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A bandeira nacional como fronteira


A bandeira nacional como fronteira

“Recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil/ Querido símbolo da terra/ Da amada terra do Brasil”
(Hino à Bandeira)

*Por Circe Cunha

Quem circula pela Universidade de Brasília pode ter avistado a figura de um jovem solitário de cabelos longos que, todos os dias pela manhã, corta a passos rápidos o Minhocão de uma ponta a outra, com o corpo completamente envolto pela bandeira nacional. Incrivelmente, nestes tempos de desavenças e incertezas, a passagem do personagem pelas dependências daUnB tem provocado um misto de admiração e revolta.

Recebido com palmas por uns e vaias por outros, o figurante segue impávido seu trajeto, como um meteoro, vestido com o lábaro estrelado, que vai oscilando ao vento, de um lado para o outro, feito uma capa voadora de algum super-herói.

Fossem tempos de concórdias, o personagem matinal seria encarado apenas como tipo exótico, metido dentro de figurino do seu agrado. Mas, infelizmente, não é o que ocorre. A simples presença da Bandeira Nacional, passando em revoada pela universidade parece ter adquirido agora um novo e triste contexto.

Para aqueles que vaiam sua passagem, o pavilhão passou a simbolizar os valores da direita, a quem acusa de haver destruído o sonho de introduzir no país o socialismo do século 21, nos mesmos moldes da Venezuela e de outros países do continente. Para esses, a bandeira simboliza e está associada ao período militar e aos princípios em voga naquela época, como patriotismo e nacionalismo.

Para os que aplaudem, a bandeira nacional marca um momento em que os brasileiros despertaram de um pesadelo e saíram em massa às ruas, em 2013, absolutamente contrários ao modelo de Estado e, principalmente, contra a classe política, apontada como responsável direta pela crise ética. Para eles, a bandeira simboliza o fim de um sonho e o início de outro, marcado por um país onde a Justiça não se intimida frente aos poderosos. O Brasil da meritocracia, do fim dos privilégios a Leste e a Oeste.

Ocorre que a fronteira artificial que parece ter sido traçada pelo simples desfilar do pavilhão auriverde pela universidade não faz sentido algum do ponto de vista da nação, que só pode existir na coesão. A divisão de um país e de seu povo interessa apenas a antigas lideranças políticas que perderam a razão nos dois lados do front.

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A frase que foi pronunciada
“O problema essencial da educação é dar o exemplo.”
(Turgot, economista e estadista francês)


(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google



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