Sem líderes notáveis, oposição bate cabeça na busca por candidatos ao GDF - *Por Ana Maria Campos – Ana Viriato
Nunca houve uma eleição no Distrito Federal como a que se avizinha.
Quando as chapas forem formalizadas na Justiça eleitoral, aqueles que hoje
discutem alianças estarão em lados opostos. Sem as lideranças clássicas da capital,
como José Roberto Arruda, Joaquim Roriz, Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli, com
possibilidade de concorrer contra o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o
cenário político ficou complicado depois que o único nome com projeção
eleitoral da campanha — Jofran Frejat (PR) — desistiu. Outros políticos com
expressão, como os senadores Cristovam Buarque (PPS/DF) e José Antônio Reguffe
(Sem partido/DF), não são candidatos ao GDF. Assim, existe um vácuo no comando.
A saída do
então líder nas pesquisas de intenção de votos deu a largada a uma corrida por
nomes com fôlego para crescer na campanha. Um dos potenciais concorrentes, o
deputado Rogério Rosso (PSD/DF), que governou o DF, também anunciou ontem que
está fora do páreo. Os nomes que restaram na oposição ao atual governo estão
longe de atingir a popularidade de Frejat, considerado o favorito.
Além disso,
a desistência do médico abriu uma guerra nos bastidores. Aliados dos
ex-governadores Arruda e Roriz, vários políticos travam um embate, até com
baixarias, nos bastidores. Desestimulam candidaturas na base da pressão e da
ameaça. Como disse Frejat, há muitos diabos na atual campanha. Embora os nomes
sejam preservados, os grupos sabem quem são os adversários reais. Esse contexto
atrapalha as alianças e dificulta uniões.
A campanha
está paralisada desde que o ex-secretário de Saúde disse, há quase duas
semanas, que poderia desistir. Na manhã de ontem, assim que ele bateu o martelo
em conversa com o dirigente nacional do PR, Valdemar Costa Neto, começaram as
reuniões dos diversos grupos para o Plano B. Eles vinham se encontrando, mas
ainda havia um fio de esperança de que, com a autonomia oferecida por Valdemar
para a montagem da chapa, Frejat voltasse atrás.
Ele não
será candidato justamente por causa do jogo sujo dos bastidores. Não revela
detalhes, mas todos acreditam que seja pelas dificuldades que teria para
comandar a própria campanha e o governo, caso se elegesse, sem influências
nefastas. “Frejat sabia que não poderia governar com o grupo que o apoiava sem manchar
a biografia”, acredita Rollemberg. Os dois chegaram a conversar sobre esse
assunto.
Tentativa
de união: O grupo de Frejat e de Rosso, também integrado pelo senador
Cristovam Buarque, passou o dia ontem em reuniões para buscar uma união. Rosso
alegou motivos pessoais e familiares, como a idade avançada dos pais, para
justificar a decisão de não concorrer ao Buriti. “Estou trabalhando para a
convergência do nosso grupo e para aglutinar outros partidos. Esse sempre foi o
meu pensamento”, disse ao Correio.
Cristovam, que havia lançado Rosso para a corrida ao GDF, pensa em
voltar atrás e trabalhar pela candidatura de Izalci Lucas (PSDB). A chapa seria
encabeçada pelo tucano, tendo o ex-governador e o parlamentar do PPS como
candidatos ao Senado e o vice, uma indicação do PRB. Os nomes cotados são o do
presidente regional, Wanderley Tavares, e o do irmão dele, o pastor Egmar
Tavares. “Sempre mantive a minha disposição de concorrer ao governo. As coisas
estão caminhando para isso”, confirmou Izalci.
Em outra
chapa de centro-direita, a ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros) é candidata,
tendo o ex-deputado Alírio Neto (PTB) como vice e o apoio da família Roriz. A
dupla foi sacramentada na convenção do partido no fim de semana. Falta, no
entanto, escolher os concorrentes ao Senado. Eliana nunca disputou cargos
majoritários, assim como Alírio. Em 2014, concorreram a mandatos de deputados
federais, mas não se elegeram. Têm agora o desafio de se apresentar como uma
alternativa viável para atrair siglas que integravam o grupo de Frejat. Um dos
possíveis nomes para compor essa aliança é o do deputado Alberto Fraga
(DEM/DF), pré-candidato ao Senado.
Exigências
de lideranças: Entre os herdeiros do espólio de Frejat, também vai surgir
uma chapa. Integrado por partidos com tempo de televisão e recursos públicos de
campanha, como o MDB e o PP, o grupo analisa possibilidades, como apoiar Fraga
ou Izalci. Também há uma via que defende lançar o ex-presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil no DF (OAB/DF) Ibaneis Rocha como candidato ao governo.
A
indefinição afugenta alguns aliados. Com a saída de Frejat, o PHS reabriu a
roda de negociações com outras frentes. “Não dá para fechar acordo com o grupo
de forma imediata sem a certeza do nome que testará as urnas. Voltaremos a conversar
com todos e levaremos as opções aos nossos filiados”, pontuou o presidente
regional da sigla, Cristian Viana.
As contas
para eleger deputados federais também complicam o quadro. Os representantes de
partidos analisam os potenciais de votos dos candidatos à Câmara dos Deputados
em relação ao coeficiente eleitoral. Concorrentes com muitos eleitores assustam
os possíveis aliados, porque têm mais chances de chegar na frente. De olho na
condição, Solidariedade e Podemos aguardam o alinhamento das coalizões de
centro-direita para decidir em que lado ficarão. “Temos duas exigências: um
palanque eleitoral para o presidenciável Álvaro Dias e condições igualitárias
entre os partidos para a eleição das proporcionais”, frisou o comandante
regional do Podemos, Marcos Pacco, que negocia com o governador e a coligação
de Rosso.
(*) Ana
Maria Campos – Ana Viriato – Correio Braziliense