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Faleceu: Ana Rita Gondim, jornalista "Brasiliense, apaixonada por literatura, música e viagens..."


Brasiliense morreu no domingo aos 36 anos. Apaixonada por literatura, música e viagens , ela teve duas passagens como repórter do Correio Braziliense. Familiares e amigos se despediram em cerimônia de cremação em Valparaíso

*Por » Jéssica Eufrásio - Guilherme Goulart 

Ela era do riso frouxo, do samba com cerveja, do filme abraçado. Também da panela de brigadeiro, das viagens pelo mundo. Ana Rita Gondim sonhava acordada e dormia sonhando. Vestia-se de escafandro e borboleta, de filho da noiva, de a vida é bela. Amava os Beatles, Moska, Chico e todas do Lenine. Tinha a elegância do ouriço, a insustentável leveza do ser e o amor nos tempos do cólera. A colega e amiga, moça inteira de caraminholas, que sentava logo ali, diante da janela iluminada, nos deixou no domingo.

A brasiliense Ana Rita viveu 36 anos. Nasceu em 25 de junho de 1981. Formou-se em jornalismo no Centro Universitário de Brasília (UniCeub) em 2003. Desde então, trilhou a carreira em assessorias de comunicação do Distrito Federal e da Bahia, no Jornal de Brasília, na tevê CNT, além de ter trabalhado duas vezes no Correio Braziliense. A primeira delas, de 2008 a 2011.

Ana Rita Gondim mantinha um blog para para publicar textos reflexivos e analíticos: paixão pela escrita

A passagem mais recente pelo jornal, no entanto, foi breve. Sorriu por aqui durante duas semanas. Trabalhou na cobertura da Copa do Mundo, exercendo uma das paixões: escrever. Os parceiros de ofício a descrevem como dedicada, profissional e com forte senso de coleguismo. “Eu comecei como estagiária no site do jornal. A Ana Rita foi uma das minhas professoras. Logo a amizade saiu da redação”, conta Jaqueline Saraiva, há 10 anos no Correio. “Ele era intensa e sensível. Tinha uma risada alta, cativante. Às vezes, a gente ria com a risada dela”, diz a amiga, que participou da cerimônia de cremação, ontem, no Cemitério de Valparaíso (GO).

No adeus à jornalista, familiares e conhecidos leram uma mensagem de despedida e, de mãos dadas, rezaram. “Ela estava feliz, a minha filha. Há alguns mistérios que a gente não entende, não espera. Fiquei emocionado ao ver os amigos dela”, afirma Dalmo Marcelo de Albuquerque Lima, pai de Ana Rita. Ele e a mulher, Maria das Graças Gondim Lima, trocaram a Paraíba por Brasília em 1977. O casal teve duas filhas: Ana Rita e Juliana.

Impulso
Parte da caminhada de Ana Rita está no blog O grito do estrangeiro, no qual publicava textos em prosa e poesia. Lá, como ela descreveu, deixava registrados “expressões cotidianas e extraordinárias, desabafos, críticas, ideias, sonhos e palavras não exteriorizadas”. Em um dos textos, manifestou a paixão pelos animais, característica pela qual era conhecida. Considerava-se, inclusive, mãe dos gatos e cachorros que cuidou na vida.

A maioria das publicações, porém, segue a linha da reflexão. A última delas é de 25 de janeiro, primeira e única de 2018. “Chão” narra o choro sem lágrimas. “Ela se consola com a amizade com o chão e se revolta. Pede que o chão seja apenas lembrança. Ele insiste em ser presente. Mas, um dia, ele há de ser apenas impulso para passos ascendentes e se acenarão em mútuo agradecimento”, escreveu.

Homenagens
A forma carinhosa de tratar as pessoas refletiu-se em homenagens de amigos nas mídias sociais. Uma delas é do escritor e jornalista Gustavo de Castro, orientador de Ana Rita na universidade. “Jamais vou esquecer as longas conversas que tínhamos sobre literatura, assunto que ela amava. Ela adorava Samuel Rawet (contista, romancista, dramaturgo e ensaísta polonês que viveu em Brasília) e foi sobre ele que escreveu seu TCC (...). Ela era tão linda, meu Deus, tão jovem e talentosa, e eu vou sentir tanta saudade dela”, desabafou, no Facebook.

Com uma foto tirada em 2010, a prima Lívia Rocha desejou luz e paz. Também comentou que, aos que ficam, resta a aceitação. “Obrigada pelo acolhimento e o carinho de sempre comigo. (Que) Deus a tenha em seus braços”, diz a mensagem.

Ana Rita era capaz de conquistar a simpatia até de quem havia acabado de conhecer. Há pouco mais de uma semana, ela e o repórter Luiz Calcagno, da editoria de Cidades, dividiram-se na cobertura da Copa do Mundo da Rússia, em Brasília. Apesar de curto, o tempo de convivência revelou o carinho e o zelo típicos da jornalista. “Ana Rita atava as pessoas com um laço de sensibilidade. Cativava. Ela pode não estar mais aqui, mas esse nó ninguém poderá desatar”, ressaltou o colega.


(*) Jéssica Eufrásio -  Guilherme Goulart  - Correio Braziliense






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