Grupo formado por Cristovam Buarque, Rogério Rosso, Izalci Lucas e
Alírio Neto, além do PRB, deve anunciar na sexta-feira quem vai liderar a chapa
de centro-direita para o Palácio do Buriti e concorrer contra o governador
Rodrigo Rollemberg
*Por Ana Viriato
Um grupo formado por ex-integrantes do governo
Rodrigo Rollemberg (PSB) e ex-aliados de Jofran Frejat tenta se firmar como
alternativa eleitoral. Com pressa para entrar na disputa, o grupo pretende
anunciar nesta semana quem vai liderar a chapa. Estão no páreo o deputado
federal Izalci Lucas (PSDB), o empresário Wanderley Tavares (PRB) e o
ex-distrital Alírio Neto (PTB) como possíveis candidatos ao Palácio do Buriti.
Nenhum deles jamais concorreu a cargo majoritário, mas têm apoio de seus
partidos para encabeçar uma corrida que conta com outros quatro concorrentes:
Rollemberg, que disputa a reeleição, Jofran Frejat (PR), Fátima Sousa (PSol) e
Alexandre Guerra (Novo).
Integrado, ainda, pelos pré-candidatos ao Senado
Cristovam Buarque (PPS) e Rogério Rosso (PSD), o grupo de centro-direita
discute critérios para a escolha do candidato, pois não há, entre eles, um
líder natural ou alguém com mais estrutura e chances de enfrentar as urnas. Os
próximos dois dias, portanto, serão de diálogo. Devido à similaridade, todos
pensarão bem em como vender suas candidaturas na próxima reunião, quando serão
considerados tópicos como estrutura partidária, nominatas para deputados
distritais e federais e viabilidade jurídica, por exemplo.
Quando se fala em estrutura, o PSDB leva vantagem
por ter maior tempo de tevê e mais recursos do fundo eleitoral, uma vez que
dispõe de uma das maiores bancadas da Câmara dos Deputados. Há um porém: por
ter Geraldo Alckmin como candidato à Presidência da República e,
consequentemente, um maior número de postulantes a governos estaduais, o
montante será fatiado várias vezes.
Em relação às nominatas, PTB e PRB apresentam
opções como espólio eleitoral. O PTB detém cerca de 40 candidatos que
disputaram outros pleitos ou indicam potencial de crescimento. O PRB apresenta,
nos quadros, dois distritais — Julio Cesar e Rodrigo Delmasso, da base
evangélica —, além de nomes ligados a antigos caciques da política local, como
Jorginho Argello, filho do ex-senador Gim Argello, condenado na Lava-Jato, que
espera herdar o que restou do grupo político do pai, preso há dois anos. O PSDB
saiu enfraquecido das disputas internas que levaram a sigla a perder nomes de
expressão, como Maria de Lourdes Abadia e Virgílio Neto, ambos filiados ao PSB
hoje, além de Robério Negreiros (PSD).
Quanto à segurança jurídica, os três pré-candidatos
apresentam dificuldades similares. Izalci é investigado em dois inquéritos.
Alírio Neto acabou condenado no STJ por improbidade administrativa neste ano,
mas não teve os direitos políticos comprometidos. Wanderley Tavares virou réu
em uma ação penal que tramita no Rio de Janeiro. O fato, entretanto, é que não
há expectativa de algum deles se tornar inelegível até as eleições.
União
Para o presidente temporário do PSDB/DF, Izalci
Lucas, a pesquisa e as recentes conversas demonstraram que “qualquer um dos
três pré-candidatos é capaz de vencer”. “O importante é manter o juízo e
encontrar o consenso. Não podemos nos dividir. A ruptura não beneficiaria
ninguém. Somos a chance do novo. O grupo de Frejat espelha a continuidade dos
governos de Arruda e Roriz, e o de Rollemberg, de uma gestão que não deu
certo”, argumentou.
A chapa da coalizão conta com os dois nomes
predefinidos ao Senado: Cristovam Buarque e Rogério Rosso. Sobram, portanto,
duas vagas — cabeça de chapa e vice — para três pessoas. Para evitar desgastes,
o deputado federal afirma, de forma recorrente, que não vê problema em abrir
mão da vaga. “Discutiremos várias questões para encontrarmos um entendimento
comum, com humildade e paciência”, pontuou Rosso.
