Gabriela Bilá
O destino de Gabriela Bilá e o de Brasília se
entrelaçaram inteiramente. Brasília influenciou a maneira como vê e entende a
vida. A paixão pela cidade a levou a estudar arquitetura na UnB. O trabalho
final foi o Novo guia de Brasília, em que ela apresenta, amorosamente, os
principais pontos da cidade. Lançado em 2014, o livro esgotou sucessivas
edições. Gabriela mapeia as obras de arquitetura, os locais de agito, as
fruteiras e os personagens da cidade em uma linguagem pop.
Gabriela é uma brasiliense multinacional. Descobriu
a cidade nos tempos em que morou na Europa. Primeiro, ela foi estudar
arquitetura na Holanda, em 2002, quando tinha 22 anos. Em seguida, mudou-se
para Berlim. Lá fora, as pessoas tinham muita curiosidade sobre Brasília.
Então, ela resolveu escrever o guia sobre Brasília, como se mostrasse a cidade
para um amigo, imaginando o que ia indicar e mostrar.
Distante de Brasília, percebeu singularidades que
passavam despercebidas: a cidade espacial e as frutas o tempo inteiro, no Eixão
e em outros pontos. Na Europa, manga é uma fruta caríssima. Cidades como São
Paulo se aglomeram, ficam mais próximas do centro e o aproveitamento do espaço
é maior. Por outro lado, é a espacialidade que distingue Brasília e a torna uma
cidade especial.
Não é exatamente pelos prédios, mas pelo estilo de
cidade-jardim, é um conceito europeu, mas que foi usado em uma escala enorme,
como nunca se fez em nenhum lugar do mundo. Tem muito céu aberto, muitas
árvores, tem essa cara de campo por causa dos espaços livres. “Precisamos
preservar esse sítio histórico, ele não pode perder o que tem de mais
especial”, diz Gabriela: “Aqui você pode comer fruta na rua. Brasília é uma
cidade generosa, desde a sua concepção”.
As novas gerações abraçaram, assumiram plenamente e
ocuparam Brasília. Não é uma cidade na qual você encontra as pessoas na rua.
Mas as redes sociais abriram novas possibilidades de relação que a física da
cidade não permitia antes. Existe a especulação imobiliária destruindo as
cidades e há uma tendência no sentido de promover eventos gratuitos e
democráticos nos espaços públicos.
E não foi só com o guia que Gabriela revelou
Brasília. Ela tirou fotos para mostrar a riqueza de nuances de cores de
Brasília, concebeu exposições tecnológicas sobre os traçados da arquitetura da
cidade e a imaginou movida pelo teletransporte. Gabriela Bilá tem o destino
inteiramente ligado ao de Brasília. Ela acaba de se mudar para os EUA. Vai
estudar no MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma das mais
importantes instituições de tecnologias no mundo. O que a credenciou para ser
aprovada no MIT foram as pesquisas e as experimentações que desenvolveu sobre a
cidade. Ela fala a língua da tecnologia e a língua de Brasília. Tenho certeza
de que Gabriela vai brilhar também no MIT.
Vídeos
Por Severino Francisco - Foto/Vídeo/
Ilustração: Blog - YouTube - Google – Correio Braziliense