Luiz
Carlos Botelho Ferreira: emoção e reconhecimento ao atuar em diversos órgãos
públicos e privados, como Novacap e Fibra
Familiares, amigos e personalidades locais e políticas se despediram do
presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon). Ele
conquistou o respeito de autoridades públicas e de entidades civis
*Por Alexandre de Paula
Emoção e
respeito marcaram o velório e o sepultamento do presidente do Sindicato da
Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Luiz Carlos
Botelho Ferreira, na tarde de ontem. Amigos, familiares e personalidades
políticas do DF participaram da cerimônia em homenagem ao engenheiro e pioneiro
da capital, que morreu, aos 73 anos, em decorrência de uma série de
complicações cardíacas.
Cerca de
500 pessoas passaram pelo Cemitério Campo da Esperança, segundo estimativa do
Sinduscon. Dezenas de arranjos e coroas de flores foram enviadas por amigos e
associações a fim de homenagear o pioneiro e confortar a família, muito
emocionada. Entre os presentes, estavam o governador Rodrigo Rollemberg; os
ex-governadores Paulo Octávio e José Roberto Arruda; o presidente da Câmara
Legislativa, Joe Valle; e as distritais Celina Leão, Telma Rufino e Sandra
Faraj; além do ex-deputado distrital Peniel Pacheco e do deputado federal
Izalci Lucas.
Rollemberg,
que decretou luto oficial de três dias no DF, destacou a importância de Botelho
para o desenvolvimento de Brasília. “Todos os avanços legislativos que tivemos
no setor, como a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) e o Código de Obras,
tiveram a participação dele. Tanto na formulação quanto no acompanhamento,
depois”, disse.
O
ex-governador José Roberto Arruda também lembrou a ajuda de Botelho em obras
feitas enquanto estava à frente do Buriti. “Ele teve uma importância muito
grande para Brasília. Ele nos ajudou muito no nosso governo, até com suas
críticas contundentes, mas sempre importantes.” O presidente da Câmara
Legislativa, Joe Valle, aproximou-se de Botelho na discussão de projetos de
lei. Ele destacou a seriedade e o comprometimento do pioneiro com a cidade.
“Ele sempre esteve pensando no coletivo, e nunca em interesses individuais”,
elogiou.
Na
extensa e reconhecida carreira, Botelho atuou em diversos cargos públicos e
entidades. Foi presidente do Fórum Empresarial do DF, chefiou o Serviço de
Cadastro da Novacap e foi conselheiro de Administração do Metrô-DF, além de
passagens pela Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), pela
Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco) e pela Confederação Nacional
da Indústria (CNI).
Em junho,
o pioneiro foi personagem de reportagem do especial “Brasília Patrimônio Vivo”
do Correio Braziliense. Ele lembrou a chegada à cidade, em 1956, quando a
capital ainda era um sonho em construção. Aqui, foi de office boy a cidadão
honorário e a dono das empresas de engenharia LDN. Botelho era casado com Suely
de La Rocque Ferreira havia 48 anos e deixou quatro filhos: Alessandra, Andréa,
Ana Cláudia e Pedro Henrique.
Cerca de 500 pessoas acompanharam o velório e o sepultamento, no
Cemitério Campo da Esperança
Persistência e lealdade
Amigos e companheiros de atividade descrevem Luiz
Carlos como um homem devotado ao trabalho e que tinha como características
principais a persistência e a determinação. Apesar da imperatividade e do senso
de liderança, Botelho era descrito como dócil e amável por quem o conhecia. Os
mais próximos ressaltam que perderam um amigo de todas as horas, pronto para
auxiliar no que fosse preciso.
O primeiro vice-presidente do Sinduscon-DF, João
Carlos Pimenta, conta que Botelho tinha voltado a trabalhar na segunda-feira,
depois de passar as férias com a mulher na Croácia. Para ele, o trabalho de
Luiz Carlos servirá de exemplo para a construção civil. “A seriedade dele é um
exemplo. Ele provou que o trabalho feito com determinação e força de vontade
vale, sim, a pena, e dá resultado. Fica uma lembrança muito grata de um grande
amigo, grande empresário, bom pai de família. Um homem de bem”, destaca.
Amigo e parceiro de trabalho no Sinduscon e em
outros órgãos, o presidente da Associação Brasiliense de Construtores
(Asbraco), Afonso Saad, destaca o amor e o trabalho de Botelho por Brasília. “A
vida inteira, ele teve o ideal de ajudar a construção civil da cidade. Ele
sempre trabalhou em prol de Brasília, sempre amou esta cidade.” Saad ressalta a
característica agregadora e de liderança do amigo. “Tenho certeza de que deve
estar no céu botando ordem lá, porque ele gostava de fazer isso e tinha esse
papel de organizar tudo por onde passava.”
O empresário e ex-presidente do Sinduscon-DF Elson
Póvoa é um dos que lembram do papel de Botelho como companheiro fiel. “Além de
tudo o que ele realizou na engenharia do excelente pai de família que era,
tínhamos um amigo de plantão, que estava pronto a socorrer e dar um consolo em
qualquer dificuldade”, diz. Ele acredita que o engenheiro foi e continuará
sendo referência para muitos. “Eu o tinha quase como um irmão mais velho. E ele
era isso, um pai para muitos, um amigo para outros tantos. Uma pessoa
insubstituível tanto para os mais próximos quanto para construção civil de
Brasília”, diz.
"Era um homem de um espírito público
muito grande, muito franco, mas sempre colaborativo. Todos os avanços
legislativos que tivemos no setor, como a Luos e o código de obras,
tiveram a participação dele. Tanto na formulação quanto no acompanhamento,
depois”
(Rodrigo Rollemberg, governador do Distrito Federal)
"Tivemos muito contato nesses últimos
anos, e ele sempre esteve pensando no coletivo e nunca em interesses
individuais. É uma perda muito grande para todos”
(Joe Valle (PDT), presidente da Câmara Legislativa)
"Nos tornamos amigos, crianças, em 1958, (Vila
Planalto) Saudades de uma Brasília com cheiro de piche/Asfalto"
(Chiquinho Dornas)
(*) Alexandre
de Paula - Fotos: Antonio Cunha/Cb/D.A.Press – Barbara
Cbral/Cb/D.A.Press – Correio Braziliense