Por ora, Izalci, Alírio e Wanderley não
demonstraram interesse na cadeira no Legislativo. Wanderley, contudo, não
fechou as portas para a possibilidade de o PRB ficar com a vaga número dois da
chapa, representado pelo irmão, o pastor Egmar Tavares, que conquistou 13.635
votos em 2014, quando concorreu a distrital. Aliados acreditam que seria um
cargo estratégico, capaz de atrair uma parcela do apoio da comunidade cristã
para o candidato ao Executivo local.
Pela conjuntura, a disputa efetiva pelo Buriti deve
ficar entre Izalci e Alírio. A expectativa é de que o remanescente concorra a
deputado federal. Os dois, entretanto, terão de tomar a decisão de forma
pacífica, uma vez que as respectivas siglas estão unidas em torno da
candidatura de Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto.
Enquanto se prepara para o pleito, o deputado
federal ainda enfrentará uma disputa interna no PSDB. Izalci convocou para 1º
de junho, último dia de seu mandato, a eleição para a escolha do presidente do
partido, além dos demais integrantes da Executiva. O resultado da deliberação
pode influir diretamente na candidatura dele, seja o fortalecendo, seja
enfraquecendo-o.
Disputa pelo Buriti
Alírio Neto (PTB)
»Cargos eletivos
Deputado distrital por duas vezes
»Trunfos
Apoio da Executiva Nacional; presidente da sigla,
Roberto Jefferson, pediu a Geraldo Alckmin o apoio do PSDB à candidatura de
Alírio. Os dois partidos andarão lado a lado nacionalmente
»Nominata
O PTB tem uma chapa de pré-candidatos a deputados
distrital e federal considerada forte por aliados. São pessoas com boa
expectativa de desempenho eleitoral, que podem puxar votos para o cabeça de
chapa
»Fundo eleitoral
Roberto Jefferson garantiu boa quantia do fundo
eleitoral para a campanha de Alírio, um dos poucos candidatos a governador do
partido
Izalci
Lucas (PSDB)
»Cargos
eletivos
Deputado
federal por duas vezes e distrital
»Trunfos
Tempo de
tevê (o PSDB tem o maior tempo do grupo de centro-direita)
»Nominata
Com a
crise interna, o partido perdeu lideranças e ficou com as pré-candidaturas
comprometidas
»Fundo
eleitoral
Também
devido ao grande número de deputados federais eleitos, o partido terá direito a
boa parte do fundo eleitoral, composto, no total, por R$ 1,7 bilhão
Wanderley
Tavares (PRB)
»Cargos eletivos
Nunca se candidatou
»Trunfos
Conta com base de apoio; é o candidato da frente
cristã, integrada por evangélicos e católicos
»Nominata
O PRB tem uma chapa de pré-candidatos a deputado
distrital e federal considerada forte por aliados. São pessoas com boa
expectativa de desempenho eleitoral, que podem puxar votos para o cabeça de
chapa
»Fundo eleitoral
Por ser um partido nanico, o PRB dispõe de poucos
recursos do fundo eleitoral
Memória - Base desidratada
Apesar da oposição ao governo de Rodrigo Rollemberg
(PSB), o grupo de centro-direita conta com antigos aliados do socialista. O
chefe do Palácio do Buriti comandou a Secretaria de Turismo na gestão de
Cristovam Buarque (PPS), à época, no PT, elegeu-se ao Senado ao lado do
parlamentar em 2010 e recebeu dele o apoio nas últimas eleições. O PSD,
integrado pelo vice-governador Renato Santana e presidido por Rogério Rosso,
compôs a chapa “Somos Todos Brasília”, que o emplacou ao Executivo local e
ocupou postos no governo até outubro de 2017.
Pelo PRB, do empresário Wanderley Tavares, o
distrital Júlio Cesar chegou a ser líder do governo na Câmara Legislativa, mas
abandonou o posto depois da deflagração da Operação Drácon. O partido
permaneceu na base aliada até o último dia 13, quando declarou independência.
O rompimento das siglas com Rollemberg começou,
oficialmente, em fevereiro do ano passado. Cristovam foi o primeiro a deixar a
base do governador, depois de um distanciamento gradual. À época, o senador
mostrou descontentamento com a postura do socialista. “Cansamos de tentar e não
conseguir participar e, principalmente, influir nos destinos da cidade”, disse.
Desde então, as alfinetadas não cessaram. O PSD desembarcou da base depois de
constantes embates entre o chefe do Buriti e o vice. De olho nos cargos
comissionados, o PRB esperou até o último minuto para abandonar Rollemberg.
