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Entrevista: Osnei Okumoto - Secretário de Saúde do DF


Osnei Okumoto - Secretário de Saúde do DF : Descobrimos os gargalos

O secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, afirma que encontrou o setor em situação muito pior do que esperado. Segundo o titular da pasta, 40% de insumos e medicamentos estavam em falta na primeira semana de janeiro. Ele diz ainda haver indícios de irregularidades em ações de gestões anteriores — que serão investigados pela Corregedoria-Geral do DF. Okumoto defendeu também a ampliação do modelo de gestão do Instituto Hospital de Base para seis UPAs e o Hospital Regional de Santa Maria, aprovado pela Câmara Legislativa. As declarações foram feitas ontem, em entrevista ao programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília. Confira os principais trechos da entrevista.

O prazo de 10 dias para a implementação do novo instituto será cumprido?
Pretendemos atender esse prazo. Há a necessidade de algumas adequações de documentos, principalmente na questão do decreto que regulamenta essa nova lei. Depois, teremos que aprovar o estatuto dentro do conselho de administração do instituto. Mas já estamos bastante adiantados nos estudos.

Na prática, qual a diferença desse modelo de gestão?
Principalmente na contratação. Existem especialidades que não temos no concurso. Por exemplo: já foram chamados 200 anestesistas, mas só 75 se apresentaram. Temos um deficit e isso pode ser resolvido com esse modelo

O governador tentou até o último momento incluir o Hospital  de Taguatinga na  lista do instituto, mas não conseguiu. Quais os planos agora para o HRT?
Seguiremos o modelo normal. É um hospital muito grande, que tem muitas especialidades e atende toda aquela região. Nos trabalharemos em cima da Lei nº 8.666, que é a legislação para aquisição, e também no modelo de concursos. Então, há uma certa morosidade nesse ponto e teremos que fazer uma previsão de concursos e aquisições. 

Quais as melhorias nos hospitais com a gestão tradicional?
Estamos com um decreto de emergência. Com ele, vamos poder fazer um trabalho mais apurado em relação a aquisições, contratos de manutenção. Vamos melhorar o atendimento, dar possibilidade para que os profissionais possam atender melhor a população. Hoje encontramos uma dificuldade muito grande na estrutura. Temos em torno de mil leitos fechados, temos centros cirúrgicos com salas bloqueadas.

Qual quadro encontrou?
Encontramos problemas grandes em pagamento de serviços já prestados. O governador pediu que fizéssemos o levantamento e pagasse essas dívidas para que não houvesse paralisação no fornecimento de serviços e de bens. Isso nos deixou apreensivos. Havia falta de 40% de insumos e medicamentos, os quais estamos tentando regularizar agora.

Há recursos para  tudo?
A princípio, estamos trabalhando com o dinheiro disponível no Orçamento. Algumas habilitações com o governo federal não existem. Estamos colocando a situação das UPAs, por exemplo, em ordem para receber dinheiro do Ministério da Saúde. São clínicas específicas para as quais a gente precisa trazer recursos. 

Durante a campanha, houve muitas críticas, ao Instituto Hospital de Base. A que o senhor atribui essa resistência?
O governador Ibaneis fez vários questionamentos e eles não foram respondidos no prazo das eleições, o que gerou essa dúvida. Quando chegamos, meus primeiros dias foram praticamente todos dentro do instituto; então, a gente viu o funcionamento e entendeu que era o modelo para poder resgatar a saúde no DF. Houve informações incorretas, como a ideia de que haveria extinção de cargos.

Qual o prazo para resolver o problema da Saúde no DF?
Estamos trabalhando para que seja o mais rápido possível. Descobrimos os gargalos. Precisamos resolver as questões de dificuldades de exames, de medicamento e de tratamento. Não adianta dar acesso, se depois você não consegue, por exemplo, fazer exames e ele fica internado aguardando isso. Espero que no prazo restante do decreto, de 180 dias, a gente consiga uma mudança significativa. Estamos trabalhando para que a fila de cirurgias seja diminuída, isso é prioridade do governador.

Qual o plano para melhorar a atenção básica?
Temos portarias importantes, que podem ser melhor realizadas, para que as pessoas possam receber atendimento melhor na atenção primária. Um sistema informatizado dentro da secretaria de Saúde vai ajudar muito. Com um app no celular, a pessoas vai poder marcar consulta, agendar exames e receber tudo isso via internet.

Historicamente, a Saúde é uma área foco de  corrupção. Como o senhor vai evitar isso?
É muito assustador. A gente está trabalhando com o corregedor, que nos apresentou várias irregularidades. Todos esses casos estão sendo avaliados para que sejam colocados à tona e as pessoas envolvidas, responsabilizadas.

Houve corrupção no governo anterior, então?
São vários governos que se passaram e esses atos em que há dúvidas deverão ser analisados pelas pessoas competentes. 

Dá para reduzir os contratos de emergência na Saúde?
Mais de 600 processos foram emergenciais no ano passado. Em 30 dias, a gente observou que as coisas têm certa dificuldade de andar na maneira como a legislação permite. Como não andam, vai se extinguindo nosso tempo e aí há a necessidade de compras emergenciais. Isso me preocupa, porque a responsabilidade posterior é minha, como secretário. 

Como será o controle de entrada e de saída dos servidores dos hospitais e a permanência deles?
O sistema de informatização dá possibilidade de observar quantas pessoas chegaram e quantas foram atendidas. Trabalhar em cima de metas é muito importante. A pessoa a que atende terá de demonstrar serviço por meio do sistema.

CB.Poder – Foto: Ana Rayssa/CB/D.A.Press – Correio Braziliense


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