Deputado federal eleito pelo PV, Professor Israel foi o entrevistado de
ontem do programa CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília
— e disse que durante o seu mandato na Câmara dos Deputados buscará mais
incentivos para aprimorar a qualidade da educação das pessoas de baixa renda no
Distrito Federal. “É isso o que eu faço. Quem me apoiou, acredita que o filho
do pobre tem de ter a mesma oportunidade que o filho do rico para entrar na
universidade”, afirmou. De acordo com o futuro parlamentar, antes de tudo, é
preciso defender os professores. “O Brasil é o primeiro no ranking mundial de indisciplina
escolar, e o primeiro em violência escolar”, alertou.
O
que o senhor pretende fazer para melhorar a educação do DF?
Primeiro, temos de aprovar uma legislação de
proteção ao professor em âmbito nacional. Aprovamos no DF e é importante que
resgatemos o respeito ao professor. No Brasil inteiro, há ações judiciais
contra professores, movidas por pais de alunos das escolas públicas e
particulares. O Brasil é o primeiro no ranking mundial de indisciplina escolar,
e o primeiro em violência escolar. A aliança tradicional entre pais e
professores foi rompida. Os pais se colocam como advogados dos filhos nas
questões escolares, quando antes era natural que eles entendessem que o
professor, ao cuidar de 45 alunos, muitas vezes, tomasse decisões arbitrárias.
A lei de proteção ao professor é o nosso primeiro passo para que haja a
recomposição dessa aliança entre família e escola.
Em uma eleição tão atípica, como o senhor conseguiu
se eleger?
A minha eleição se deve ao engajamento das pessoas
por uma causa que elas realmente acreditam. Quem me apoiou acredita que o filho
do pobre tem de ter a mesma oportunidade que o filho do rico para entrar na
universidade ou no mercado de trabalho. Uma campanha feita com base em um
propósito bem definido faz a diferença. Todas as pessoas que conhecem o Israel,
conhecem algum projeto feito por mim.
Quais são as suas perspectivas para o Congresso
Nacional?
São boas. No momento em que se tem um Congresso
Nacional eleito com base em ideias, mesmo que radicais, você força as pessoas a
depurarem as ideias com a força que o parlamento exige. O Congresso será um
lugar para essas pessoas refletirem melhor sobre as suas ideias para que elas
cheguem a conclusões mais profundas. Essa eleição trouxe novidades. Foi boa e
especial, apesar de muitas pessoas discordarem.
Existe um perfil diferente dos deputados eleitos
para o DF. O senhor acha que serão possíveis boas conversas?
Eu preciso ouvir o que as pessoas têm a dizer e ver
o que se pode salvar disso. Estamos em um momento em que o homem público tem de
se dar ao debate e não reforçar as diferenças. Mas nosso país está tratando
política como guerra de torcidas e briga de opiniões. O problema não é ser mais
conservador ou progressista, mas radical. O radicalismo está tomando conta do
país.
Essa guerra de torcidas vai continuar?
Essa polarização vai continuar, porque o resultado
eleitoral nacional pode significar uma tentativa de início de terceiro turno,
pois a parte vencida não vai aceitar a perda. O país precisa se concentrar de
novo. O próximo passo será buscar uma convergência para costurar as feridas do
país.
Existe um componente tecnológico forte?
Sim. As pessoas se desumanizam no momento em que
estão atrás do muro da internet. Ficam mais valentes e menos propensas a
aceitar a humanidade do outro. A exposição e a propagação de fake news é um
assunto grave. Temos a normalização da mentira como um fator de engajamento político.
Não podemos manter a bipolarização. A democracia está em risco. Precisamos
escutar o que o outro tem a dizer e também que o outro nos escute. Existe razão
em todos os lados.
Como será o diálogo com o próximo governador do DF?
Eu tenho um propósito, que é a educação. E estou
certo de que qualquer um dos candidatos que vencer a eleição e tiver interesse
em debater sobre o assunto, farei isso com tranquilidade. O Legislativo e o
Executivo precisam dialogar para que possamos contribuir um com o outro. A
educação não espera. Existe uma urgência quando falamos de oportunidades para
jovens carentes.
Como representante do Partido Verde, o senhor teme
pela proposta do Jair Bolsonaro de fundir os Ministérios da Agricultura e do
Meio Ambiente?
Sim. Temo pela piora do quadro ambiental. Acho que
o país precisa garantir uma gestão ambiental moderna, sustentável e que consiga
produzir riqueza sem acabar com a legislação. Essa fusão não vai equilibrar as
forças, é apenas a suplantação de um ponto de vista. Nós precisamos de debate
que cumpra o ritmo do debate: tese, antítese e síntese. No entanto, não estamos
conseguindo chegar à síntese.
CB.Poder
– Foto: Ana Rayssa/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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