Base de Ibaneis garantida na Câmara - Em entrevista ao CB.Poder, o
vice-presidente da Câmara Legislativa, Rodrigo Delmasso (PRB), disse que a
relação do governador com a Casa será de alinhamento sempre que os projetos
forem de interesse da população
*Por » Isa Stacciarini
Escolhido como vice-presidente da nova mesa diretora da Câmara
Legislativa, o deputado reeleito Rodrigo Delmasso (PRB) elogiou o novo
governador Ibaneis Rocha (MDB) pela iniciativa de captar recursos com o governo
federal. Em entrevista ao programa CB.Poder — uma parceria do Correio com a TV
Brasília — o distrital reforçou que o chefe do Executivo local conseguiu, entre
outubro e dezembro, garantir R$ 500 milhões de transferência de verbas para o
governo do Distrito Federal. Evangélico, defendeu a igreja como uma instituição
que faz parte da sociedade e disse não concordar com “ideologia de gênero nas
escolas”.
Houve algum tipo de troca de favores para a eleição do deputado Rafael
Prudente (MDB) como presidente da mesa diretora, já que ele é coligado com o
novo governador Ibaneis Rocha (MDB)?
Comigo e pelo menos com o PRB, não houve essa
conversa de troca de cargo pelo voto ao deputado Rafael Prudente (MDB).
Inclusive, na eleição da mesa, não havia nenhum representante do Executivo.
Podemos considerar que a base do governo hoje na Câmara são de 18
deputados?
De posicionamento partidário são 19 deputados,
porque o PDT se declarou da base do governo e inclusive compõe o governo com a
Secretaria da Juventude. Se somar todos da base, chega-se a 19 deputados. Se
tiver projetos que precisam ser aprofundados, serão discutidos e melhorados,
como foi feito na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), quando a base muitas
vezes discutiu melhoramento de projetos e até mesmo a oposição ajudou. Acredito
no diálogo que o governador Ibaneis vai estabelecer com o poder Legislativo.
O que indica que será diferente neste momento?
A atual composição da Câmara vem com uma renovação
muito alta. São 16 deputados de primeiro mandato, porque a parlamentar Arlete
(Sampaio, do PT) voltou a ocupar o cargo de distrital e a maioria foi eleita
com a bandeira de independência do Poder Legislativo. Fora dessas relações
promíscuas que aconteciam no passado. Se for acontecer o “toma lá da cá”, só o
decorrer do processo vai dizer, mas, pela postura que o próprio governo
estabeleceu e pela postura que os deputados colocaram, não vai acontecer isso.
Na sua opinião, qual foi o problema do ex-governador Rodrigo Rollemberg
(PSB) para perder eleição?
Ele assumiu o Distrito Federal com uma dívida enorme,
passou quatro anos para arrumar a casa, com muita competência, mas, na minha
avaliação, o governo Rollemberg errou num ponto. Faltou ele saber ouvir a todos
e não escolher a quem ouvisse. Nós levavamos impressões de como estava a
situação com a população, as demandas que poderiam mudar aquela realidade,
coisas pequenas, mas muitas vezes não eram colocadas em prática. O governador
Rollemberg tem uma característica positiva. Ele é determinado, trabalhador, mas
tem um ponto que o diferencia do Ibaneis, que é saber ouvir e acatar propostas
quando são boas.
O governador Ibaneis Rocha deve enfrentar um embate com o servidor
público? Ele tem um desafio enorme de cumprir os compromissos de campanha. Na
sua visão, ele vai ter habilidade para convencer os servidores de que os
compromissos serão cumpridos aos poucos e não de uma vez só, como todo
mundo espera?
Ele demonstrou habilidade na captação de recursos
com o governo federal. Em menos de dois meses, de outubro a dezembro, conseguiu
garantir R$ 500 milhões de transferência de recursos. O GDF não tinha essa
previsão em caixa, principalmente para áreas de custeio e social. A conta
parece ser simples, mas não é. Quando se fala que tem de dar um aumento para o
funcionalismo, o contribuinte vai pagar a conta. Então, não dá para dar
reajuste para o funcionalismo e manter programa social. Não é acabar com
programas sociais, mas encontrar outra fonte para financiar isso. Foi o que ele
fez ao buscar recursos do governo federal. Essa é a grande articulação que ele
vai ter com o governo Bolsonaro para manter esses recursos ao Distrito Federal.
A relação da religião com a política não é delicada?
A igreja é uma instituição que faz parte da
sociedade. Se fosse nocivo, a participação dos sindicatos na política também
seria nocivo, assim como a participação de entidades do terceiro setor. A
igreja faz um trabalho político a partir do momento em que ela atua na
recuperação social. Quando pega um jovem que serve de aviãozinho de um
traficante e o retorna para a sociedade são e salvo. O que não dá é para
colocar cabresto. As pessoas têm liberdade de escolha.
Há quem defenda o debate da ideologia de gênero nas escolas. Qual sua
opinião?
Ninguém é contra que o cidadão tenha direito de
fazer suas escolhas. Mas o que não dá é ensinar uma criança a fazer aquilo que
eu (professor) quero ela faça. A ter a mesma opção sexual que a minha. Para
mim, o “homossexualismo” é uma opção. Ninguém nasce homossexual. A pessoa
decide ser homossexual. Uma criança e uma adolescente só pode ter poder de
decisão com determinada idade.
Até que ponto os servidores do Distrito Federal contribuíram para a
eleição do novo governador?
O
que eles demonstraram nas urnas foi um total descontentamento com essa falta de
ser ouvidos. Independentemente do salário que o servidor receba, é inadmissível
que ele não tenha uma mesa para usar, uma cadeira para sentar e um computador
que funcione. Em qualquer lugar, tem que se ter um mínimo de estrutura e, em
alguns locais, não há condições mínimas de trabalho. As eleições foram um grito
desses trabalhadores que querem o mínimo de estrutura para servir a população.
(*) Isa Stacciarini - CB.Poder - Foto: Arthur Menescal/CB/D.A.Press - Correio Braziliense