Jofran Frejat cobra definição de Joe Valle – Frejat em entrevista ao programa CB.Poder:
"Eles precisam dizer eu quero participar, eu quero entrar"
Pré-candidato a governador, o ex-secretário de Saúde quer uma posição
definitiva do presidente da Câmara Legislativa e demais pedetistas para
construir uma chapa. Alberto Fraga (DEM) e o ex-vice-governador Paulo Octávio
(PP) disputam vagas
*Por Ana Viriato
Após meses de negociações monótonas com o
presidente da Câmara Legislativa e aspirante ao Senado, Joe Valle (PDT), o
pré-candidato ao Palácio do Buriti Jofran Frejat (PR) cobrou uma posição
incisiva do parlamentar e demais pedetistas na corrida eleitoral. “Eles
precisam dizer ‘eu quero participar’, ‘eu quero entrar’. Porque, se não for
assim, não tem como avançar nas conversas”, afirmou, ontem, em entrevista ao
programa CB.Poder, uma parceria entre o Correio e a TV Brasília.
Na visão de
Frejat, a iniciativa é necessária para a negociação do espaço na chapa, cujas
vagas à disputa ao Legislativo estão ocupadas pelo deputado federal Alberto
Fraga (DEM) e pelo ex-vice-governador Paulo Octávio (PP).
O gesto ainda comprovaria a “carta branca” que Joe
Valle diz ter para a articulação de coligações, clareando o cenário pela
disputa ao GDF. O pedetista afirma que, a despeito da aproximação nacional
entre a legenda e o PSB, do governador Rodrigo Rollemberg, tem liberdade para
fechar as parcerias que considere favoráveis à sigla na capital. “A expressão
de Ciro é de que ‘o PSB era a chave para o entendimento da candidatura dele’.
Resta saber se cabe na fechadura. Algumas pessoas do PDT já manifestaram
interesse em compor conosco”, apontou Frejat.
Joe Valle alega uma tendência em fechar acordo com o grupo de Frejat,
mas diz ser possível uma guinada rumo ao PSB
Apesar da afinidade entre Joe e o ex-secretário de
Saúde do DF, o esforço pela união não alcança unanimidade nos respectivos
grupos. Parte dos pedetistas rejeita a aliança, porque, conforme ressaltam,
seria difícil explicar ao eleitorado uma dobradinha ao Senado ao lado de
Alberto Fraga, cujo posicionamento ideológico vai na contramão da história do
partido. Na chapa do ex-secretário de Saúde, os dois pré-candidatos ao
Legislativo não assumem, por ora, a possibilidade de abrir mão das vagas.
Para reafirmar a pré-candidatura de Fraga, o DEM
lançará, sexta-feira, o nome do deputado ao Senado. O ato vai ocorrer em um
jantar, no Clube de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal. “Retirar a
minha candidatura está fora de cogitação. Se ele (Joe) vier, será sem a
garantia de uma vaga”, pontuou o parlamentar.
O ex-vice-governador Paulo Octávio afirmou que não
pretende desistir da cadeira, mesmo porque “a candidatura foi colocada pelo
partido”. “Continuo firme. Entendo que política é conversa e entendimento. Mas
esta é uma decisão que vai além de mim. O PP não ficará sem uma posição
majoritária”, disse. Nos bastidores, especula-se a desistência do empresário,
que concorreria sub judice, pois renunciou ao mandato de governador à época da
Caixa de Pandora e, com base na legislação, pode ter o registro negado pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com o recuo, o PP ficaria com a vaga de vice
da chapa, abrindo espaço para Joe Valle.
Prazo pedetista
A decisão sobre o rumo do PDT na corrida eleitoral
deve ser comunicada na sexta-feira, prazo estipulado pelo próprio partido.
Ainda assim, o gesto será apenas preliminar, posto que as coalizões são
fechadas durante as convenções partidárias, previstas para o período entre 20
de julho e 5 de agosto. Ademais, no fim das contas, as definições nacionais
podem respingar nos acordos estaduais, mudando o jogo.
