Começa a campanha Papai Noel dos Correios; saiba como adotar uma
cartinha - Nos últimos três anos, mais de 52 mil desejos foram
atendidos durante o período do projeto na capital
Nasareth Quintana também distribui cartas para o marido e o filho
presentearem os pequenos: "É importante a nossa participação"(foto:
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
“Papai Noel, eu queria pedir para o senhor um emprego para o meu pai”,
diz a carta de uma menina de 4 anos encaminhada aos Correios. O pedido da
pequena se mistura aos de outras milhares de crianças. Entre os desejos delas,
estão bonecas, bolas de futebol, equipamentos eletrônicos, patins e até mesmo
encontro com celebridades da internet. A partir de hoje, quem quiser realizar
um desses sonhos basta participar da campanha Papai Noel dos Correios e pegar
uma cartinha nos locais determinados pela empresa.
No Distrito Federal, há mais de 16 mil cartas disponíveis para os
brasilienses. Nos últimos três anos, mais de 52 mil desejos foram atendidos
durante o período do projeto na capital. Participam da campanha estudantes de
escolas da rede pública (até o 5° ano do ensino fundamental) e de instituições
parceiras da empresa, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos
socioeducativos. Além de realizar um sonho, um dos objetivos dos Correios é
incentivar a escrita por meio das cartas produzidas pelas crianças.
Kamila Siqueira adota cartas desde 2008: tradição na família - (foto:
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Em todo o país, a adoção das cartas é feita da mesma forma. As pessoas
que se disponibilizam a presentar as crianças são chamadas de padrinhos. Todo o
material é lido e selecionado por uma equipe e disponibilizado na casa do Papai
Noel e em outras unidades dos Correios. Os interessados devem comparecer às
agências e escolher um dos pedidos. Em seguida, os presentes podem ser
entregues nos pontos divulgados pela empresa, que também realiza a distribuição
no fim da campanha.
Os padrinhos não podem fazer a entrega direta dos presentes. Por isso, o
endereço da criança não é divulgado ou informado a eles. Este ano, algumas
cidades, como Belém, Goiânia e Porto Alegre adotaram o modelo on-line. No
entanto, esse tipo de apadrinhamento não foi disponibilizado no Distrito Federal.
Como a criança que pediu um emprego para o pai, há milhares de outros
desejos nas unidades dos Correios. Em uma das cartas, uma menina de 5 anos
pediu um guarda-chuva e um relógio. Ela não justificou o pedido, mas desenhou
os itens na folha de papel. Outra menina, de 11 anos, pediu ao Papai Noel para
aprender a jogar futebol. “Tenho 11 anos e quero muito saber jogar bola. Meu
primo estava me ensinando, mas a bola dele furou”, lamenta a pequena.
Karina Akimoto sempre participa da campanha e foi até voluntária - (foto:
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Ainda há aqueles que, preocupados com o período de volta às aulas do
próximo ano, pedem material escolar. “Neste momento especial de poder realizar
um sonho, é com alegria que eu gostaria de pedir um lápis de cor”, comenta um
menino de 8 anos em uma das cartas. Bicicletas, patins e skates estão entre os
preferidos da garotada.
Diferentes tons e pedidos marcam as cartinhas encaminhadas ao Bom
Velhinho. A maioria das crianças gosta de destacar como foi comportada e
obediente ao longo do ano. No entanto, algumas optaram por também expor as
travessuras. “Querido Papai Noel, eu vou ser bem sincera, sou uma menina um
pouco bagunceira. Não vou escrever muita coisa, porque já estou cansada. Tenho
11 anos de idade e, na verdade mesmo, queria um celular, mas como não pode, eu
vou pedir um copo com canudo de unicórnio ou uma mochila da Capricho”, escreveu
uma garota.
Tradição
A adoção de cartas virou rotina natalina na família da publicitária
Kamila Siqueira, 27. Ela conta que, tradicionalmente, os parentes dela realizam
uma viagem todo fim de ano para o interior de São Paulo. Porém, em 2008, quando
ela tinha 17 anos, eles não conseguiram ir. “Fiquei muito triste e acabei vendo
uma reportagem na televisão sobre a campanha e achei que seria legal para
reviver meu espírito natalino, que estava para baixo. Conversei com meus pais e
eles toparam”, lembra.
Desde então, o Papai Noel dos Correios faz parte do fim de ano da
família de Kamila. “Quando eu era adolescente, meus pais pagavam pelo presente.
Agora que eu trabalho, arco com os custos”, diz. A publicitária gostou tanto do
programa que fez trabalho voluntário no projeto em 2014. “Estava desempregava e
decidi participar. Fiz seleções de cartas e atendi pessoas que iam adotar”,
conta.
Para Kamila, o pedido mais especial que chegou a ver nas cartas foi o de
uma menina de 7 anos que pediu um pai. “Eu acho muito gratificante fazer parte
da campanha. Para mim, o Natal é uma época muito especial”, destaca.
Ontem, antes da abertura oficial da campanha, pessoas já procuravam a
Casa do Papai Noel com o objetivo de adotar cartas. A servidora pública Karina
Akimoto, 38, chegou ao local por volta das 10h e começou a olhar os pedidos das
crianças. “Participo da campanha desde 2010 e fui até voluntária”, relata.
Todo ano, Karina pega mais de uma carta, para ela e para os parentes.
“Teve um ano que eu peguei 80 e distribui no trabalho. Porém, fiquei preocupada
se todo mundo realmente ajudaria. Agora, prefiro pegar para os meus
familiares”, comenta. Entre os pedidos atendidos pela servidora, ela relata que
o mais inusitado que atendeu foi o de chocolate.
Moradora da Asa Norte, Nasareth Quintana, 53, contribui com a campanha
desde 2015. Ela conta que todos anos pega três cartinhas e distribui para o
marido e o filho. “Tem alguns pedidos que partem o coração da gente. Quando
vejo as crianças pedindo panetone, aperta muito meu peito”, afirma. Ela relata
que conheceu a ação pela televisão e que participará sempre que puder. “Essa
campanha é maravilhosa e ajuda muita gente. É importante a nossa participação.”
Por Walder Galvão - Especial para o Correio Braziliense
Tags
CAMPANHAS