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Renascimento da Biblioteca Demonstrativa de Brasília


Sem livros não há salvação. Sem bibliotecas multimídias que caminhem mais próximas aos seus usuários quem não se salva é a própria biblioteca.

*Por » Sérgio Sá Leitão (Ministro de Estado da Cultura)

A história do homem começa com um livro: a Bíblia. Gregos e romanos fizeram o mundo filosofar, poetar e construir uma civilização... em livro. A Itália é antes e depois de Dante, como a Inglaterra é antes e depois de Shakespeare. Os livros marcam a história de um povo. Assim foi Goethe, para a Alemanha; Camões, para Portugal; Cervantes, para a Espanha. O que seria o Brasil sem os livros de Machado de Assis, Castro Alves, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Vinicius, Drummond e José de Alencar? Monteiro Lobato é definitivo: “Um país se faz com homens e livros.” Talvez Lobato diria hoje: um país se faz com homens, livros e tecnologias associadas à web como ferramenta facilitadora para gerar informação, conhecimento e produtos. Sim, porque a tecnologia não é mais uma novidade e, sim, uma realidade transformadora. A internet, ao se tornar um dos mais poderosos meios de comunicação, ampliou as plataformas disponibilizadas para gerar conhecimento e fez surgir novas ferramentas colaborativas criadas para a web. Pela internet, o leque de oportunidades para se produzir conteúdos, criar estratégias, compartilhar e editar informações provocou uma revolução. E as bibliotecas, como centro de disseminação de cultura e educação, estão no centro dessa transmutação, que é apenas um passo dos muitos que deverão vir para que possam continuar se adequando às mudanças.

Assim, a nova Biblioteca Demonstrativa de Brasília renasce não só fisicamente, mas dentro de uma transformação da biblioteca tradicional para uma biblioteca mais interativa e dinâmica.

E o que dizer de uma biblioteca de referência na capital da República que, quando cheguei ao Ministério da Cultura, em julho do ano passado, encontrei fechada? Não podia acreditar que os livros lá dentro, ávidos por engravidar mentes de jovens e adultos, estavam inertes e trancados.

Sei muito bem que a importância e a utilidade pública da Biblioteca Demonstrativa de Brasília estão justamente nos motivos que levaram as autoridades do MEC e do Instituto Nacional do Livro a inaugurá-la em 20 de novembro de 1970. Na realidade, a biblioteca demorou a ser construída, se considerarmos que ela veio integrar o conjunto urbanístico de 1960, composto pelas superquadras 107, 108, 109 e 110 Sul e pelas suas extensões nas quadras 300, 500, 700 e 900.

Importante salientar que a BDB chegou dentro do conceito de um espaço de vizinhança, quando nasceu a primeira grande revolução da educação brasileira, capitaneada pelo genial educador Anísio Teixeira. A Biblioteca Demonstrativa, hoje Biblioteca Maria da Conceição Moreira SaIles, está dentro do conjunto tombado da 308 como superquadra modelo, formada por uma paisagem construída por Burle Marx, onde estão distribuídos 11 blocos menores e maiores, de A a K, projetados por Oscar Niemeyer. Nesse espaço estão um jardim da infância, uma escola classe e uma escola parque. Completa-se a superquadra com a biblioteca, um posto de saúde, a Igreja de N.S. de Fátima e o Clube de Vizinhança.

Vale lembrar: Em 8 de maio de 2014, usuários da BDB criaram um abaixo-assinado em que solicitaram a reforma e a modernização completa da instituição. Em 3 de março de 2017, o Ministério da Cultura publicou, no Diário Oficial da União (nº 43, Seção 3, p. 9), aviso de licitação para o Convite nº 1/2017. O objetivo do processo licitatório foi contratar a elaboração de projetos executivos de arquitetura e complementares de engenharia, para a reforma e a modernização da Biblioteca Demonstrativa de Brasília.

Houve nesse tempo a participação efetiva da comunidade e de artistas que abraçaram a causa da BDB, como a jornalista Dad Squarisi, do Correio Braziliense, o bandolinista Hamilton de Holanda e outros como Fernando César, Célia Rabelo, Salomão di Pádua, Jô Alencar, Félix Júnior, Carlos Pial e Boréu. Uma ação que não foi suficiente, mas ajudou na mobilização para o restauro da BDB.

Agora iniciamos definitivamente as obras de reforma e modernização da nossa Biblioteca com investimentos de R$ 1,764 milhão do Ministério da Cultura. A previsão é de que a obra seja concluída em 180 dias.

O projeto arquitetônico da nova Biblioteca Demonstrativa prevê a ampliação de sua área construída de 1.300 m² para 1.550 m², o que vai permitir a inclusão de mais banheiros e uma nova distribuição dos espaços, com a instalação de palco para eventos, brinquedoteca, área externa para leitura, espaço de contação de histórias, acessibilidade para cegos e copa/lanchonete. Também serão construídas passagens ligando o edifício principal à área anexa, que será ampliada para receber mais acervo. Outra novidade do projeto é o uso de telhas termoacústicas, que reduzem o barulho externo e o uso de ar-condicionado.

Nosso esforço é para entregar aos brasilienses uma biblioteca mais ampla, melhor estruturada e com acervo mais diversificado e moderno. Que a professora Maria Conceição Moreira Salles seja um anjo a nos iluminar e a continuar irradiando luz e zelo para sua Casa.


(*) Sérgio Sá Leitão (Ministro de Estado da Cultura) – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google





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