Edison Garcia - Presidente da CEB - (Vamos levar a companhia a um futuro promissor)
Quais são as principais medidas do plano de negócios para melhorias financeiras e como ele impacta a população?
A CEB possui um endividamento elevado. Mas estamos trabalhando em um plano de negócios para reequacionar a dívida e, em um curto espaço de tempo, aumentar a receita e reduzir perdas. Vamos levar a CEB a um futuro promissor.
Como isso será feito?
A CEB distribuição tem corpo técnico dedicado, está em área geográfica especial, tem 1,1 milhão de clientes, com a maior renda de consumo do país, além de uma estrutura de ativos regulatórios positivo. Temos certeza de que, com a força de Brasília e com o trabalho que a gente vem desenvolvendo, vamos dar à CEB um futuro próspero.
Há bastante reclamações de moradores sobre interrupções no fornecimento de energia durante a chuva. Como melhorar os serviços da empresa?
O que aconteceu no domingo, na Asa Norte, e na segunda-feira, no Gama, foram movimentos atípicos. A CEB está preparada, dentro de seus planos emergenciais, para dar atenção a isso e corrigir os problemas. Temos equipe e estratégias que identificam corte de energia e acidentes. A equipe vai ao local, retira as árvores e reconecta os cabos. Porém, há perda de capacidade de atendimento quando há gatos pendurados nas redes de fornecimento normal. Se há planejamento regular e perda de energia por conexões clandestinas que abastecem outras comunidades, é natural que haja sobrecarga da rede e quedas.
Quais regiões são mais afetadas pelos gatos na rede?
São Sebastião tem uma grande concentração de ligações clandestinas. E temos no DF uma série de ocupações irregulares onde a gente tem dificuldade de fazer ligações. Queremos discutir esse ponto com as autoridades, com o Ministério Público, com autoridades regulatórias, para tentar regularizar a conexão de caráter precário. Os bairros estão consolidados, não foram regularizados, e não temos condição técnica e legal de fazer uma ligação. Às vezes, a comunidade quer pagar energia, quer ter a cidadania, quer ter conta de luz para apresentar em alguma instituição.
E que perdas essas ligações clandestinas geram?
A gente compra energia na CEB, ela é fornecida e não temos como arrecadar porque não há medição. Estimamos, em 2018, perdas que somam R$ 200 milhões. As comunidades têm fornecimento e não temos como cobrar. Temos recebido visita de comunidades que querem energia de qualidade e temos dificuldade diante de interpretações de que companhia não pode fazer ligação de luz em área não regularizada.
Há novas previsões de reajustes de tarifa este ano?
É preciso deixar claro: a situação da dívida da companhia não tem nenhuma correlação com a tarifa de luz. A CEB não tem autonomia em definir a sua tarifa, quem define é a Aneel, agência que regula todos os procedimentos da CEB. O sistema de revisão tarifária se dá a cada cinco anos e, anualmente, há correção da inflação. A última revisão foi em 2016.
Este ano, com as chuvas, pode ser que continuemos com a bandeira verde?
É importante saber que apenas 14% da conta de luz se destina à CEB. O custo da energia é 40% e a transmissão dela, 6%. Ou seja, 60% da conta é geração e transporte. O resto é tributo e reserva técnica. Hoje, a CEB não recebe cerca de R$ 400 milhões de venda de energia para consumidores, de empresas que deixaram de pagar porque foram à falência. Estamos estudando como recuperar essa energia não recebida. As pessoas acham que a Companhia pode deixar de cobrar luz e dar energia de graça, o que torna difícil de ter uma companhia lucrativa.
Como está hoje o uso do Lago Paranoá para uso de energia da CEB?
A CEB Geração detém a concessão da barragem e tem capacidade de gerar 30 Mega de energia. Não tenho registro de que o sistema da Caesb de retirada de água para captação tenha influenciado em algum efeito da barragem.
Como está a segurança da barragem hoje? Após o acidente em Brumadinho, houve receios de rompimento.
Temos tranquilidade quanto à estrutura física da barragem e novos estudos estão sendo feitos. Há um laudo feito em 2017 e que, após a tragédia de Brumadinho, foi revisado, confirmando que ela é segura.
Quando será concluído o projeto de iluminação de LED na cidade?
Com a Secretaria de Obras, estamos fazendo um programa, para os próximos quatro anos, de iluminação pública. O principal objetivo é trazer segurança à população. Analisamos o mapa da violência e identificamos alguns locais, como porta de hospitais e escolas noturnas. São locais que a comunidade frequenta e que podem ter mais segurança. O projeto de iluminação de LED prevê substituir a iluminação da cidade inteira. Já são 300 mil pontos. Hoje, com iluminação pública, gastamos R$ 140 milhões. Essa nova fonte de energia deve reduzir o custo para cerca de R$ 50 milhões por ano.
Como está o investimento da empresa em relação a novas fontes de energia?
Utilizamos o Programa de Eficiência Energética e de Pesquisa e Desenvolvimento para esses estudos. A CEB, a Secretaria do Meio Ambiente, o SLU e a UnB fazem hoje uma pesquisa de resíduo sólido para geração de energia. O Lixão da Estrutural é fonte dessa pesquisa. Nele, temos uso de resíduos sólidos e energia fotovoltaica como alternativas para geração de energia. Temos condição de ter no DF o uso de 100% dos resíduos sólidos para geração de energia. É um estudo bem adiantado. Queremos que Brasília seja exemplo na utilização de resíduo sólido para geração de energia.
Que outras iniciativas estão em análise?
Também fizemos estudo para incentivar empresários que queiram investir na geração, por meio de placas fotovoltaicas que se conectam na rede de distribuição da CEB. Temos incentivo de residências que instalaram placas que geram energia de dia, fornecem à CEB e compensam com consumo à noite. Já temos 1.387 autorizados e 897 residências com esse consumo sendo feito.
E o projeto de gerar energia a partir da queima de podas de árvores?
Esse estudo começou no fim do ano passado. Hoje, essa poda é estocada nos canteiros da Novacap e é leiloada. O estudo é para usar a madeira dos galhos das árvores. Após ser processada e triturada, pode servir para ser queimada e gerar energia. Pelo histórico de poda da Novacap, é possível fazer uma pequena usina e gerar 5 Mega. Isso é metade do que a barragem do Paranoá gera hoje.
Helena Mader - Rosana Hessel - Foto: Arthur Menescal/CB/D.A.Press - CB.Poder - Correio Braziliense
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