Ao Correio, Joe Valle alegou existir uma tendência
em fechar acordo com o grupo de Frejat. Mas destacou não ser impossível uma
guinada rumo ao PSB. “A nossa meta é que haja a construção de uma decisão
harmônica de partido, sem nenhuma ruptura. O (presidente do PDT, Carlos) Lupi
está coordenando isso e levamos em conta as questões nacionais”, comentou.
Sobre uma aliança com o PSB de Rollemberg, disse que “em política, tudo é
possível”. Contudo, para ele, “a lógica com que tudo foi construído, deixou
muito a desejar”. Segundo o distrital, “é preciso haver um gesto”.
Até então, a aliança com Rollemberg é motivo de
resistência entre pedetistas. O partido desembarcou da base aliada ao
governador em outubro último e declarou independência. À época, os
correligionários alegaram que não se sentiam “pertencentes e participantes da
gestão”. O pré-candidato ao Planalto Ciro Gomes, entretanto, sempre demonstrou
manter uma relação amistosa com o chefe do Palácio do Buriti. Em meio aos
impasses, há quem defenda, até mesmo, a candidatura avulsa de Joe ao Senado,
como pretende fazer o ex-boxeador Popó na Bahia.
Segundo turno
Em entrevista ao CB.Poder, Jofran Frejat criticou a
pulverização de candidaturas de direita. Se as eleições fossem hoje, seis nomes
concorreriam neste campo: Alexandre Guerra (Novo), Alírio Neto (PTB), Eliana
Pedrosa (Pros), Izalci Lucas (PSDB), Paulo Chagas (PRP), e o próprio
ex-secretário de Saúde. “Se começar a dividir e a apresentar vários candidatos,
a tendência é haver segundo turno. No segundo turno, fatalmente haverá
negociação. Quem tiver a caneta e o poder na mão vai ter uma facilidade muito
maior de negociar do que quem estiver fora”, argumentou. Ele garantiu que ainda
não desistiu de firmar aliança com alguns destes nomes.
Para o postulante ao Buriti, a composição deveria
ser prioridade neste momento, em vez da divisão de cargos.“O objetivo é compor
para fazer um governo de coalizão, com todo mundo discutindo e, não, ficar
fatiando e negociando. A ideia é termos apoio na Câmara Legislativa, na Câmara
Federal e no próprio Senado de gente que esteja compondo porque Brasília não
aguenta mais esse tipo de separação”, finalizou.
Calendário eleitoral
»7 de abril: Data-limite para a
desincompatibilização de cargos e filiação partidária
»20 de julho a 5 de agosto de 2018: Período em que
os partidos estão autorizados a promover convenções para a definição dos
candidatos
»15 de agosto de 2018: Fim do prazo para partidos
políticos e coligações registrarem candidaturas
»16 de agosto de 2018: Início da propaganda
eleitoral
»26 de agosto de 2018: Começa a propaganda
eleitoral gratuita no rádio e na televisão
»29 de setembro de 2018: Fim da propaganda
eleitoral gratuita veiculada no rádio e na televisão
»30 de setembro de 2018: Termina o período de
exibição de propaganda eleitoral paga
»7 de outubro de 2018: Primeiro turno das eleições
O jogo
Apesar da indefinição do cenário nacional, o PDT
classifica como mais prováveis dois caminhos:
»Ao lado de Rodrigo Rollemberg
Caso PDT e PSB fechem aliança a nível nacional, é
improvável que a coalizão não se repita no DF. Isso porque, em troca do suporte
à campanha do presidenciável pedetista Ciro Gomes, socialistas pedem apoio aos
candidatos a governos estaduais, como Rollemberg. Contudo, a possibilidade,
dizem integrantes do alto escalão do PDT, faria muitos nomes do partido
desistirem de concorrer. Para eles, seria incoerente deixar a base governista
e, às vésperas da eleição, restabelecer a parceria entre as siglas.
»Ao lado de Jofran Frejat
Um dos fatores condicionantes para a aliança é a
garantia de um palanque eleitoral a Ciro Gomes. Frejat pode garanti-lo aos
pedetistas em duas situações: caso o PR libere as Executivas Regionais para os
acordos que considerarem benéficos ou a sigla apoie o presidenciável a nível
nacional.
/ - /
/ - /
(*) Ana Viriato – Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press – Correio Braziliense