Entrega com bikes em alta - Alternativa às tradicionais entregas em motos, delivery por meio
de bicicletas é cada vez mais comum. Farmácias, restaurantes e supermercados
estão entre os serviços que optam por usar o meio de transporte para levar os
produtos aos clientes
*Por Jéssica Eufrásio
Meio sustentável para o lazer e para o transporte do dia a dia, as
bicicletas se consolidam, agora, em um novo setor: o serviço de entregas. Com
novas empresas na briga para dar praticidade aos consumidores, os aplicativos
de delivery para refeições, produtos de supermercado e até presentes ou itens
pessoais virou uma saída para quem busca maneiras de garantir os rendimentos do
mês
Genivaldo Pereira entrou nesse grupo de trabalhadores este mês. Com a própria bicicleta, entrega alimentos no Plano Piloto
Para entrar no sistema, basta ter o meio de locomoção. Em alguns pontos
do Distrito Federal, tem sido comum encontrar ciclistas com mochilas quadradas
nas costas com a marca de alguma das três principais empresas que atuam na
cidade.
O número de entregadores que atuam com bikes cresce a cada dia, segundo
sindicatos de trabalhadores em farmácias, drogarias, perfumarias e similares
(Sintrafarma-DF) e de motociclistas profissionais, autônomos e ciclistas
(Sindimoto-DF).
Duas das três empresas de entrega de alimentos mais populares desse
setor — segundo as taxas de download das lojas de aplicativos — não quiseram
informar a quantidade de trabalhadores cadastrados em cada uma delas. Uma das
três companhias não deu retorno à reportagem. Nenhum dos dois sindicatos
consultados pelo Correio têm, até o momento, números precisos sobre quem atua
na área, mas os representantes deles reconhecem que a força dos aplicativos de
entregas contribui com o aumento da quantidade desses trabalhadores.
Morador do Guará 2, Genivaldo Pereira, 23 anos, entrou nesse nicho há
pouco mais de duas semanas. Com a própria bicicleta, ele entrega alimentos na
região central de Brasília. A opção pela atividade uniu a necessidade
financeira à vontade de deixar o sedentarismo. “Estou até melhorando minha
resistência. No Plano Piloto, há ciclovias de boa qualidade. Só é um pouco
cansativo devido a algumas distâncias e subidas”, comentou o entregador.
Para fazer parte do sistema, é preciso se cadastrar em um dos
aplicativos disponíveis e ter uma bicicleta. As entregas de pedidos são
direcionadas aos ciclistas mais próximos, que, nos casos de alguns aplicativos,
terão de respeitar o tempo de entrega do pedido. Em uma ocasião, Genivaldo
chegou a pedalar 5,5km, da Asa Sul ao Lago Sul. Apesar disso, ele relata que
não tem do que reclamar e que os retornos financeiros têm sido bons quando as
taxas extras cobradas dos clientes — as tarifas dinâmicas — estão em alta. “Dá
para ganhar bem, mas só quando elas estão boas, pois a aplicação multiplica a
taxa pelo valor da entrega”, explicou.
Ponderações
Estudante de medicina veterinária na Universidade de Brasília (UnB),
Talyta Agatha Pinheiro, 21, trabalha de bike em Águas Claras há pouco mais de
um mês. Ela também considera a atividade positiva para combater o sedentarismo,
mas, do ponto de vista financeiro, avalia que os lucros não são muito altos.
“Não pagam o tanto que deveriam, mas gosto da profissão. O mínimo que recebo é
R$ 5,90 por entrega. Quando passa de 1km, pagam R$ 1 a mais por cada trecho a
mais”, detalhou.
A universitária é moradora de Vicente Pires e relata que nem sempre
prefere entregar por lá devido à distância do trajeto. “Alguns aplicativos
pagam menos e nos mandam para mais longe. Domingo é um bom dia para se
entregar. E, sobre o tempo para entrega, não há muita cobrança. Mas os clientes
podem cancelar se demorar muito”. Talyta acrescentou que, na área onde atua,
não costuma enfrentar riscos no trânsito. Entretanto, ela se recorda de
ocasiões em que motociclistas invadiram a ciclofaixa e atrapalharam o percurso
dela e de uma amiga. “Minha amiga quase foi atropelada uma vez.”
(*) Jéssica Eufrásio – Fotos: (foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A
Press) – Correio Braziliense