Supremo Tribunal Federal, 147 leis foram mantidas e o restante ainda aguarda apreciação pelo Judiciário. O estudo mostra que os parlamentares insistem em propor e aprovar projetos ilegais, apenas para agradar ao eleitorado. A prática gera custos aos contribuintes e representa um grande desperdício de dinheiro público, já que o trâmite de projetos inconstitucionais mobiliza servidores e a estrutura administrativa da Casa. 

Um ano de ilegalidades
O ano de 2017 teve o segundo maior índice de leis questionadas da década: de janeiro a novembro, 39 projetos aprovados pela Câmara e sancionados ou promulgados foram alvos de ações diretas de inconstitucionalidade. Dessas proposições questionadas, oito foram consideradas inconstitucionais, duas tiveram a vigência mantida pelo Judiciário e 29 ainda aguardam julgamento. 
Legislações sobre transporte violam competências
Entre as Adins mais recentes ajuizadas pelo Ministério Público do DF estão as que questionam leis prevendo tráfego de veículos de conselhos tutelares nas faixas exclusivas, a reserva de vagas em estacionamentos e a criação de listas tríplices para os diretores de órgãos como Detran, PCDF, PMDF e Corpo de Bombeiros. Todas ainda aguardam julgamento. 

Entidades também questionam
Além das ações ajuizadas pelo MP, também houve leis questionadas por outras entidades. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Química, por exemplo, entrou com ação contra a lei que proíbe representantes comerciais de remédios em unidades públicas de saúde. Já o Sindicato das Empresas de Loteria quer derrubar uma lei aprovada pela Câmara que obriga a contratação de vigilância profissional em casas lotéricas. 

De olho nos contratos de informática
Ao julgar no mês passado o processo relativo à segunda etapa de fiscalização dos contratos da Operação Caixa de Pandora, o Tribunal de Contas do DF determinou uma série de medidas para melhorar os procedimentos na área de tecnologia da informação. Além de cobrar o montante de R$ 53,4 milhões de ex-gestores públicos e da empresa Sapiens Tecnologia, os conselheiros determinaram que o Comitê Gestor de Tecnologia da Informação e Comunicação do Distrito Federal, vinculado à Secretaria de Planejamento, estabeleça procedimentos técnicos de monitoramento dos serviços prestados por empresas contratadas, com o objetivo de comprovar a fiel execução contratual.

Defensores preparam protesto
Defensores públicos organizam uma manifestação na porta da Câmara Legislativa para a próxima terça-feira. O objetivo é pressionar pela aprovação de uma suplementação orçamentária que garanta o pagamento dos salários da categoria até o fim do ano. No Núcleo de Ceilândia, alguns profissionais estão organizando até uma vaquinha para contratar figurantes e garantir um protesto bem barulhento. “Pensamos em cada defensor contribuir com o valor de R$ 100, para garantia de número de pessoas suficiente à sensibilização dos deputados à nossa causa. O que acham?", questionou um profissional, por meio de grupos de mensagens. 

Distritais querem controlar exposições artísticas
A onda de controlar exposições de arte definitivamente chegou ao Distrito Federal. Depois da convocação de uma artista para depor na CPI da Pedofilia, proposta por Delmasso (Podemos), os distritais apresentaram pelo menos três projetos de lei sobre o tema. O deputado Lira (PHS) quer estabelecer a classificação indicativa de exposições artísticas e eventos culturais no DF. Já Agaciel Maia (PR) propõe a proibição de crianças em mostras de arte e espetáculos “que contenham nudismo, pornografia, zoofilia, conteúdo devasso, libidinoso ou imoral”. Na justificativa, ele afirma que pais que infringirem essa determinação podem perder a guarda das crianças, “por atos contrários à moral e aos bons costumes”. O distrital Júlio César (PRB) quer criar um sistema de catalogação sugestiva em exibições de arte e em eventos culturais no DF. Todas as propostas já estão em tramitação na Câmara.

Enquanto isso, no primeiro mundo
Na última quarta-feira, a Assembleia Nacional da França implantou mudanças nos gastos dos parlamentares — medida que era cobrada pela sociedade francesa havia muitos anos. Lá, a despesa mensal por deputado, equivalente a R$ 20,7 mil, foi considerada “imoral”. O valor abolido era menor do que a verba indenizatória da Câmara Legislativa, de R$ 25,3 mil. Mas, ao contrário da França, aqui ninguém cogita mexer nesse privilégio...

Helena Mader – Coluna “Eixo Capital” – Fotos: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Ana Rayssa/CB/D.A.Press – Breno Fortes/CB/D.A.Press - Correio Braziliense

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